segunda-feira, 14 de abril de 2014

PT tenta blindar Vargas e mantém segredo sobre local de depoimento

Objetivo é evitar que o parlamentar seja flagrado ao falar à comissão da legenda

O Globo

SÃO PAULO — O PT vai tentar evitar a exposição do deputado federal licenciado André Vargas (PR) no depoimento que ele prestará hoje à comissão do partido designada para ouvi-lo sobre as relações com o doleiro Alberto Youssef. O objetivo é impedir que o parlamentar seja fotografado ou questionado por jornalistas.

Por causa disso, o depoimento não acontecerá na sede da legenda, no Centro de São Paulo. O local está sendo mantido em segredo. Segundo Alberto Cantalice, um dos três integrantes da comissão, Vargas pode ser ouvido “num hotel, no escritório de alguém ou em um restaurante”.

— Ele está sendo pressionado. Queremos que tenha tranquilidade para falar — afirmou Cantalice.

Na noite de quinta-feira, o deputado foi flagrado em um restaurante da região da Avenida Paulista com o secretário de organização do PT, Florisvaldo Souza, outro integrante da comissão. Vargas usou um jatinho pago pelo doleiro para viajar de férias com a família em janeiro deste ano. Além disso, a Polícia Federal interceptou troca de mensagens de texto pelo celular entre ele e Youssef sobre a negociação de um contrato de um laboratório com o Ministério da Saúde.

A comissão, que é formada também por Carlos Árabe, vai produzir um relatório sobre o depoimento de Vargas para ser apresentado à Executiva do PT na próxima reunião, prevista para acontecer depois da Páscoa. A executiva decidirá, então, se leva o caso para a Comissão de Ética.

— Por enquanto, só tem o que saiu na imprensa. Por isso, ele vai poder explicar — disse Cantalice.

Caso seja levado à Comissão de Ética do PT e punido, Vargas poderá ser expulso do partido ou suspenso. Na reunião da semana passada para discutir a situação do parlamentar, algumas correntes petistas, como a Mensagem ao Partido, defenderam punição imediata. Integrantes da CNB, a corrente do deputado e que é majoritária no PT, conseguiram contornar e permitiram a formação da comissão.

Cantalice nega que o destino do deputado dentro do PT já tenha sido definido:

— Tudo o que tem se falado até agora é especulação.

O deputado também é alvo de um processo no Conselho de Ética da Câmara.

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