domingo, 12 de outubro de 2014

Marina deve anunciar neste domingo apoio à candidatura de tucano

• Documento lançado por Aécio foi considerado 'um avanço' pela Rede

Tiago Dantas, Tatiana Farah e Simone Iglesias – O Globo

SÃO PAULO - Embora cercado de suspense, o apoio da candidata derrotada Marina Silva (PSB) a Aécio Neves (PSDB) deve ser anunciado neste domingo em um pronunciamento da ex-ministra em São Paulo. Fontes próximas a Marina, que esteve reunida com seu grupo político, a Rede Sustentabilidade, afirmaram que a ex-ministra considerou "satisfatório" o gesto de Aécio de divulgar um documento no qual assume compromissos da plataforma da Rede, condição imposta por Marina para apoiá-lo no segundo turno.

O coordenador-geral da campanha de Marina, Walter Feldman, considerou o documento de Aécio um "avanço".

Um dos pontos mais importantes, segundo o deputado Alfredo Sirkis (PSB-RJ), é o que trata da demarcação de terras indígenas. No texto divulgado hoje, Aécio diz que o governo da presidente Dilma Rousseff (PT) "tem sido negligente" e afirma que vai se posicionar pela manutenção da prerrogativa do Poder Executivo de demarcar as terras indígenas, o que já é assegurado pela Constituição Federal.

Outros pontos considerados essenciais para Marina foram a manutenção da política social e o avanço na política de sustentabilidade.

Embora Marina tenha se posicionado firmemente contra a redução da maioridade penal, hoje seus aliados afirmavam que esse ponto não era inegociável.

- Não vejo divergências reais em torno dessa questão - disse Sirkis.

No texto, Aécio não diz se, em um eventual governo, vai reduzir ou garantir a maioridade a partir dos 18 anos, mas fala que vai "convocar a sociedade brasileira a debater soluções generosas" para a juventude e "evitar que os problemas sejam encarados apenas sob a ótica da punição".

Adesão a Aécio divide políticos da Rede
Políticos ligados à Rede passaram a última semana debatendo se oferecer apoio a um candidato à Presidência no segundo turno está dentro do programa do grupo, que tenta combater a polarização entre PT e PSDB. Algumas pessoas dentro do partido acham que seria melhor manter a neutralidade, segundo interlocutores.

-A Rede é uma proposta de nova política, mas o segundo turno leva necessariamente a uma polarização. Tentamos ser uma terceira via a essa polarização; não deu certo. E como o partido fica neste segundo turno? — disse Feldman, após reunião no apartamento de Marina em São Paulo.

Segundo Feldman, apesar das opiniões divergentes, a possibilidade de apoiar Aécio não provocou crise dentro do partido:

- Não há crise. Alguns acham que deve continuar batalhando a despolarização e não participar (do segundo turno). Outros acham que, dada a dramaticidade da desconstrução democrática e do retrocesso ambiental, social e econômico do governo Dilma, você não tem muita escolha a não ser tomar uma opção.

Em 2010, quando disputou a eleição presidencial pelo PV, Marina não anunciou apoio a nenhum dos dois candidatos que disputavam o segundo turno: Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB).

Ao lado de outros políticos próximos a Marina, Feldman passou a tarde discutindo com a ex-ministra como seria o pronunciamento programado para a manhã de hoje. Dizendo que não poderia falar em nome de todos, o ex-deputado afirmou que os compromissos assumidos pelo tucano são “substanciais”:

- Não dá para se imaginar que o programa do Aécio seja o mesmo que o da Marina ou da Rede, mas, na minha avaliação, é uma carta-compromisso de forte cunho social. Foram garantidas questões da democracia, da sustentabilidade e dos programas sociais. Me parece bastante relevante.

Nenhum comentário: