quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Ataques a Dilma devem marcar último debate

• De olho na vaga no segundo turno, Aécio e Marina vão concentrar suas críticas na atuação da presidente

Sérgio Roxo, Fernanda Krakovics, Catarina Alencastro e Maria Lima – O Globo

BRASÍLIA e SÃO PAULO - Na reta final da campanha, o último debate entre os presidenciáveis, promovido hoje pela TV Globo, a partir das 22h30m, deverá ser marcado pelos ataques a presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição e líder nas pesquisas de intenção de voto. Os candidatos Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (PSB), que disputam uma vaga no segundo turno, pretendem partir para o confronto com a petista. A campanha do tucano resolveu "deixar Marina em paz", continuar batendo na presidente e reforçar os valores do ex-governador de Minas como o mais preparado para administrar o país pós-PT.

Marina falará de corrupção
Já Marina, em queda nas pesquisas de intenção de voto, deve adotar a mesma linha do discurso feito na terça-feira em reunião com apoiadores de sua candidatura, quando acusou a petista de mentir. Na ocasião, disse que não "quer se parecer com essa gente", em relação aos adversários. Ontem, a equipe da pessebista passou a tarde reunida com o objetivo de definir a estratégia para neutralizar os ataques contra Marina e usar o debate para apresentar propostas e mostrá-la como uma pessoa firme.

- Para quem tem apenas dois minutos de TV, o debate da Globo é a bala de prata desta eleição. É o momento de maior audiência e atenção. Cinquenta milhões de pessoas vão estar assistindo. Estamos preparados para qualquer cenário - disse um integrante da equipe de Marina.

Marina deve, durante o debate, explorar com firmeza as acusações de corrupção no governo federal. Aliados dizem que a postura da candidata, com um tom diferente do mostrado até agora na campanha, vai surpreender. A vida pessoal da candidata também vai ser abordada. A ideia é que Marina faça referências aos episódios sofridos de vida, reforçando a frase adotada como um novo slogan nesta reta final do primeiro turno: "não é um discurso é uma vida".

Nos últimos dias, Marina já relembrou essas passagens, como o medo que sentiu quando, na adolescência no Acre, adquiriu leishmaniose. Ontem, ela abordou o sofrimento por que passou num hospital público ao dar à luz a primeira filha. Ontem, em visita à Favela de Paraisópolis, em São Paulo, Marina gravou imagens na área mais pobre da comunidade. Ela quer mostrar que o Brasil real "não é tão colorido" quanto a propaganda apresentada por Dilma Rousseff no horário eleitoral.

Aécio também aposta no encontro de hoje, considerado decisivo para pautar o debate político nos dois dias que antecedem a eleição. Ele não pretende bater em Marina.

- Dilma se encarrega de Marina, que está em viés de baixa. Aécio tem que se mostrar como o que tem mais qualidades para resolver os problemas lá na frente - disse o deputado João Almeida (PSDB-BA), coordenador de logística da campanha.

Andreia Neves, irmã e uma das principais estrategistas do candidato, disse que desde sempre, e hoje principalmente, o maior desafio é tornar Aécio conhecido. Ele começou com nível de conhecimento de apenas 9% no Nordeste, mas vem melhorando, por isso a necessidade de manter, até agora, sua biografia no programa de TV.

- Na pesquisa que jogou Aécio para 14% das intenções de votos, muita gente dava como uma situação irreversível. Mas nos momentos mais difíceis, para animar a turma, o Aécio sempre dizia: vamos em frente, isso é parte do processo, não é o fim. Hoje, essa avaliação se confirmou, que os 14% não eram o fim. Vai que dá? - comentou ela ontem, após a última pesquisa Datafolha.

No último programa de TV, hoje, Aécio deve mostrar sua família e agradecer ao povo brasileiro pela paciência de acompanhá-lo e ouvir suas propostas de campanha. As imagens foram gravadas no casarão da família em São João Del-Rei (MG).

Já Dilma deve dividir os ataques - antes concentrados na ex-senadora - entre Marina e Aécio. A última propaganda de TV, hoje, no entanto, deve ser predominantemente propositiva. Estável na liderança das pesquisas de intenção de voto, a campanha à reeleição da presidente vai continuar com a estratégia de manter o foco em São Paulo, que concentrará as últimas atividades de rua. Apesar do cenário confortável, há preocupação entre os petistas em não desmobilizar a militância nesta reta final e evitar um clima de já ganhou

"O importante é não errar"
Dilma está bastante focada no debate da Globo. A campanha da petista acredita que o fato de a presidente ter resistido ao tsunami Marina e conseguido reverter a tendência de favoritismo que a pessebista alcançou se deveu, entre outros fatores, a Dilma ter errado pouco.

O trabalho da equipe da reeleição é para que a presidente se mantenha assim. A tarde de ontem foi dedicada à preparação para o debate. Os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Thomas Traumann (Comunicação Social) foram para o Palácio da Alvorada ajudar Dilma no treinamento para o enfrentamento que fará com seus rivais.

- Dilma pode até não empolgar. Mas, neste momento, o importante é não errar - disse um interlocutor de Dilma.

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