domingo, 15 de junho de 2014

“Adeus a Tancredo”, por Ferreira Gullar

SÃO PAULO (SP) – Na Convenção Nacional do PSDB, a trajetória do partido foi associada à vida e à luta do ex-presidente Tancredo Neves, que morreu em 1985, logo depois de ser eleito. Em homenagem ao ex-presidente, foi reproduzido o poema “Adeus a Tancredo”, de Ferreira Gullar.

A seguir, o texto e o áudio com a voz do poeta

“Adeus a Tancredo

Companheiro Tancredo Neves, eu não vou chamar você de Excelência logo agora, quando mais do que nosso presidente, você é nosso irmão ferido e que se vai. Foi você quem conduziu de, uma ponta a outra do país, acima de nossa cabeça, uma tocha de chama verde como a esperança.

Esperança é uma palavra gasta, mas não era a palavra, era a esperança mesma, que você carregava, e ela ainda Luzia em suas mãos hoje, no derradeiro momento, num quarto de hospital em São Paulo.

E quando suas mãos se apagaram, essa chama brilhou no céu da pátria nesse instante. Pátria é uma palavra gasta, mas pátria é terra, é mãe, embora muitos de nós, milhões de nós, ainda vagueiem pelas cidades, pelos campos, sem o penhor de uma igualdade que havemos de conquistar com o braço forte.

Pátria é uma palavra gasta, mas no seio dela descansarás Tancredo amigo, no chão macio de São João del Rey, amado pelo povo, à luz de céu profundo. Povo também é uma palavra gasta, mas o povo, o povo mesmo despertou quando lhe prometeste uma Nova República, iluminada ao sol de um novo mundo. E ela virá, e tu a construirás conosco, erguendo nossos braços, cantando em nossa boca, caindo e levantando como este povo em que, ao morrer, te transformastes.”

Para ouvir o áudio do poema, clique AQUI.

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