quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Dilma usa fala nas Nações Unidas para exaltar sua gestão

Em discurso na ONU, Dilma aborda temas de campanha

• Candidata à reeleição, presidente destacou avanços sociais de gestões petistas

• Fala é similar às de anos anteriores, diz mandatária; ela voltou a criticar ação dos EUA contra milícia radical

Isabel Fleck, Giuliana Vallone – Folha de S. Paulo

NOVA YORK - A pouco mais de uma semana do primeiro turno das eleições no Brasil, a presidente Dilma Rousseff (PT) usou cerca de metade de seu discurso na Assembleia-Geral da ONU, em Nova York (EUA), para falar sobre temas internos que são a tônica de sua campanha pela reeleição.

Em sua fala --que durou 24 minutos e abriu a reunião da ONU, como é de praxe com o representante do Brasil--, Dilma disse que seu governo "assumiu a responsabilidade" de combater a corrupção no país e destacou avanços sociais dos "últimos 12 anos".

Na parte dedicada aos temas internacionais, a presidente não condenou diretamente os ataques dos EUA e seus aliados à milícia radical Estado Islâmico na Síria, mas disse que "o uso da força é incapaz de eliminar as causas profundas dos conflitos".

Depois de discursar, no entanto, em conversa com jornalistas, Dilma fez críticas à ação americana --em sua fala à ONU, o presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou que "a única língua entendida por esses assassinos [do Estado Islâmico] é a força".

"Gente, vocês acreditam que bombardear o Isis [antiga sigla do Estado Islâmico, em inglês] resolve o problema? Porque, se resolvesse, eu acho que estaria resolvido no Iraque. E o que se tem visto no Iraque é a paralisia", disse, em referência ao país invadido pelos EUA em 2003.

A presidente brasileira também defendeu que os conflitos sejam resolvidos dentro dos marcos legais, "o direito internacional e o fato de qualquer ação ter de se submeter a acordo do Conselho de Segurança da ONU".

Aos jornalistas a mandatária negou o conteúdo eleitoral da sua apresentação.

"Sugiro que vocês olhem meus quatro discursos aqui. São muito parecidos no que se refere a eu falar sobre uma questão fundamental: que o Brasil reduziu a desigualdade, aumentou a renda, ampliou o emprego. Como chefe de governo, tenho um imenso orgulho disso", disse.

Sem comentários
Inquirida pelos jornalistas, a presidente não quis comentar a pesquisa do Ibope divulgada na terça (23), que aponta que ela ampliou para nove pontos percentuais a vantagem sobre Marina Silva (PSB) no primeiro turno das eleições. "Não comento pesquisa, já disse isso a vocês."

No discurso para a ONU, sem citar as acusações de corrupção a ex-diretores da Petrobras --desvendadas pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal--, Dilma louvou as ações de seu governo contra a corrupção e o "fortalecimento das instituições que fiscalizam, investigam e punem".

Afirmou ainda que sua gestão manteve a solidez fiscal e "continuou a distribuir renda, estimulando o crescimento e o emprego". Assim como nos debates de que participou, Dilma culpou a crise mundial por "impactar negativamente" o crescimento.

Tocando um tema sensível da campanha brasileira, a presidente disse que os direitos de homossexuais, negros e mulheres "devem ser protegidos de toda seletividade e toda politização, no plano interno [e no] internacional".

Também citou no discurso dados da FAO (órgão da ONU para agricultura e alimentação) segundo os quais o Brasil "saiu do mapa da fome".

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