terça-feira, 11 de novembro de 2014

Oposição pressiona por convocações

Thiago Resende – Valor Econômico

BRASÍLIA - Parlamentares da oposição vão pressionar para que a CPI mista que investiga um suposto esquema de corrupção na Petrobras convoque pessoas que foram "blindadas" na semana passada por acordo político. Um bloco que pode ser formado por, pelo menos, três partidos - PSDB, PPS, Solidariedade - deve analisar quais pedidos de depoimentos serão prioritários. Apesar dessa insistência, parlamentares concordam que uma nova CPI da estatal será necessária em 2015.

"A CPI da Petrobras vem tendo todo o tipo de obstáculo porque o próprio governo não deixa quebrar o sigilo bancário de empresas, por exemplo, e, com isso, não encontramos documentação necessária para avançar na investigação das empreiteiras envolvidas no esquema", disse o líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR).

Bueno defende a convocação do ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque, do ex-presidente da Transpetro Sergio Machado e do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.

Além desses nomes, o deputado Fernando Francischini (SD-PR) também afirmou ser necessário o depoimento da senadora e ex-ministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann. No entanto, ele quer se reunir com integrantes do partido e de outras legendas para "firmar um entendimento".

Na semana passada, o Valor informou que a campanha de Gleisi ao Senado em 2010 recebeu R$ 1 milhão com origem do suposto esquema de corrupção, pagamentos de propinas a agentes políticos de PT, PMDB e PP e cartelização de empreiteiras, de acordo com o doleiro Alberto Youssef, principal alvo da operação Lava-Jato.

Ainda na semana passada, a CPI fechou o acordo e decidiu não convocar integrantes do governo, como Gleisi, e o ministro da Fazenda e presidente do conselho de administração da estatal, Guido Mantega, além de Vaccari.

Essa decisão irritou o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e quase gerou uma crise no partido. Em nota, Aécio, presidente nacional do partido, desautorizou o entendimento e anunciou apoio a nova CPI mista em 2015, para continuar as investigações.

Francischini é também favorável a uma nova edição da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) no próximo ano. Ele vai apresentar hoje essa ideia à reunião da executiva nacional do Solidariedade para que a posição passe a ser do partido.

Tanto o presidente da atual CPI, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), quanto o relator, deputado Marco Maia (PT-RS), são da base governista. Procurados, eles não retornaram as ligações.

Hoje à tarde haverá mais uma reunião da CPI. Dessa vez, está previsto o depoimento do gerente de contratos da Petrobras, Edmar Diniz de Figueiredo.

Isso atende um pedido feito por parlamentares citando reportagens publicadas pela imprensa em que a empresa SBM Offshore, que aluga plataformas flutuantes a companhias petrolíferas, supostamente pagaria 3% do contrato fechado com a Petrobras ao representante da companhia no Brasil que, então, repassaria 2% para funcionários da estatal. A SBM Offshore teria destinado US$ 139,1 milhões entre 2007 e 2011 para esses agentes.

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