terça-feira, 15 de abril de 2014

Sob pressão, petista pivô de crise renuncia

André Shalders, Étore Medeiros – Correio Braziliense

O deputado André Vargas (PT-PR) enviará ainda hoje uma carta abrindo mão do mandato parlamentar. De acordo com um integrante da cúpula do partido, Vargas já teria comunicado a decisão, tomada na tarde de ontem, à presidência do PT. “Uma boa parte da bancada já vinha aconselhando ele a renunciar”, disse o deputado Vicentinho (SP), líder da legenda na Câmara.

Um deputado próximo de Vargas contou, após se reunir com ele, que a decisão decorreu de uma suposta falta de solidariedade dos colegas de bancada, que não se manifestaram publicamente em defesa dele quando o relator do processo no Conselho de Ética, Júlio Delgado (PSB-MG), anunciou que orientaria pela cassação por quebra de decoro. “Ainda por cima, disseram a ele que, se não renunciasse, atrapalharia a campanha da Gleisi (Hoffmann, pré-candidata petista ao governo do Paraná). Ele não aguentou. Percebeu que se daria mal”, comentou o parlamentar.

Vargas foi ouvido ontem por dirigentes do PT sobre as denúncias de que ele teria intermediado contratos entre empresas de fachada do doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal na Operação Lava-Jato, e o governo. Um negócio do doleiro envolveria parceria milionária com a Petrobras.

CPI
Em resposta enviada à ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), se posicionou contrariamente à instalação de uma comissão parlamentar de inquérito para investigar apenas a Petrobras. O peemedebista acredita que a CPI deveria adotar o modelo sugerido pelo governo, que pretende incluir suspeitas da existência de um cartel no metrô de São Paulo e de supostas irregularidades nas obras do Porto de Suape e da Refinaria Abreu e Lima, ambas em Pernambuco.

Alegando que o presidente do Senado estaria dificultando ilegalmente a instalação da CPI, uma vez que todos os pré-requisitos constitucionais teriam sido cumpridos, os opositores apelaram ao STF para que fosse criada imediatamente a comissão exclusiva para a petrolífera. “Não houve qualquer ação cuja eficácia consista em negar a instalação da CPI”, diz o documento enviado por Renan ao STF, assinado por quatro advogados do Senado. Apesar da manifestação de Calheiros, cabe à ministra decidir pelo deferimento ou não do pleito da oposição.

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