sexta-feira, 18 de julho de 2014

Brasília-DF :: Denise Rothenburg

- Correio Braziliense

Renan versus Mercadante
Ao aprovar apenas um dos três diretores indicados para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), os senadores do PMDB mandaram recados ao governo, além da justificativa oficial de que as indicações chegaram em cima da hora, com menos de uma semana para votar, e é preciso respeito ao Senado. A ordem mesmo é dizer ao Planalto que, quando o partido desarruma, as coisas não acontecem. Portanto, é bom o PT cuidar muito bem do aliado na eleição. Sob pena de ver ruir algumas ações governamentais.
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O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, não gostou de saber que o Senado não pretendia votar agora a indicação do novo diretor da Aneel, Tiago e Barros Correia, ex-secretário de Infraestrutura Portuária da Secretaria de Portos, indicado para a agência pelo PT. Tampouco engoliu o fato de os senadores se recusarem a votar em plenário mais um mandato para o diretor-geral, Romeu Rufino, que está na Aneel desde 2006. Na dura conversa que teve com Renan, chegou a sugerir que ou se votavam todos ou nenhum. Renan foi firme e disse que a Casa só votaria a recondução de André Pepitone da Nóbrega, que está lá desde 2010. E foi exatamente o que foi feito. Essa briga volta à cena em agosto, no próximo esforço concentrado.

O dilema de Lula
O ex-presidente combinou com o PT pernambucano uma visita ao estado no fim de agosto. Deve ser a única que fará ao longo de toda a campanha. Ocorre que o próprio Lula tem dúvidas sobre essa viagem. A ordem é não melindrar o candidato do PSB, Eduardo Campos, considerado fundamental na estratégia do PT, caso o segundo turno seja entre Dilma Rousseff e Aécio Neves.

Retrato falado
Os partidos das mais diversas matizes identificam em pesquisas qualitativas um certo movimento do eleitor para a direita do espectro político. E, por isso, olham meio de soslaio para ver como está o candidato do PSC, pastor Everaldo. Há quem aposte nele como o principal beneficiário dessa onda. Vamos ver.

Tempo de cobrança I
Os coordenadores estaduais da campanha de Dilma Rousseff prometem transformar a reunião do próximo dia 28 em um muro de lamentações. A maioria reclama que não há estrutura nos estados, tais como material, gente para distribuir panfletos e levar a mensagem de Dilma às ruas, ou seja, dar a tal ideia de movimento eleitoral.

Tempo de cobrança II
Apesar disso, a direção nacional tem cobrado resultados, leia-se a melhora dos índices de Dilma nas pesquisas. A resposta dos governistas tem sido direta: dizem que, antes de mais nada, é preciso que a presidente tire de cena o semblante carrancudo que exibiu durante a entrega da taça da Fifa ao capitão da Alemanha, Phillip Lahm. Alertam os petistas que aquele ar de "pega logo essa coisa" — para ficar na expressão mais branda — não emplaca nem aqui, nem na China.

Plateia pouca/ Renan Calheiros apresentou o balanço do semestre para menos de uma dúzia de senadores. E, para completar, o senador Douglas Cintra passou parte do discurso de costas para a Mesa Diretora, tirando fotos com familiares. Cintra assumiu ontem a vaga aberta com a licença de Armando Monteiro, do PTB, que deixou o Senado para se dedicar integralmente à campanha para o governo de Pernambuco.

Valha-me, meu Padre Cícero!/ O líder do PMDB, Eunício Oliveira (foto), está numa saia justa. Domingo, o candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, abre sua campanha no Ceará em Juazeiro do Norte, na missa pelos 80 anos da morte de Padre Cícero. Estará acompanhado do candidato ao Senado, Tasso Jereissati. Eunício é o candidato a governador em dobradinha com Tasso. Não tem como faltar à missa em seu estado. Seria desfeita. Entretanto, se desfilar ao lado de Aécio, perde Dilma.

E agora, Eunício?/ Enquanto candidato a governador, Eunício não tem o que reclamar da presidente até agora. Foi o único convidado para a reunião do Brics. E ele não esconderá sua preferência: "Sou eleitor de Dilma. Meu compromisso com ela está válido. E o deles (dos petistas) espero que também esteja", diz o senador. Dia desses, ele encontrou Eduardo Campos no Ceará e o cumprimentou normalmente. Pretende fazer o mesmo se encontrar Aécio em Juazeiro. "Cada um fará campanha para o seu candidato a presidente, Tasso para Aécio e eu para Dilma."

E a pesquisa, hein?/ O resultado da consulta do Datafolha sobre intenção de voto mostrou que a Copa não mexeu no cenário. E, para o governo, o que fez soar o sinal de alarme foi o resultado da corrida paulista. Em São Paulo, os números de Geraldo Alckmin (54%), Paulo Skaf (16%) e Alexandre Padilha (4%) deixaram no PT a certeza de que Dilma estará em dificuldades por lá.

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