terça-feira, 15 de julho de 2014

Brasil entre o fiasco da Seleção e o jogo eleitoral da Copa

• Vaiada no Maracanã, a presidente convoca 16 ministros para celebrar o torneio e encorpar os argumentos que serão utilizados na disputa eleitoral. A oposição acusa o governo de fazer festa seletiva ao ignorar as promessas não cumpridas

João Valadares, Grasielle Castro e Étore Medeiros – Correio Braziliense

Um dia após o término do Mundial, a presidente da República, Dilma Rousseff (PT), escalou um time de 16 ministros para capitalizar eleitoralmente o sucesso da "Copa das Copas". No Centro Integrado de Comando e Controle em Brasília, por duas horas e meia, em rede de emissoras públicas, pelo menos 13 deles se revezaram no púlpito para apresentar, com embrulho de campanha eleitoral, o balanço do megaevento esportivo. Durante a explanação, ministros anunciaram o mote "imagina nas Olimpíadas", hashtag que já inunda as redes sociais. A oposição reagiu. O PSDB, por meio do Instituto Teotônio Vilela (ITV), divulgou nota com um balanço paralelo para mostrar que muito do que foi prometido pelo governo acabou não sendo cumprido.

O ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, aproveitou o evento para fustigar, sem mencionar nomes, os dois principais adversários da presidente Dilma na corrida pelo Planalto, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB). "Agora, a presidente mandou uma carta para todos os jogadores, diferentemente de outros candidatos, e ela teve um comportamento sempre de solidariedade à Seleção, dando todo o empenho que nós podíamos dar para que ela fizesse o melhor", declarou.

A presidente abriu o evento afirmando que foi um grande desafio organizar e garantir uma Copa à altura do povo brasileiro. "Nós vivemos, nesses dias, uma festa fantástica. Mais uma vez, o povo brasileiro revelou sua capacidade de bem receber", disse. Dilma aproveitou a oportunidade para citar prognósticos que indicavam o atraso nos estádios e em outras obras de infraestrutura.

Segundo ela, as previsões de que os empreendimentos não ficariam prontos para o megaevento esportivo estavam erradas. "Diziam que o Maracanã, que foi palco ontem (domingo) de um momento belíssimo, só ficaria pronto em 2038. Enfim, não ficaria pronto nunca. Nós não teríamos aeroportos nem a capacidade de receber milhares e milhares de turistas vindos de outras partes do mundo. Derrotamos, sem dúvida, a previsão pessimista e realizamos, com a imensa e maravilhosa ajuda do povo brasileiro, essa Copa das Copas", emendou.

A exemplo do que fez na última semana, a presidente voltou a falar do resultado da Seleção dentro de Campo. "A gente dizia que ia ter a Copa das Copas, pois bem, tivemos a Copa das Copas. Tivemos, sem tergiversar, um problema, que foi nossa partida com a Alemanha. No entanto, eu acredito que tudo na vida é superação", completou. Para Dilma, o povo mostrou que também foi capaz de enfrentar esse desafio. Mercadante engrossou o coro. "Perdemos a taça, mas o Brasil ganhou a Copa como um grande evento que o mundo inteiro admirou", pontuou.

Quanto ao impacto econômico do evento, o ministro informou que ainda não foi feita uma análise ampla, mas citou os R$ 30 bilhões calculados pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), da Universidade de São Paulo (USP). Mencionou ainda a possibilidade de um impacto equivalente a 1% do PIB, segundo estudo ainda não concluído e cuja fonte não foi revelada.

O ministro da Defesa, Celso Amorim, ressaltou a integração das forças de segurança. "A palavra para o legado que fica para o aspecto de defesa e segurança é integração. Foi mais do que coordenar. Foi integrar em todos os níveis, federal, estadual e, quando necessário, municipal", destacou.

"Vaias e apupos"
O site oficial do PSDB deu destaque à nota do Instituto Teotônio Vilela, do próprio partido, no qual ressalta o constragimento de Dilma ao entregar à taça à seleção alemã no Maracanã. "Dilma Rousseff praticamente se livrou da taça na cerimônia de premiação da campeã Alemanha, na tentativa de evitar vaias e apupos. Mesmo levando três segundos para passá-la às mãos do capitão Philipp Lahm, não conseguiu. Com a mesma velocidade, o governo petista quer agora dar um jeito de virar a página da Copa do Mundo, decretando seu sucesso absoluto", ressalta a nota.

A oposição afirma que o governo quer ganhar no grito. "Devagar com o andor: política, como futebol, não se ganha no grito. A "Copa das Copas" não aconteceu." O PSDB aproveitou a ocasião para divulgar uma espécie de contrabalanço. "Dos 167 compromissos assumidos em 2010, apenas 53% foram finalizados a tempo do Mundial. Outros 41% estavam incompletos e seriam concluídos durante ou, na maior parte dos casos, depois da Copa", diz o texto. O PSB do candidato Eduardo Campos não se manifestou sobre o assunto.

Estreia no Twitter
O candidato tucano à Presidência, Aécio Neves, estreou ontem conta no Twitter. Na primeira postagem, ele afirmou que ainda estava aprendendo a utilizar a rede social. "Amigos, finalmente estou no Twitter. Resolvi aprender a operar essa importante rede de diálogo. Aliás, ainda estou aprendendo", postou. Em seguida, publicou que o site oficial da campanha será lançado hoje.

Nenhum comentário: