terça-feira, 9 de dezembro de 2014

"O PMDB paga uma conta alta", diz Romero Jucá

• Ele critica a relação do Planalto com o PMDB e declara que, se a escolha da senadora Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura foi na cota partidária, a legenda deveria ser consultada

Denise Rothenburg, Andre Shalders - Correio Braziliense

Líder dos governos Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma Rousseff, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) afirmou ao Correio que relatou a mudança na regra de superavit primário para fazer “um bem ao Brasil, não à presidente”. Reconhece que o governo errou ao não cumprir a meta de superavit prevista na Lei de Diretrizes Orçamentárias, mas que, ao menos, conseguiu manter os empregos no país durante a crise econômica mundial. Jucá não vê incoerência em relatar projeto favorável ao governo e ter votado em Aécio Neves na corrida presidencial deste ano. “Votaria de novo em Aécio Neves”, garantiu. Ele critica a relação do Planalto com o PMDB e declara que, se a escolha da senadora Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura foi na cota partidária, a legenda deveria ser consultada.

Se o governo não conseguir terminar de votar a mudança na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) corre o risco de ser processado por irresponsabilidade fiscal?
Não foi bom o governo não fazer o superavit que estimou na LDO de 2014. Essa é uma verdade inquestionável. Agora, o governo fez isso porque mirou a tentativa de turbinar o crescimento e manter o nível de empregos. O governo foi vencedor na busca da manutenção do nível de emprego, tanto que estamos com o menor nível de desemprego da história. Mas não conseguiu ampliar o nível de crescimento.

Está em risco a manutenção do grau de investimento do país…
Quanto a isso, não há dúvida. Se a gente não aprova agora essa mudança, além de uma instabilidade momentânea financeira de não cumprir o superavit, teríamos uma instabilidade política para a frente. Acho que isso é pior para uma leitura de investment grade (grau de investimento).

O senhor votou no senador Aécio Neves, fez campanha para ele. De repente, torna-se relator dessa mudança na LDO e vira o maior defensor do governo. Há uma diferença entre o Jucá da campanha e o de agora?
Não há diferença nenhuma. Fui líder do presidente Fernando Henrique, do presidente Lula, da presidenta Dilma. Saí da liderança, não apoiei a presidenta Dilma nessa eleição. Apoiei Aécio Neves exatamente porque o governo tinha, de certa forma, dado uma guinada na economia que era prejudicial ao país. Por que estou relatando essa matéria? Não é para o governo. É para o país, quero o equilíbrio da economia do Brasil. Não mudei minha posição, votaria de novo em Aécio Neves.

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