terça-feira, 1 de abril de 2014

Vice-presidente da Câmara usou jatinho de doleiro, diz jornal

Trecho da investigação da PF mostra a troca de mensagens entre o doleiro e o deputado sobre a viagem

O Globo

BRASÍLIA - O vice-presidente da Câmara, André Vargas (PT-PR), usou para uma viagem de férias um avião oferecido pelo doleiro Alberto Youssef, preso semana passada pela Polícia Federal durante a Operação Lava-Jato. A revelação foi feita na edição desta terça-feira do jornal “Folha de S.Paulo”.

Um trecho da investigação da PF mostra a troca de mensagens entre o doleiro e o deputado no qual eles conversam sobre a viagem a João Pessoa (PB).

A operação Lava-Jato, que levou à prisão do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, investiga uma operação de lavagem de dinheiro que poderia ter movimentado R$ 10 bilhões. Ao jornal, Vargas admitiu ter viajado em um avião obtido pelo doleiro, mas negou qualquer envolvimento no esquema investigado: "Não sei se o avião é dele, ele foi dono de hangar e eu perguntei se ele conhecia alguém com avião (...) Eu não sabia com quem eu estava me relacionando. Não tenho nenhuma relação com os crimes que ele eventualmente cometeu", disse ao jornal.

A PF também teria captado uma troca de mensagens na qual Vargas e Youssef discutem um assunto de interesse do doleiro no Ministério da Saúde. Segundo o jornal, apesar de transcrição não deixar claro o assunto abordado, ele teria sido tratado com o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do ministério, Carlos Gadelha, e a empresa citada seria a Labogen, que, de acordo com as investigações da Lava-Jato, teria sido usada para remessas de dinheiro para o exterior.

André Vargas integra a ala do PT mais próxima ao ex-presidente Lula e ao ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, preso após ser condenado no processo do mensalão. Em fevereiro, durante a sessão de reabertura dos trabalhos do Congresso, o vice-presidente da Câmara aproveitou estar sentado ao lado do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, na Mesa Diretora, e ergueu o punho cerrado, em referência ao gesto dos mensaleiros ao serem presos.

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