sábado, 6 de setembro de 2014

PT aprova ataque a Marina, diz que ela coloca em risco ‘futuro do país’

• Diretório nacional do partido discutiu as estratégias para os últimos 30 dias da campanha

Germano Oliveira – O Globo

SÃO PAULO — O Diretório Nacional do PT aprovou, na tarde desta sexta-feira, uma resolução que faz duras críticas à candidata do PSB Marina Silva (PSB) à presidência da República, dizendo que ela representa o retrocesso. Em um documento intitulado “Um momento decisivo para a história do Brasil”, o Partido dos Trabalhadores conclama a militância a reeleger a presidente Dilma Rousseff, pois o que está em jogo não é apenas a continuidade do atual governo, mas “o futuro do país”. Dando sequência à sua política de afirmar que a candidatura da ex-senadora coloca o país em risco, o documento afirma que o PSB deseja liquidar o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o BNDES, além de enfraquecer a Pebrobras.

“Destacam-se nos programas da oposição, sobretudo no da candidata adversária (Marina), algumas propostas radicais, que temos combatido com veemência desde a sua divulgação. Ortodoxo na economia, conservador no plano dos direitos individuais, regressivo nas propostas de reforma política, o plano de governo da candidata defende, entre tantas concessões: a autonomia do Banco Central e a redução do papel dos bancos públicos; a mudança na política externa; e a revisão das regras do pré-sal”, diz o documento, acrescentando:

“Propõem subtrair da Presidência da República e do Congresso a condução da política econômica para entregá-lo a um banqueiro de confiança dos rentistas e especuladores. Não satisfeitos, acenam para as multinacionais do petróleo ao colocarem em xeque o modelo de partilha em vigor para substituí-lo pelo regime de concessões. E, tão grave quanto, jogam para segundo plano a exploração do petróleo do pré-sal, esta imensa riqueza nacional, verdadeiro passaporte para o futuro do país”.

Em entrevista coletiva, o presidente do PT, Rui Falcão explicou os riscos especificados no documento do diretório do Nacional petista.

— Ao formalizar a autonomia do Banco Central, o nosso entendimento é que eles querem deixar a condução da política econômica para alguém que não foi eleito e colocar o BC nas mãos de um representante do sistema bancário. Querem também colocar num plano secundário o BNDES, a Caixa e o BB para enfraquecê-los e colocá-los na perspectiva de uma privatização. E falam de não dar prioridade ao pré-sal, que é um projeto de futuro, que vai garantir os investimentos para educação e saúde. E não está descartado que isso possa também enfraquecer a própria Petrobras perante as petroleiras estrangeiras. O passo seguinte pode ser vender a empresa — declarou Falcão.

O documento do PT também diz que os dois candidatos da oposição “vestem a fantasia da mudança e de uma suposta nova política, mas seus programas de governo, semelhantes em muitos aspectos no conteúdo, revelam que a mudança propalada serve mais aos grupos que os apoiam do que àquela desejada pela maioria da população”.

Negando que os petistas já estejam colocando em prática o segundo turno, Rui Falcão disse que os últimos 30 dias da campanha eleitoral serão utilizados tanto no horário eleitoral, quanto para os militantes do partido, para debater o projeto político do PT e o dos adversários, incluindo Marina.

— Sempre trabalhamos com a perspectiva de uma eleição em dois turnos e tudo indica que disputaremos o segundo turno contra a Marina. Por isso, estabelecemos que o debate político será no confronto do nosso projeto com o projeto de nossa adversária, cujo programa é modificado a todo instante.

Dentro dessa polarização com Marina, Falcão nega que esteja perseguindo a ex-senadora, como ela reclama, sobretudo no episódio das palestras que ela proferiu e pelas quais ganhou R$ 1,6 milhão.

— Não foi o PT que levantou essa história das palestras, foi a imprensa. Ela disse que não iria revelar valores por causa da confidencialidade pedida pelas empresas, mas agora ela vai ter a oportunidade de dizer isso na Justiça. Não queremos fazer nenhum prejulgamento, mas no passado também se questionou as consultorias dadas pelo ex-ministro Antonio Palocci e nós demos todas as informações pedidas — explicou Falcão.

Ele espera que com o maior envolvimento da militância, a campanha de Dilma possa passar para o segundo turno à frente de Marina. Para ele, Dilma vai mostrar que tem a melhor proposta para a economia, com os empregos sendo gerados, reservas cambiais de US$ 380 bilhões e inflação dentro da meta. Falcão disse que o PT ainda não tem um plano de governo “fechado”, mas que o importante é que Dilma está assumindo compromissos mais firmes do que sua adversária.

— Dilma já disse que pretende criminalizar a homofobia — provocou Falcão.

Sobre o fato do Clube Militar, do Rio, ter manifestado apoio à candidatura de Marina, o presidente do PT explicou que “é um direito deles” se manifestar.

— Esses militares normalmente são aposentados na carreira militar e em geral são pessoas que não gostam muito da democracia e muitos ligados à ditadura e à tortura no regime militar. Espero que não sejam esses que estão dando apoio à Marina — disse o presidente do PT.

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