sábado, 7 de junho de 2014

Brasília-DF - Denise Rothenburg

- Correio Braziliense

Efeito reduzido
Conversas pra lá de reservadas dos petistas concluíram que o marqueteiro João Santana usou muito cedo o discurso do medo de restrição dos programas sociais em caso de vitória de um candidato de oposição. Diante da precipitação do comando da pré-campanha de Dilma, tanto Aécio Neves, do PSDB, quanto Eduardo Campos, do PSB, trataram de tirar essa casca de banana. Agora, com a nova queda na pesquisa do Datafolha, a ordem do PT é deixar a Copa passar e cuidar das convenções partidárias, guardando outras armas para jogar mais à frente. Essa já foi e não funcionará mais.

Há quem diga que, se o PT tivesse jogado a "bomba do medo" a 15 dias das eleições, a oposição ficaria zonza e teria caído na armadilha da mesma forma que Geraldo Alckmin, em 2006, caiu na arapuca do terror contra as privatizações, ficando na defensiva contra Lula. Quando Alckmin recuperou o tom, Lula já estava praticamente reeleito.

Alckmin empareda Kassab
Com a decisão do PSB de apoiar a reeleição do governador Geraldo Alckmin em São Paulo, o PSDB paulista ficou com a faca e o queijo na mão para fazer exigências ao ex-prefeito Gilberto Kassab. Agora, para obter o papel de candidato a vice na chapa tucano-socialista, Kassab terá que abandonar a presidente Dilma Rousseff e apoiar um dos integrantes da base de Alckmin à Presidência da República.

Dilma, a transformação
Integrantes do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, notaram uma sensível diferença no comportamento da presidente Dilma Rousseff durante a reunião da última quinta-feira. Alguns saíram dizendo que está mais humilde, menos dona da verdade. Porém, na avaliação de outros, perdeu uma boa oportunidade de elencar os programas de governo, área por área e seus respectivos resultados. Ali, não é para explicar os projetos no bê-á-bá, uma vez que o público é de altos empresários que detestam perder tempo. É de gente inteligente que está doidinha para ver oportunidades de negócios.

Cara de paisagem I
Faltando menos de uma semana para a convenção em que o vice-presidente Michel Temer espera ser confirmado como parceiro de chapa da presidente Dilma Rousseff, o alto comando do PMDB fez aquele ar de "tô nem aí" para o encontro da base do partido no Rio de Janeiro com o presidenciável Aécio Neves (PSDB-MG). Ninguém será punido pelo Aezão. Afinal, se Aécio derrotar Dilma, é esse o grupo que puxará os hoje dilmistas para o colo dos tucanos.

Cara de paisagem II
Outros que também fizeram pose de "nem tchum" foram os tucanos do Rio. Lá, o partido de Aécio Neves se viu quase que depenado com o ato da última quinta-feira. Afinal, está claro que, no estado, a tendência de Aécio é fazer campanha ao lado dos peemedebistas.

Faro fino do poder/ Os políticos do Rio de Janeiro comentavam ontem que o presidente do PMDB local, Jorge Picciani, está no poder há 30 anos e só vai aonde o governo está. Se hoje apoia Aécio Neves, pode estar certo de que há alguma chance para o tucano.

O plano do Pros/ Recém-criado, o Pros quer tirar a imagem de partido interessado apenas em espaços no governo. Na terça-feira, seus integrantes têm um seminário em Brasília, no Auditório Freitas Nobre, da Câmara, para traçar propostas nas áreas de tecnologia, incentivos fiscais sem perda de receita, água para todos e uma política nacional de combate às drogas. Tudo será levado à presidente Dilma Rousseff até o fim da semana.

Mudança de planos/ No início, foi aquela empolgação da classe política com a Copa do Mundo. Todos querendo correr para os jogos no Brasil. Agora, muitos repensam. Um paulista comentava há dois dias que não irá. "Sou uma figura pública, vou ter que andar até o estádio. Imagine passar no meio de manifestantes e ser submetido a alguma agressão só por ser político?"

O receio do vice/ Que convenção, que nada. O que tira o sono do vice-presidente Michel Temer é o Brasil repetir a final da Copa de 50. "Precisamos tirar o trauma daquela Copa. Eu era criança, mas me lembro da empolgação e da frustração com o gol do Uruguai no finalzinho", diz ele, olhando para os céus como quem diz "que Deus nos ajude a exorcizar esse fantasma".

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