sábado, 9 de agosto de 2014

Planalto agora admite que dois servidores atuaram na CPI

• Mas mantém versão de que eles não elaboraram perguntas aos depoentes

Carolina Brígido e Simone Iglesias – O Globo

BRASÍLIA O Palácio do Planalto admitiu ontem que escalou dois funcionários da Secretaria de Relações Institucionais para atuar na CPI da Petrobras, mas negou que eles tenham elaborado ou participado da elaboração de perguntas ou respostas usadas pelos senadores e deputados governistas e pelo depoentes na CPI.

Os dois servidores são o secretário-executivo da Secretaria, Luiz Azevedo, e o assessor Paulo Argenta. Ambos foram designados pelo governo para atuar diretamente no trabalho da comissão de inquérito, participando de reuniões no Senado. O governo diz considerar a participação dos servidores algo “absolutamente normal” e “dentro da legalidade”.

— Azevedo e Argenta tiveram total liberdade da Secretaria de Relações Institucionais para ir ao Senado falar com senadores e assessores. Tudo foi feito dentro da legalidade e faz parte do jogo político — disse ontem um auxiliar direto da presidente Dilma Rousseff. — Eles não fizeram as perguntas. Com relação às respostas, tem razão a presidente Dilma quando diz que ninguém no Planalto teria condições de fazê-las porque elas são muito técnicas.

Reuniões com Berzoini
No Palácio do Planalto, a avaliação é que faz parte das atribuições da Secretaria de Relações Institucionais defender o governo no Congresso Nacional e que esta postura tem que ser fortalecida em situações de embates, como as CPIs. Um integrante do governo lembra que, antes de a comissão de inquérito ser criada, em 28 de maio, várias reuniões ocorreram na Secretaria de Relações Institucionais, que fica no quarto andar do Palácio do Planalto, com o ministro Ricardo Berzoini, chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Azevedo, deputados e senadores da base aliada, para tentar impedir que fosse instalada.

As funções de Azevedo e Argenta na CPI, segundo o Planalto, eram de ajudar na elaboração do cronograma de trabalho, tentar impedir ou retardar a votação de requerimentos que não interessassem ao governo, e assistir às reuniões (tarefa de Argenta), para levar informações ao governo sobre a desenvoltura dos depoentes e dos deputados e senadores aliados, e também sobre a atuação da oposição. Segundo o Planalto, a grande maioria dos depoimentos foi transmitida pela “TV Senado” e por sites de notícias, o que legitima a atuação dos funcionários.

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