sábado, 13 de setembro de 2014

Aliados de Marina articulam frente anti-PT

• Objetivo é ter apoio de candidatos a governos estaduais que enfrentarão petistas no segundo turno

Sérgio Roxo – O Globo

SÃO PAULO - Aliados da candidata do PSB à Presidência da República, Marina Silva, já começam a articulação de uma frente anti-PT para o segundo turno da eleição. A ideia é ter apoio de candidatos que enfrentarão petistas nos estados e contar com essas estruturas para a campanha presidencial.

A proposta é defendida por lideranças do PSB e do PPS e vem sendo tratada com cuidado para evitar problemas com a presidenciável. Caso a frente seja formada, Marina teria que subir em palanques como o de Ana Amélia (PP), candidata ligada ao agronegócio, no Rio Grande do Sul.

Eduardo Campos, que era o candidato do PSB a presidente e morreu no dia 13 de agosto num acidente aéreo em Santos, chegou a negociar uma aliança com Ana Amélia, mas o acordo foi rejeitado no final, em parte por pressão dos aliados de Marina, então vice da chapa, e a legenda optou pelo candidato do PMDB, José Ivo Sartori. Pelas pesquisas, o segundo turno no Rio Grande do Sul deve ter Amélia e o atual governador, o petista Tarso Genro.

Caso não aceite a frente anti-PT, Marina deve ficar sem nenhum palanque, no segundo turno, nos dez maiores colégios eleitorais do país.

Publicamente, os aliados da presidenciável do PSB negam que já estejam cuidando das articulações, mas reconhecem que o eleitor que optar por um adversário do PT nos estados deve acabar escolhendo Marina na disputa presidencial.

- Mesmo sem aliança formal, a tendência é que o eleitor polarize as disputas. Quem for contra o PT no estado, deve escolher a Marina - afirma Roberto Freire, presidencial nacional do PPS, segundo maior partido da aliança.

Aliados cogitam apoio a PSDB
A torcida no PSB é pelo maior número de segundo turnos nos estados. A avaliação é que isso ajuda a manter a eleição mais presente, principalmente nas cidades de interior. Sem a disputa estadual, a campanha nesses locais fica restrita aos programas de rádio e televisão. Para colaborar com essa estratégia, a presidenciável deve intensificar agendas em estados em que o candidato do PSB tem chance de crescer. É o caso de Minas, por exemplo.

No estado, a disputa está polarizada entre Fernando Pimentel (PT) e Pimenta da Veiga (PSDB). Hoje, as pesquisas indicam vitória do petista no primeiro turno. Mas, se Tarcísio Delgado (PSB) subir, pode provocar segundo turno. Um eventual apoio de Marina ao candidato do PSDB poderia entrar nas negociações para adesão dos tucanos no segundo turno da campanha presidencial.

As lideranças do PSB e do PPS também sonham com uma adesão de Marina ao tucano Beto Richa no Paraná num eventual segundo turno contra Roberto Requião (PMDB). No Mato Grosso do Sul, haveria chance de uma união com Reinaldo Azambuja (PSDB), possível adversário de Delcídio Amaral (PT).

O apoio a candidatos do PSDB poderia pavimentar a aproximação com a lideranças nacionais da legenda. Há uma preocupação sobre os termos dessa união no segundo turno.

Na avaliação de aliados, uma adesão tradicional, com subida no palanque, pode enfraquecer o discurso de renovação política. Já uma rejeição aos tucanos pode reforçar a imagem junto ao eleitor de que Marina tem dificuldade para composições e se isolaria num possível governo. Daí, a cautela dentro do partido para tratar do assunto.

No momento, a liderança tucana que tem mais chance de declarar apoio a Marina no segundo turno, na avaliação dos aliados da candidata do PSB, é o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Além da união com os tucanos, os articuladores da frente anti-PT acreditam que podem até provocar deserções em candidatos que hoje estão com Dilma.

No Ceará, o sonho é de uma aproximação com Eunício Oliveira (PMDB), que deve enfrentar Camilo Santana (PT) no segundo turno. Os dois apoiam a petista na eleição presidencial. Há, no entanto, dúvidas no PSB sobre a disposição de Marina de se unir ao peemedebista.

No Rio, com os quatro principais candidatos muito ligados a Dilma, as chances de Marina optar por algum candidato no segundo turno são quase nulas.

Em São Paulo, o segundo turno por enquanto é improvável. Mas, caso Geraldo Alckmin enfrente Paulo Skaf (PMDB), Marina, mesmo tendo criticado rotineiramente o governador tucano, teria que se unir a ele, já que o vice da chapa, Márcio França, é do PSB.

BA, PE, SC: 2º turno improvável
Entre os maiores estados, Bahia, Pernambuco e Santa Catarina não devem ter segundo turno. No Pará, as chances de Marina optar por algum candidato no segundo turno são remotas.

A construção dos palanques é apenas uma das questões a serem definidas para o segundo turno. A campanha de Marina divulgou ontem uma nota para afirmar que o argentino Diego Brandy permanece no comando de "comunicação audiovisual".

O GLOBO mostrou ontem que há entre os aliados da presidenciável a intenção de contratar um novo marqueteiro para o segundo turno, quando o tempo de propaganda da candidata passará de dois minutos e três segundos para dez minutos. "Não procedem as especulações de mudanças nessa chefia", afirma a nota.

Nenhum comentário: