terça-feira, 10 de junho de 2014

No Rio, PROS e PSB divergem sobre candidatura ao governo do estado

• Em reunião, Miro defendeu disputa, mas socialistas não descartam palanque do PR

Marcelo Remígio – O Globo

RIO — Sem ainda decolar nas pesquisas de intenções de voto, o deputado federal e pré-candidato do PROS ao governo do Estado do Rio, Miro Teixeira, se reuniu na segunda-feira com lideranças fluminenses do PSB para evitar que cresça o movimento de socialistas que pregam o rompimento da aliança regional entre os dois partidos. Sem o PSB, a candidatura de Miro seria inviabilizada, mas abriria espaço para o PSB negociar com o PR, do também deputado federal e candidato ao Palácio Guanabara Anthony Garotinho, palanque para o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que disputará a Presidência da República.

O fim da aliança com o PSB e da candidatura própria no Rio levaria o PROS a entrar rachado na campanha eleitoral. Membros da Executiva Nacional defendem que a legenda, da base aliada da presidente Dilma Rousseff, feche o apoio à candidatura de Lindbergh Farias (PT) ao Palácio Guanabara e entregue ao PT seu tempo de TV na propaganda eleitoral gratuita. Mesmo oficialmente ao lado do PT, parte do PROS cairia nos braços de Garotinho e outra, nos do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), candidato à reeleição. Miro reafirmou hoje à noite sua candidatura e disse que trabalha com "o que dizem duas notas oficiais do PSB":

- Na primeira, o texto torna pública a aliança em torno de minha candidatura. Na segunda, confirma a aliança proporcional no estado e a vaga ao Senado para o PSB. Formamos hoje um bloco que reúne PROS, PSB, o Partido Pátria Livre e um partido que não existe para o TSE, mas que possui grande força política, a Rede, de Marina Silva.

Caciques do PSB afirmam que não houve acordo na reunião para conter os dissidentes:

- Caso não seja mantida a aliança, a tendência do PROS é formalizar o apoio a Lindbergh, o que não garantirá a ele que o partido caminhe unido. A ala evangélica da legenda deve apoiar o Garotinho. Há também um grupo aliado de Pezão - diz um socialista que participou da discussão: - No lançamento da pré-candidatura de Garotinho, estiveram presentes deputados do PROS que têm votos na mesma base eleitoral do ex-governador.

No PR, cresce no Rio o movimento para que o partido feche com o PSB e abra espaço para Eduardo Campos em seu palanque. A aliança é encarada pelo PR fluminense como uma terceira via para o Planalto e a reafirmação da autonomia do diretório do Rio, controlado por Garotinho. Já para alguns socialistas, a aliança seria a última alternativa para Campos na busca por um palanque com candidatura viável. O candidato do PR, ao lado do senador Marcelo Crivella, que disputará o Palácio Guanabara pelo PRB, lidera as pesquisas de intenções de voto.

- Embora o PR nacional seja da base aliada do governo federal e defenda a manutenção da aliança nacional com PT, no Rio a executiva tem total autonomia para escolher com quem fechar. Eu tenho defendido o nome de Campos como terceira via para presidente, já que PT e PSDB estiveram à frente do Palácio do Planalto - disse Fernando Peregrino secretário-geral do PR-RJ.

Em uma eventual aliança, o PR ofereceria ao PSB a vaga ao Senado. O partido tem como pré-candidato a senador o deputado federal e ex-jogador de futebol Romário, principal cabo eleitoral de Campos no estado.

O palanque para Campos serve de munição para Garotinho negociar, também, apoio do governo federal à sua candidatura. As conversas com o PSB levaram Dilma a escalar o ministro das Relações Institucionais, Ricardo Berzoini, para buscar um entendimento com o ex-governador. Garotinho se sente preterido pelo Planalto, que tem os palanques de Pezão, Crivella e Lindbergh.

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