sábado, 10 de maio de 2014

Com alta, Aécio vira alvo de Dilma e Campos

• Após resultado do Datafolha e risco de segundo turno, campanha petista decide intensificar ataques ao tucano

• No PSB, Campos e Marina vão reforçar estratégia de se distanciar de Aécio, sepultando trégua

Valdo Cruz, Natuza Nery – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O resultado da pesquisa Datafolha vai aumentar o embate entre os três principais candidatos à Presidência, sendo que o tucano Aécio Neves pode se transformar no principal alvo na disputa.

Segundo a Folha apurou, a cúpula da campanha petista vai intensificar o ataque ao tucano depois que ele diminuiu a distância para a presidente Dilma Rousseff.

Já a equipe do ex-governador Eduardo Campos (PSB), diante da alta mais acentuada do tucano na pesquisa, vai reforçar a estratégia de tentar se diferenciar de Aécio, sepultando o pacto de não agressão entre os dois.

Pelo último Datafolha, Dilma tem 37% das intenções de voto, um a menos do que o levantamento de abril. Aécio subiu de 16% para 20%. Campos oscilou de 10% para 11%.

A equipe de Dilma Rousseff já elegeu o principal ponto a ser explorado contra o tucano: suas declarações de que não terá medo de tomar medidas impopulares caso seja eleito presidente. Na avaliação petista, Aécio cresceu nos últimos meses porque explorou o discurso de tentar vincular a presidente Dilma a irregularidades na Petrobras.

Ontem, ao comentar o resultado do Datafolha, Aécio voltou a atacar a gestão da estatal. Segundo ele, as suspeitas de corrupção na empresa tiveram influência na avaliação da presidente.

"As denúncias de corrupção influenciaram [o resultado]. Afinal, uma quadrilha estava levando a Petrobras à situação de insolvência", afirmou em Maceió (AL).

A equipe de Dilma avaliou como positivo o fato de a presidente ter ficado estável após registrar quedas nas últimas pesquisas. Foi comemorado ainda o fato de a preocupação dos eleitores com a inflação ter diminuído de 65% para 58%. A alta de preços é apontada como o principal ponto negativo de Dilma.

Os petistas contam ainda com o programa do partido, agendado para o fim de maio, para que Dilma não só estanque sua queda como registre algum tipo de recuperação.

O tucano comemorou sua subida na pesquisa, principalmente o fato de ter aumentado a distância para Eduardo Campos, avaliando que se consolida cada vez mais como a alternativa a Dilma.

"O dado relevante é que, em todas as pesquisas, mais de 70% da população quer mudanças. E mudanças profundas", afirmou Aécio. No campo tucano, a tática será elevar ainda mais o tom de críticas contra a petista, mas não há intenção de comprar brigas com Campos, cuja campanha passou a criticar o tucano nas últimas semanas.

À Folha Marina Silva, vice do pessebista, disse que a candidatura de Aécio "cheira a derrota". Ontem, em São Paulo, Campos alegou que ainda é o candidato menos conhecido. "Se 25% da população diz que nos conhece, a gente já chega em simulação a 11% ou 14%. Imagine quando chegar a 100%."

Colaboraram Ricardo Rodrigues, de Maceió, e Gustavo Uribe, de São Paulo

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