quarta-feira, 14 de maio de 2014

Aécio telefona para aliado em Pernambuco e o coloca de 'sobreaviso'

• Movimentação de tucano acontece no momento em que Eduardo Campos sinaliza que PSB pode romper o acordo com o PSDB e lançar candidato próprio em Minas

Pedro Venceslau, de O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - O pré-candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, telefonou na segunda-feira, 12, para o deputado estadual Daniel Coelho (PSDB) e pediu para que ele ficasse de "sobreaviso", já que seu nome pode ser lançado como candidato a governador de Pernambuco a qualquer momento.

“Ele me disse que a aliança aqui (em Pernambuco) pode estourar e pediu que ficasse alerta”, afirmou Coelho ao Estado. Em 2012, ele disputou a prefeitura do Recife e ficou em segundo lugar, superando o PT. O vencedor foi Geraldo Julio, aliado de Campos, que venceu no primeiro turno.

A movimentação de Aécio acontece no momento em que o pré-candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, se mostra cada vez mais decidido a romper o acordo com o PSDB e lançar nome próprio em Minas.

No ano passado, Campos e Aécio decidiram por uma troca de apoio nas disputas destes dois Estados: o PSB apoiaria Pimenta da Veiga, candidato de Aécio em Minas, base do senador, e o PSDB retribuiria fechando com Paulo Câmara, o nome escolhido por Campos para disputar o governo de Pernambuco.

Embora ainda trabalhe para reverter esse movimento em Minas, onde PSB local orbita em sua área de influência há pelo menos dez nos e resiste ao rompimento, Aécio acionou o correligionário para não ser surpreendido com um futuro rompimento.

O nome mais cotado pelo PSB para tentar quebrar a polarização entre PSDB e PT em Minas é o deputado federal Júlio Delgado. Mas a Rede Sustentabilidade, grupo político da ex-ministra Marina Silva que apoia Campos, apresentou o nome do ambientalista Apolo Heringer Lisboa (PSB). Ele esteve recentemente com o pré-candidato e ouviu que deveria se manter na disputa até a data da convenção que oficializará a candidatura do PSB, em junho.

Questionado sobre o tema nesta terça-feira, 13, depois de um evento com empresários em São Paulo, Campos evitou ser assertivo sobre o rompimento do acordo, mas reconheceu que a aliança está fragilizada. "O PSB trava esse debate (sobre lançar um candidato em Minas). Cada Estado está nesse momento discutindo intensamente", afirmou.

A decisão do PSB de rever não apenas esse acordo, mas o pacto de não agressão com os tucanos, ocorre no momento em que Aécio registrou um crescimento nas últimas pesquisas enquanto Campos ficou estagnado. Segundo pesquisa do Datafolha divulgada no dia 7 de maio, a presidente Dilma Rousseff (PT) registrou 37%, Aécio 20% e Campos 11%. Os pessebistas avaliam que só existe uma fórmula para mudar esse quadro: descolar-se da agenda do tucano e buscar os eleitores de lulistas e de "esquerda" que estão insatisfeitos com o governo Dilma.

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