segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Rede será transformada em partido até março de 2015

• Com a criação oficial da legenda, Marina deixa o PSB na mesma data

Catarina Alencastro – O Globo

BRASÍLIA - A Rede Sustentabilidade, idealizada por Marina Silva, pretende transformar-se oficialmente em partido até março do ano que vem. A Comissão Executiva Nacional da futura legenda, que reuniu-se durante o fim de semana em Brasília, informou, em entrevista coletiva em Brasília, que ainda precisa coletar e validar cerca de 32 mil das 484,5 mil assinaturas de que precisa para ter seu registro oficializado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Marina deve deixar o PSB até março do ano que vem, quando a Rede estiver oficializada.

Em outubro de 2013, a Rede teve o registro de criação do partido negado pelo TSE por não ter obtido o número mínimo de assinaturas para sua constituição. Na época, eram necessárias 492 mil assinaturas para validar a legenda pela qual Marina pretendia concorrer à Presidência, o que correspondia, naquele ano, a 0,5% da soma dos votos dados aos deputados federais na última eleição, que tinha sido em 2010. A Justiça Eleitoral validou 442.534, 49.466 a menos que o necessário. Isso obrigou Marina e aliados a migrarem às pressas para outro partido a tempo de disputar as eleições deste ano, e o escolhido na época foi o PSB.

Oposição independente
Segundo integrantes da Rede, a legenda terá perfil de oposição independente, uma posição muito semelhante à que o PSB também pretende assumir. A Rede vai permanecer ligada à legenda do falecido Eduardo Campos até que consiga se viabilizar junto ao TSE.

A Comissão Executiva Nacional também decidiu que fará oposição independente ao governo Dilma Rousseff. O objetivo é criticar o que considera ruim e apoiar o que acha ser bom para o país.

- Avaliamos as questões no mérito. Por isso, seremos oposição independente para podermos assumir posições contrárias àquilo que julgamos que será ruim para o país, e posições favoráveis ao que for bom para o país - emendou Marina.

O porta-voz da Rede, Walter Feldman, disse estar preocupado com a "dramática crise econômica" e prometeu fiscalizar os desvios éticos, especialmente com relação à Petrobras.

- (Estamos) Extremamente preocupados com os caminhos que o Brasil vai tomar do ponto de vista econômico-político, e as medidas que são necessárias, que terão eficaz oposição e fiscalização em relação a fatos graves que a imprensa tem veiculado todos os dias, notadamente em relação à corrupção, aos graves desvios éticos, particularmente em relação à Petrobras - disse o ex-coordenador da campanha de Marina na coletiva.

Nas discussões internas, integrantes da Executiva da Rede fizeram um balanço sobre o capital eleitoral que obtiveram no último pleito e eventuais participações em governos estaduais. Pedro Ivo, um dos fundadores do grupo, lembrou que a Rede elegeu seis deputados estaduais, dois federais e um senador, todos filiados a partidos aliados. Ele preferiu não citar os nomes, alegando que não cobrará adesão ao novo partido, quando ele for criado.

Dilema de apoio a governos
A portas fechadas, a Executiva discutiu que só integraria governos que apoiou no primeiro turno. Entre esses, venceram as eleições Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), José Ivo Sartori (PMDB-RS) e Paulo Câmara (PSB-PE). O debate passou pelo dilema de apoiar um governo do PSDB, como o do Pará, e depois ter que explicar para os eleitores que a Rede não é um braço auxiliar dos tucanos.

Assim como fez no segundo turno, quando impôs condições programáticas para apoiar o tucano Aécio Neves contra Dilma, no plano estadual a participação em governos também terá de obedecer a tais critérios.

- Não podemos nos enfraquecer como terceira via. Mas também não podemos nos tornar um PSOL da sustentabilidade e nos isolarmos - disse um participante. ( Colaborou Simone Iglesias )

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