sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Ministério Público denuncia 36 investigados na Operação Lava Jato

• Entre os denunciados estão o ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa, o doleiro Alberto Youssef, além de 22 funcionários e executivos ligados a empreiteiras; desvios chegam a R$ 1 bi

Ricardo Brandt, Fausto Macedo e José Roberto Castro - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - O Ministério Público Federal anunciou nesta quinta-feira, 11, a denúncia contra 36 pessoas por ligação em um esquema de desvios envolvendo contratos da Petrobrás, investigadas na Operação Lava Jato. Estão entre eles o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, o doleiro Alberto Youssef, além de 22 pessoas ligadas a empreiteiras. O MPF estima que os desvios cheguem a R$ 1 bilhão.

São citadas na denúncia a OAS, Camargo Corrêa, UTC, Mendes Jr., Engevix e Galvão Engenharia, todas alvo da sétima etapa da Lava Jato. De acordo com o procurador, foram identificados 154 atos de corrupção e 105 atos de lavagem de dinheiro.

"A Petrobrás é vítima deste esquema", disse procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa do Ministério Público Federal (MPF) encarregada da Operação Lava Jato. O MPF está oferecendo denúncia por corrupção, formação de organização criminosa e lavagem de dinheiro. Dallagnol dividiu o esquema em três núcleos: empreiteiras, funcionários públicos e operadores financeiros, a quem chamou de "profissionais em lavagem de dinheiro".

Os operadores eram os responsáveis por fazer a intermediação entre os corruptores, as empreiteiras, e os funcionários da Petrobrás alvos de suborno, de acordo com o procurador. "Para que o cartel pudesse funcionar e maximizar o lucro de forma abusiva, era preciso cooptar os agentes públicos", disse.

Dallagnol citou as empreiteiras OAS, Camargo Corrêa, UTC, Engevix e Galvão Engenharia e disse que está numa "guerra contra a impunidade e a corrupção". O procurador fez menção ainda à falta de recursos para a população que "clama por saúde, educação e saneamento básico".

Ele disse que os funcionários recebiam dinheiro das empreiteiras por intermédio dos operadores financeiros, responsáveis por garantir que os acordos entre as partes fossem cumpridos. Dallagnol disse que funcionários de alto escalão na Petrobrás eram responsáveis por vazamento de informações sigilosas da licitação e por acelerar o processo de contratação de obras.

Sem "acordão". O procurador disse que as investigações não serão interrompidas e que "rejeita e rechaça" qualquer tentativa de blindagem das empresas. "Não existe a possibilidade de 'acordão' para o MPF", afirmou Dallagnol.

Segundo ele, há indícios de que empreiteiras denunciadas estão envolvidas em outros casos de corrupção e que elas apresentaram à Justiça diversos documentos falsos. "Empresas corruptoras precisam ser punidas de forma firme para que não o façam novamente", reforçou o procurador, que defende a prisão dos envolvidos.

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