sábado, 13 de setembro de 2014

Dilma defendeu autonomia do BC na campanha presidencial de 2010

• Petista, que hoje critica proposta de Marina Silva, já apoiou liberdade do órgão na fixação de juros

• Na TV, presidente acusa candidata do PSB de tentar entregar a banqueiros o controle da política econômica

- Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Embora critique a proposta de independência do Banco Central feita pela campanha da candidata rival Marina Silva (PSB), a presidente Dilma Rousseff (PT) já defendeu, no passado, que a autonomia da autoridade monetária é "importantíssima".

Em entrevista à rádio CBN, quando ainda era candidata em 2010, Dilma disse que achava "importantíssima a autonomia operacional que o Banco Central teve no governo do presidente Lula". "Sempre tivemos uma relação muito tranquila com o BC", acrescentou.

Após a eleição, o então nomeado presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, declarou que recebeu a determinação da presidente de atuar com "total autonomia" no controle da inflação e no estabelecimento da política monetária (fixação dos juros).

Em entrevista coletiva, Tombini afirmara que Dilma havia dito a ele que "nesse regime [de metas de inflação] não há meia autonomia. É autonomia total".

Marina propõe conceder autonomia, assegurada por lei, ao BC, com mandatos fixos a seus dirigentes.

Em comerciais na televisão, a campanha de Dilma acusa a adversária de tentar entregar aos banqueiros o controle da política econômica, "um poder que é do presidente e do Congresso, eleitos pelo povo".

Na última quarta-feira (10), a presidente disse, em entrevista no Palácio da Alvorada, que a proposta da adversária reflete uma visão econômica "que não está dando certo no mundo".

Refere-se aos EUA e a outros países que estiveram no centro da crise global em 2008/2009, em parte causada pela falta de regulamentação sobre alguns investimentos feitos no mercado financeiro. Na crise, bancos quebraram, como o Lehman Brothers, e outros foram socorridos pelo governo ou vendidos a concorrentes.

Dilma afirmou que é preciso escutar todos os setores da sociedade, incluindo os bancos, mas disse que deixá-los ditar a política monetária do país é outra história.

"Nós não achamos necessário a autonomia do Banco Central", afirmou. "Entre isso [ouvir o setor] e eu achar que os bancos podem ser aqueles que garantem a política monetária, fiscal e cambial vai uma diferença".

Nesta sexta (12), a Folha informou que empresários reclamam de estarem sendo vítimas de um processo de "satanização" nas propagandas do PT usadas para desconstruir a imagem de Marina.

"Santa Sé"
Durante a campanha presidencial de 2010, Dilma respondeu a uma afirmação feita pelo adversário José Serra (PSDB), de que "o Banco Central não é a Santa Sé".

Nas eleições deste ano, o senador e candidato à Presidência Aécio Neves (PSDB) defende, em um eventual governo, a autonomia operacional do BC (sem a necessidade de formalização em lei).

Nenhum comentário: