terça-feira, 10 de junho de 2014

Campanha de Eduardo Campos sofre com diferença entre ‘sonháticos’ e pragmáticos

• Visão distinta de política opõe grupos ligados a Marina ao ex-governador de Pernambuco

Sérgio Roxo – O Globo

SÃO PAULO — O apoio à reeleição do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), é só uma das divergências entre aliados de Eduardo Campos e Marina Silva. Integrantes da coordenação da pré-campanha presidencial do PSB relatam que os dois grupos dificilmente falam a mesma língua e que as divergências internas são constantes.

Com as diferenças, o núcleo de coordenação de campanha, composto por cinco representantes da Rede e cinco do PSB, tornou-se uma instância em que se discute pouco estratégia. Os principais conselheiros e articuladores políticos de Campos, por exemplo, estão fora desse núcleo.

O grupo de Marina, por exemplo, é contrário a buscar alianças apenas de olho no tempo de televisão no horário eleitoral. Já os aliados de Campos consideram que seria viável se unir ao PSD na disputa presidencial, caso o partido do ex-prefeito Gilberto Kassab rompesse com a reeleição da presidente Dilma Rousseff.

- Um lado é "sonhático", e outro, totalmente pragmático - conta um dos integrantes da coordenação de campanha.

Na definição dos palanques estaduais, a diferença também fica clara. O grupo do PSB considera que é importante ter candidatos viáveis eleitoralmente nos estados, mesmo que eles não sejam totalmente afinados com o programa da candidatura presidencial. Já os integrantes da Rede rejeitam nomes do PSDB e ligados aos ruralistas.

- Não somos 100% essa coisa de nova política como eles - reconhece um dos principais aliados de Campos.

Para evitar novas fissuras, Campos tenta se equilibrar entre os mundos dos "sonháticos" e dos pragmáticos. Esse esforço ficou claro na última quinta-feira, quando o ex-governador participou, no começo da tarde, de um seminário sobre meio ambiente. O grupo era formado majoritariamente por aliados de Marina, como o professor da USP José Eli da Veiga e o diretor do Greenpeace Sérgio Leitão, dois dos maiores opositores da reforma do Código Florestal em 2012. Havia pouca gente do PSB.

À noite, sem Marina, Campos foi a Mato Grosso do Sul para um ato de apoio à candidatura de Nelson Trad Filho (PMDB). O deputado federal Fábio Trad (PMDB-MS), irmão do pré-candidato a governador, integra a bancada ruralista e votou pela mudança do código de proteção das florestas.

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