sexta-feira, 25 de abril de 2014

PT desiste de recorrer ao Supremo e diz que irá apoiar CPI da Petrobras

No entanto, mais cedo em Roma, Renan Calheiros afirmou que vai recorrer da liminar concedida por Rosa Weber

Washington Luiz e Cristiane Jungblut - O Globo

BRASÍLIA - O líder do PT no Senado, Humberto Costa, afirmou na tarde desta quinta-feira que o partido não irá recorrer contra a decisão liminar da ministra Rosa Weber para impedir a criação da CPI exclusiva sobre a Petrobras. O posicionamento do PT contraria a do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-RN), que está em Roma e mais cedo afirmou em nota que irá recorrer da liminar concedida à oposição no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF).

No plenário do Senado, Costa afirmou que o PT irá contribuir para que a CPI da Petrobras seja instalada o mais rápido possível:

- Dada a perda do objeto pela expedição da liminar, nós do PT, resolvemos acatá-la integralmente e abrimos mão de recorrer para fazer andar mais rápido o processo de instalação da CPI aqui no Senado Federal. De nossa parte, estamos aptos a começar a discutir os membros que comporão a CPI da Petrobras, como todos os partidos que compõem a base de nosso governo, tão logo a Comissão seja instalada pelo presidente Renan Calheiros.

O líder ainda ressaltou que irá trabalhar para instaurar investigações contra o metrô de São Paulo:

- Seguiremos determinados a investigar a fundo outros fatos assombrosos de má aplicação de dinheiro público, como é o caso do escândalo do metrô de São Paulo, sobre o qual começamos hoje a recolher assinaturas na Câmara e no Senado para uma CPMI sobre a Alstom.

Na Câmara, o líder do PT, Vicentinho (SP), disse que o governo está "tranquilo" em relação à gestão da Petrobras. Ele voltou a insistir na tese de que deve haver uma investigação ampliada, sobre as obras do Metrô de São Paulo, por exemplo.

— O importante é que estamos tranquilos. Sabemos da segurança e do zelo com que a Petrobras é administrada. Vai ficar muito feio tentar ligar a questão de Pasadena, que foi em 2006, com a presidente Dilma Rousseff — disse Vicentinho.

O petista disse que já estão sendo acolhidas assinaturas para uma CPI da Alstom, que prejudicaria o PSDB. Mas o líder não quis dizer quando esse pedido seria apresentado.

— Quando você quer fazer uma galinhada, você não faz ‘xô galinha’, ou seja, a gente vai falar na hora certa — disse Vicentinho.

O líder do PSDB na Câmara, deputado Antônio Imbassahy (BA), disse que o PT terá que aceitar a decisão da ministra Rosa Weber. O PSDB deve indicar o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) para integrar uma CPMI.

— Vai ter CPI, e os petistas terão que ficar resignados — disse o líder do PSDB, em Plenário.
A senadora Gleisi Hoffman (PT-PR) seguiu o pronunciamento do colega de partido e cobrou que a oposição assine os requerimentos de CPIs que serão criados por parlamentares que apoiam o governo:

- Há uma decisão judicial. Agora, a ela nos submetemos e vamos, sim, indicar os membros, para fazer a apuração. E acho oportuno também instalar a outra CPI, até porque era uma proposição da própria oposição, que dizia que não poderia ser uma CPI única, que nós teríamos de fazer uma CPI para cada assunto. Então, espero, de fato, que a oposição possa assinar a CPI - argumentou.

Um dos responsáveis pelo pedido de liminar para instaurar a CPI da Petrobras, o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) rebateu a promessa dos parlamentares da oposição e garantiu que o PSDB não vê problemas em investigar a suspeita de cartel no metrô de São Paulo:

- Podem investigar o que quiserem. Nós em São Paulo não temos medo de nada. Quem tem medo de investigar as coisas são eles (PT), que não querem a instalação da CPI da Petrobras - disse.

O posicionamento de Renan Calheiros também foi criticado pelos senadores. Para Álvaro Dias (PSDB-PR), os acontecimentos mostram que o Senado perdeu a competência:

- Infelizmente não temos tido competência para resolver nossos impasses internos e temos que recorrer à Suprema Corte. A decisão da ministra Rosa Weber já era esperada. As circunstâncias recomendam o aplauso, valorizando sua postura de independência como ministra indicada recentemente pela presidente da República - ressaltou.

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