sábado, 27 de setembro de 2014

Após queda em pesquisa, Marina engrossa o tom e compara Dilma a Collor

• Em Minas, pessebista evitou falar sobre números do Datafolha, que a apresenta, pela primeira vez, atrás de Dilma em eventual disputa no 2º turno

- O Globo

LAGOA SANTA (MG) — Pouco depois de ser divulgada a nova pesquisa Datafolha na qual mostra a candidata do PSB, Marina Silva, pela primeira vez atrás da presidente Dilma Rousseff (PT) no segundo turno, a ex-senadora engrossou o tom contra a petista e Aécio Neves (PSDB). Em comício realizado na noite desta sexta-feira, em Lagoa Santa, na Grande BH, para pouco mais de 100 pessoas, a socialista afirmou sofrer preconceito dos adversários, chegou a comparar Dilma com Collor, cutucou Aécio e ainda afagou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

— Juventude, quero pedir um favor a vocês: não permita que alguém ganhe o posto mais elevado da nossa República com base em mentiras. Estão dizendo que vou acabar com Bolsa Família, o “Minha Casa, Minha Vida”, o pré-sal, a Transnordestina, acabar com Mais Médicos, com férias, 13°. Dá para acreditar numa coisa dessas? — introduziu Marina, antes de comparar Dilma com Collor:

— Ou alguém está mentindo ou somos uma República de papel. Como não somos uma República de papel, alguém está mentindo. Já existiu um presidente que ganhou uma eleição com base na mentira: Fernando Collor de Melo. Ele dizia que, se o Lula ganhasse, iria confiscar a poupança. Quem confiscou a poupança? O Collor. Ele dizia que, se o Lula ganhasse, o Brasil não ia mais crescer. A mesma coisa que está sendo dito (agora) — atacou a ex-senadora.

Marina ainda afirmou que, nos quase 30 anos em que militou pelo PT, jamais imaginaria que sofreria as mesmas armas que foram usadas por Collor para destruir Lula. Disse ainda ser vítima de preconceito dos adversários.

— Eu tomei uma decisão. Eles podem caluniar, me atacar, me tratar com preconceito, como estão fazendo, a presidente Dilma e o governador (sic) Aécio — afirmou.

Afago a Fernando Henrique
Marina, propositalmente ou não, se dirigiu ao adversário Aécio Neves como se ele fosse governador. A socialista ainda cutucou o tucano ao citar a remuneração dos professores, um dos temas mais polêmicos durante os 12 anos de gestão do PSDB em Minas.

— Temos um programa para dizer que o piso salarial dos professores deve ser um direito, uma conquista, não um remendo, como acontece em vários estados da nossa federação. Amanhã (sábado) faltarão oito dias para as eleições, e o governador Aécio e a presidente Dilma não apresentaram um programa, não disseram o que vão fazer para resolver o problema da educação — afirmou ela, lembrando que educadores mineiros alegam que não recebem o piso salarial, já que o governo mineiro inclui subsídios para atingir o valor mínimo.

Após mais um ataque a Dilma e Aécio, Marina resolveu fazer um afago a Fernando Henrique Cardoso, em comício que atrasou quase 2h da previsão inicial.

— O nosso país, graças ao plano real do FH, conseguiu estabilidade econômica, diminuir inflação, baixar juros, iniciar o processo de crescimento. A presidente Dilma pegou o governo com o país crescendo 4%, 3% (ao ano). Sabe quanto agora? A previsão do governo é de 0,9%.

Minas Gerais
Em queda em Minas, onde chegou a estar à frente de Aécio, Marina aproveitou a segunda visita ao estado desde o início de sua campanha oficial para elogiar os mineiros:

— A Minas inconfidente sabe o que quer para sua gente. É preciso inconfidência contra patinar no mesmo lugar, uma inconfidência contra andar para trás. Essa Minas inconfidente tem que se insurgir contra a velha política.

Após seu discurso, que durou cerca de 25 minutos, Marina se recusou a falar com a imprensa sobre a última pesquisa do Datafolha. A única menção aos números ocorreu durante o comício.

— Toda vez que ela (Dilma) cresce nas pesquisas, a gente fica com medo de que o nosso país continue patinando no mesmo lugar.

Medo de avião
Frente às acusações por ter usado o jato que caiu matando Eduardo Campos, Marina ainda admitiu ter medo de andar de avião, e comparou a situação à “política do medo” apresentada pelos adversários:

— Estão querendo a eleição incutindo medo na nossa população. O contrário de medo não é coragem, é compromisso. A gente, às vezes, até tem medo, sabia? Tenho muito medo de andar de avião, mas meu compromisso com as causas que defendo é maior do que o medo.

Agenda em Juiz de Fora
Mais cedo, a candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, participou de um comício em Juiz de Fora, Minas Gerais. No discurso no evento, a ex-senadora pediu aos eleitores que evitem o voto útil nas eleições de 5 de outubro.

— Não existe voto útil. Tem gente querendo utilizar o seu voto para andar para trás. Tem gente querendo utilizar seu voto para ficar patinando no mesmo lugar. Não deixe ninguém utilizar o seu voto. Vote em quem você acredita que possa mudar o Brasil. Ponham para fora aqueles que já tiveram uma chance. Não é hora de dividir o Brasil — afirmou Marina.

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