terça-feira, 28 de outubro de 2014

Fusão de partidos em oposição a Dilma

• PSB, PPS e Solidariedade estudam criação de legenda; sem governador, DEM analisa futuro

Sérgio Roxo e Isabel Braga – O Globo

SÃO PAULO e BRASÍLIA - Passada a eleição, o PSB, o PPS e o Solidariedade vão começar a discutir a partir de hoje uma fusão que pode resultar no terceiro maior partido da Câmara, com 59 parlamentares. A nova legenda faria oposição ao governo da presidente Dilma Rousseff e teria como principal objetivo viabilizar uma alternativa política no país à polarização entre PT e PSDB.

O PSB elegeu 34 deputados, o Solidariedade, 15, e o PPS, 10. O PT terá a maior bancada na nova Legislatura, com 70 representantes. O PMDB ficará com 66 no próximo ano. A terceira maior bancada, por enquanto, é do PSDB, com 54 deputados.

Há um entrave, porém, para as negociações: a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que proíbe deputados de outros partidos de migrarem para legendas oriundas de uma fusão. Pela súmula em vigor, somente parlamentar das siglas que se fundiram poderiam mudar de agremiação sem colocarem em risco seus mandatos.

A vitória de Dilma Rousseff, na avaliação do deputado Júlio Delgado, da Executiva do PSB, favorece o projeto de fusão, que já vinha sendo discutido desde o fim do primeiro turno.

- Numa análise preliminar, digo que o resultado da eleição, do jeito que aconteceu, fortalece a tese da fusão diante da necessidade de surgimento de uma nova força política por conta da divisão do país.

O presidente do PSB, Carlos Siqueira, afirma que as negociações, por enquanto, se dão apenas com o PPS.

- É tudo muito inicial ainda.

O presidente do PPS, Roberto Freire, acredita que as regras do TSE podem ser um empecilho.

- Uma alternativa intermediária seria formar um bloco na Câmara - afirmou Freire.

Já o presidente do Solidariedade, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, disse que a fusão começará a ser discutida na reunião de hoje dos partidos de oposição no Congresso.

Com uma bancada eleita de 22 deputados, o DEM também avalia fusão com outras legendas. Segundo o prefeito de Salvador, ACM Neto, a possibilidade de se unir ao PSDB está descartada.

- Estamos iniciando a discussão interna, não há pressa, teremos o tempo necessário para avaliar o cenário e amadurecer a questão. Mas é preciso o partido se movimentar para que ele tenha uma perspectiva de crescimento. O que temos, por enquanto, são algumas premissas, vamos manter um agrupamento de oposição, é preciso identidade de projeto e não vamos nos juntar com qualquer um.

O presidente do partido, senador Agripino Maia, afirmou que uma reunião ainda será marcada para "avaliar melhor os rumos" do DEM. Se as eleições de 2014 revelaram uma oposição fortalecida tanto na disputa presidencial quanto no Congresso, o mesmo não se pode dizer em relação ao principal partido conservador do país: o DEM. Na eleição de 2010, a legenda, que vem perdendo força desde que o PT chegou ao poder, em 2003, elegeu dois governadores, Raimundo Colombo, em Santa Catarina, e Rosalba Ciarlini, no Rio Grande do Norte. Na Câmara, haviam sido eleitos 43 deputados federais e reeleitos dois senadores, ampliando para quatro a bancada do Senado. Quatro anos depois, o partido, que tem origem na Arena e na década de 90 rivalizava com o PMDB como elemento de sustentação do governo Fernando Henrique Cardoso, não conseguiu eleger nenhum governador e viu minguar para 22 sua bancada na Câmara. No Senado, terá, em 2015, cinco senadores, tendo como principal reforço o do ex-deputado, eleito senador, Ronaldo Caiado (GO).

Segundo o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), embora tenha eleito 43 deputados em 2010, no meio deste mandato, o partido perdeu 17 deputados para o novato PSD, o que fez com que sua bancada fosse reduzida a 27 deputados. Para Mendonça Filho, do ponto de vista numérico, a atuação do DEM no próximo Congresso será parecida com a da atual legislatura.

- O cenário é de extrema pulverização na Casa e, embora numericamente menor, somos 22 em uma representação de 28 partidos. Para oposição, onde estaremos em relação ao atual governo, é melhor seis partidos do que dois ou três, a fragmentação é boa. A capacidade de obstrução das votações é maior, podemos fazer mais discursos _ disse o líder do DEM, acrescentando:

- No Senado, somos cinco senadores. Um número bom.

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