sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Partidos coligados ao PSB apoiam 'Marina 2.0' como candidata da chapa

• Lideranças destacam que a ex-ministra está ‘diferente’ e pedem reafirmação de compromissos de campanha

Carina Bacelar- O Globo

RIO — Líderes dos cinco partidos coligados ao PSB na chapa "Muda Brasil", que até a quarta-feira tinha Eduardo Campos como candidato à Presidência, declararam ao GLOBO que vão apoiar uma provável escolha de Marina Silva (PSB) para encabeçar a coligação. Eles pontuam, entretanto, que Marina está diferente desde que iniciou a campanha com Campos e alguns pedem que ela reafirme compromissos da época em que ingressou no PSB, em novembro do ano passado. Nesta quinta-feira, membros da Executiva do PSB se reuniram em um hotel em São Paulo para discutir os próximos passos a serem tomados na eleição.

Roberto Freire, deputado federal e presidente nacional do PPS, afirmou que a legenda vai “conversar com Marina sobre os compromissos que vamos ter que ter”. Ele disse que só depois do enterro de Eduardo Campos a coligação deve se reunir para chegar a uma posição sobre a substituição da candidatura. Inicialmente, ele declarou que “o PPS tinha compromisso claro e com muita confiança em Eduardo Campos”, sem citar o nome da ex-ministra do Meio Ambiente. No entanto, “não vê problema” na candidatura de Marina.

— Ontem não pensamos em nada e hoje estamos começando a voltar um pouco à vida. Vamos começar a conversar pra saber como encaminha. O PPS tinha compromisso claro e com muita confiança com Eduardo Campos. Não vejo nenhum problema, o partido estava integrado na campanha de Eduardo e de Marina. Vamos continuar com o projeto, vamos ter que discutir como vamos caminhar.

Já Eduardo Machado, presidente nacional do PHS, afirma que o nome de Marina é o mais natural à sucessão na chapa não por ela ser vice, e sim por ter popularidade. Ele espera que a decisão sobre o novo candidato à Presidência seja tomada em conjunto entre os dirigentes dos seis partidos.

— Não abrimos mão de que essa decisão passe por todos os partidos. O Eduardo Campos não era candidato do PSB, e sim da coligação Unidos pelo Brasil. Eu diria que é natural não em função dela ser a vice, mas em função da popularidade que ela tem. Se algo acontecesse com a Dilma, eu não diria que o Michel Temer seria o candidato do PT.

Machado afirma que, ao longo da campanha, Marina demonstrou ser “menos xiita do que pregam”.

— Ela tem os pontos de vista dela bem radicais, tudo bem, mas no momento em que ela aceitou ser vice de Eduardo, que não tinha a mesma linha de raciocínio dela, ela demonstrou flexibilidade. Quando você aceita caminhar junto com alguém, tem que aceitar minimamente essas pessoas, aceitar e respeitar.
Assim como a gente aceita a postura dela, queremos ser aceitos e discutir. Eu acredito que o simples fato de ela ter aceito caminhar com Eduardo mostrou que ela não é tão xiita quanto pregam que ela seja — afirma o presidente da sigla, que vai a Recife acompanhar o enterro de Campos.

Luciano Bivar, presidente nacional do PSL ressalta que o prazo de dez dias para a substituição, prevista pelo TSE, é uma “data muito fria”. Ele diz que o natural é que Marina assuma o lugar de Campos na chapa. No entanto, perguntado sobre a fama de radical da ex-ministra com a questão da sustentabilidade, que levou a diversos debates com ruralistas, ele afirma que Marina precisa ter “compromissos mais cristalinos”.

Passos "ponderados"
— O PSL pode comungar com a Marina, mas é preciso que ela reafirme os compromissos de Eduardo, principalmente, com respeito à reforma tributária. O próprio depoimento dela disse que ela conseguiu admirá-lo e acreditar no seu projeto [de Campos]. É uma questão natural a vice assumir a campanha.

Miguel Manso, secretário nacional de Organização do PPL, conta que a legenda está “absolutamente integrada com o Eduardo e Marina”. Ele chegou a falar com Marina na quarta-feira, que afirmou que a perda de Chico Mendes e Eduardo tinham sido importantes na vida dela. Manso avalia que a candidata à Presidência em 2010 “cresceu muito na campanha” e “aprendeu” com Eduardo.

— Ela cresceu muito nessa campanha. Nós não vemos nenhuma dificuldade. A Marina é uma pessoa que o próprio Eduardo via com muito carinho. Temos absoluta convicção de que é possível ter um projeto de desenvolvimento do Brasil com o cuidado que temos que ter.

Peguntado sobre a defesa de Marina na área ambiental, ele afirmou que é preciso “ponderar cada passo”.

— É claro que temos que ponderar cada passo, como a gente faz, como evolui a economia de baixo carbono.

O vice-presidente do PRP , Oswaldo Souza, informou que vai se reunir para decidir uma posição formal sobre a candidatura de Marina à Presidência.

— Estamos decidindo e como nós fazemos isso tudo. Daqui a pouco vou estar reunido com o presidente nacional [do partido, Ovasco Resende].

Marina faz silêncio
Em meio às expectativas sobre o que será do futuro da chapa, Marina Silva tem dito a aliados desde a última quarta-feira que "não é hora de falar de política". A frase, segundo integrantes da Rede, é repetida por ela a qualquer um que tenta falar sobre o assunto. Aliados da ex-senadora disseram que dificilmente ela aceitará tratar dessa questão até o enterro de Campos.

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