segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Dilma busca apoio para mudar LDO

• Rebelião na base impôs derrota em votação sobre mudança na LDO

Isabel Braga, Cristiane Jungblut – O Globo

BRASÍLIA - Numa tentativa de reabrir o diálogo com o Legislativo, a presidente Dilma Rousseff se reúne hoje com líderes aliados na Câmara e no Senado. A presidente fará um apelo para a votação do projeto de lei que altera a meta de resultado fiscal deste ano, da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2015 e do orçamento para o próximo ano. Será a primeira reunião com os líderes este ano e acontece em meio a problemas políticos enfrentados por Dilma no Congresso. Segundo interlocutores do Palácio do Planalto, a presidente quer falar e ouvir seus líderes, retomando o diálogo com o Congresso como prometeu após ser reeleita.

Na semana passada, o governo tentou votar o projeto que altera a meta fiscal, abrindo espaço para o governo registrar até déficit, e permite o descumprimento da LDO de 2014, mas enfrentou rebelião na base aliada, que se ausentou e derrubou a sessão do Congresso Nacional. Líderes aliados afirmam que a sinalização de Dilma para a retomada do diálogo poderá ajudar na votação da proposta esta semana. O líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), destacou que esta será a primeira reunião da presidente com a base este ano e lembrou que, em 2013, quando Dilma chamou os partidos aliados, as votações fluíram.

- Claro que pode ajudar. É o retorno ao modelo que ela adotou em 2013 e facilitou as votações. Provavelmente ajudará agora - disse Cunha.

Relator do projeto que muda a meta, alterando a LDO de 2014, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) afirmou que o problema é político e que a abertura do diálogo é fundamental:

- Pacifica o clima com a base. O silêncio dela cria esse tipo de situação. Esta semana é para juntar os partidos, uniformizar o discurso, dar segurança para que os partidos se insiram no projeto do governo reeleito. A presidente estava distante.

Emendas parlamentares
O parecer de Jucá, que será novamente pautado na sessão do Congresso Nacional marcada para amanhã, abre espaço para o governo ter até mesmo um déficit fiscal este ano, permitindo o abatimento de todos os gastos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e das desonerações da meta. O governo já disse que vai abater R$ 106 bilhões, fazendo um superávit de R$ 10,1 bilhões, contra os R$ 116,1 bilhões fixados na LDO de 2014.

Outros líderes aliados também criticam a falta de diálogo de Dilma com sua base aliada.

- A presidente chamou, vamos ver o que ela quer. Se me pedirem para falar, vou dizer que o governo tem que ser mais político, conversar com os políticos, não só dar tarefas aos políticos - afirmou o líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO).

Além das votações nesta reta final da legislatura, Dilma deverá tratar também sobre o empenho de emendas parlamentares do orçamento impositivo. Outro tema que pode ser abordado é a tramitação do Orçamento da União de 2015, proposta inflada dentro da Comissão Mista de Orçamento (CMO) em R$ 21,7 bilhões, na nova previsão de receitas.

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