sexta-feira, 21 de março de 2014

‘Se quisermos avançar como nação, temos que escutar mais’, diz FH

Ex-presidente participa de aula inaugural em universidade no Rio de Janeiro

Paula Ferreira – O Globo

RIO - “Se quisermos avançar como nação, temos que escutar mais”. A frase foi dita nesta quinta-feira pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso durante uma aula inaugural na Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro. De acordo com FH, o Brasil passa por um momento de desconfiança regional e global no que diz respeito à política e à economia, e o fato está relacionado com a postura intransigente do governo federal.

— A sociedade atual não é uma sociedade que se vence com autoridade e sim com convencimento, com discussão. Aqui no Brasil, em um determinado momento, achamos que poderíamos resolver tudo por nós mesmos. E não é verdade, precisamos estar interconectados com os países do mundo — provocou.

FH defendeu que sejam feitas audiências públicas para consultar a população a respeito dos projetos do governo e criticou o costume de dividir a sociedade entre "bons e maus."

— A sociedade é mais complexa que isso. O que não pode haver é a resposta hierárquica: "eu sei e é isso"— argumentou.

Durante a palestra, o ex-presidente brincou que se o slogan de Obama foi "Yes, we can", o ideal para o cenário nacional deveria ser "Yes, we care", fazendo alusão ao fato de os brasileiros estarem carentes de cuidados.

— A população está necessitada de atenção, de carinho — afirmou.

Para o ex-presidente, o gargalo do país no momento é saber administrar os recursos que tem e reposicionar sua atuação. Fernando Henrique argumentou ainda que é necessária uma mudança de parâmetros:

— Quando vamos passar de quantidade para qualidade? O mais fácil é distribuir para todos. Nosso desafio não é a carência, é a desorganização (de recursos).

FH também ressaltou a dificuldade enfrentada pela economia no momento atual e destacou a importância de fomentar o crescimento da produtividade no país. Mas, de acordo com ele, o Brasil precisa ter cuidado com as manobras econômicas para não gerar um caos urbano. Usou como exemplo a crise de 2008 e a política de crédito adotada pelo país na época, na opinião dele uma estratégia acertada, que gerou um boom de veículos nas ruas e fez um mea culpa sobre os problemas urbanos do país:

— Não estou culpando tal ou tal governo. Nós somos todos responsáveis.

Além disso, o ex-presidente criticou o sistema político do país, fazendo referência à força dos partidos políticos em determinar as diretrizes do Executivo:

— É necessário diminuir a interferência dos partidos e aumentar a interferência da população.
FH comentou ainda sobre conflitos no exterior, como o caso da Criméia, e defendeu a descriminalização das drogas.

Fonte: O Globo

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