quarta-feira, 22 de outubro de 2014

'Sou o próximo presidente se a diferença for essa', diz Aécio

• Tucano minimiza resultado de pesquisa e lembra "erros grosseiros" de institutos

Silvia Amorim – O Globo

CAMPO GRANDE - O candidato à Presidência da República pelo PSDB, Aécio Neves, questionou ontem o grau de confiança das pesquisas eleitorais, após levantamento do Instituto Datafolha ter mostrado o tucano, pela primeira vez no segundo turno, atrás da presidente Dilma Rousseff (PT). Aécio disse não acreditar nos números apresentados porque os institutos cometeram "erros grosseiros" nesta eleição.

A perda da liderança na disputa, embora ambos ainda estejam empatados tecnicamente - a pesquisa Datafolha de anteontem mostrou Dilma com 46% das intenções de voto e Aécio com 43% - pautou a visita do tucano a Campo Grande (MS). Aécio chegou a ironizar o resultado em entrevista.

- Pelo que vimos no primeiro turno, essa pesquisa do Datafolha já está me dando como eleito. Sou o próximo presidente da República se a diferença (entre ele e Dilma) for essa - afirmou.

Aécio se amparou na diferença verificada no primeiro turno, quando a última sondagem, feita na véspera da votação, indicava que ele tinha 26%, enquanto ele chegou ao primeiro turno com 33,55%.
Apesar do assédio da imprensa, o candidato disse que não vai se abalar com levantamentos divulgados na reta final e falou em "erros grosseiros" dos institutos de pesquisa.

- Em todas as nossas pesquisas, estamos com margem enorme e muito maior do que essa sobre a candidata. Se eu me abalasse com pesquisas, certamente não teria tido o resultado que tive no primeiro turno. Os institutos estão devendo explicações aos brasileiros desde o primeiro turno. Cometeram erros grosseiros.

Aécio voltou a ser questionado sobre denúncias de envolvimento de outros correligionários do PSDB no escândalo da Petrobras.

- Eu já disse que tudo tem que ser investigado. Se cometeu ilicitude, tem que pagar por ela - disse ele, acusando ainda o PT de "impedir as investigações e transformar culpados em heróis".

Em discurso para lideranças políticas na capital sul-mato-grossense, onde PT e PSDB disputam o segundo turno para o governo local, o presidenciável voltou a acusar o partido de promover "baixarias" e disse não ter "medo":

- Comigo, não. Não tenho medo do PT.

Foi a terceira vez nesta eleição que Aécio esteve em Mato Grosso do Sul. No Centro-Oeste, o Datafolha apontou uma queda de nove pontos nas intenções de voto do tucano nos últimos quatro dias (de 57% para 48%). A região era onde Aécio tinha sua melhor performance no país. Ele continua na liderança, mas a vantagem em relação a Dilma caiu de 24 para nove pontos.

A equipe de estratégia da campanha tucana recebeu a pesquisa como um sinal de alerta, mas ainda bastante cética em relação à queda de Aécio. A perda de espaço entre os eleitores da classe C (com renda de dois a cinco salários mínimos) levou a coordenação a avaliar a necessidade de reforçar o discurso com esse segmento. Por enquanto, pouco muda no tom adotado nos últimos dias no horário eleitoral.

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