quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Morte trágica de Campos muda o rumo da corrida presidencial

- Valor Econômico

SANTOS, SÃO PAULO, BRASÍLIA, RIO e RECIFE - O trágico acidente aéreo de ontem, em Santos, no qual morreram seis pessoas, entre elas o candidado do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, pode mudar o rumo da corrida eleitoral. Pela legislação, a coligação de partidos liderada pelo PSB tem dez dias para indicar um novo candidato. Embora evitassem, por conta da tragédia, comentar o assunto, Marina Silva, atual candidata a vice na chapa de Campos, era apontada ontem pelos políticos como a mais provável substituta do ex-governador de Pernambuco na disputa presidencial.

Politicamente, o PSB não tem melhor saída a não ser confirmar a indicação da ex-senadora. Na condição de vice, Marina é a chamada solução natural - em tese, aquela capaz de causar menos problemas de continuidade para o projeto do PSB de eleger o presidente. A chapa Campos-Marina era resultado da união do PSB com o Rede Sustentabilidade, uma decisão de cúpula para contornar o impedimento de Marina em concorrer pelo Rede à eleição. Ainda há pouco havia quem defendesse a inversão dos nomes na chapa, por considerar que ela seria uma candidata mais competitiva.

Especialistas ouvidos ontem pelo Valor consideram que Marina deve equilibrar a disputa ao Planalto porque vai tirar votos de Aécio Neves (PSDB) e da presidente Dilma Rousseff (PT), o que torna praticamente certa a realização de um segundo turno.

Mauro Paulino, diretor do instituto Datafolha, lembra que em abril, na última pesquisa do instituto em que o nome da ex-senadora foi incluído, Marina registrou 27%, contra 16% de Aécio e 39% de Dilma. Esse cenário não incluía os candidatos "nanicos", que hoje somam 10%. Por isso, Paulino entende que o melhor parâmetro para estimar quanto Marina teria é seu desempenho na eleição presidencial de 2010, incluindo os votos nulos e em branco. Neste caso, o patamar de Marina seria de 17,7% dos votos. É quase dez pontos percentuais acima do registrado por Campos. No último Datafolha, de julho, o pessebista obteve 8%, contra 20% de Aécio e 36% de Dilma.

O cientista político César Zucco, da FGV, observa que Campos herdava cerca de 25% dos votos de Marina. Metade dos eleitores dela permaneciam indecisos e os outros 25% se dividiam entre Dilma e Aécio. O cientista político da PUC-Rio Ricardo Ismael traça três cenários: o primeiro é a indicação de Marina para a vaga, o segundo é o PT tentar impedir candidatura própria do PSB e o terceiro é que outro líder do PSB seja candidato. Ele acredita que a candidatura de Marina seria ruim para o PT. "Marina tiraria votos de Dilma, como tirou em 2010".

Numa primeira abordagem, integrantes da campanha de Dilma dizem que o ideal seria que o PSB apoiasse a candidatura da presidente ou ficasse sem nome na disputa.

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