terça-feira, 4 de março de 2014

Custo da Copa bate em R$ 26 bilhões, de acordo com Matriz de Responsabilidade

Montante investido na organização do evento, se revisado, poderá chegar até os R$ 30 bilhões

Almir Leite

SÃO PAULO - O custo da Copa do Mundo é de R$ 26 bilhões, de acordo com a última atualização da Matriz de Responsabilidades, documento que reúne todas as intervenções relacionadas com o Mundial a cargo do governo federal, dos governos estaduais e cidades-sede. A lista tem de obras em estádios a projetos na área de turismo, passando por telecomunicações, portos e segurança, entre outros itens, formando um quadro completo.


No entanto, esse valor está defasado (há estimativas de que, no final, a conta baterá nos R$ 30 bilhões). Isso porque a última atualização da Matriz foi feita em setembro do ano passado – houve outra em novembro, basicamente para a retirada do documento de obras que não ficarão prontas até a Copa.

Dessa maneira, não entraram no cálculo despesas como as com as estruturas temporárias, exigência da Fifa para todas as arenas do Mundial. Em média, o custo vai ser R$ 40 milhões por estádio, a serem gastos com itens diversos como aluguel de tendas, aparelhos de raio X e implantação do sistema de tecnologia de informação.

Essa é uma das pendências na preparação para a Copa. A 100 dias de a bola rolar, a maior parte das cidades ainda não viabilizou a aquisição de materiais e equipamentos que compõem o aparato das temporárias. Pior: em alguns casos ainda há discussão para definir quem vai pagar a conta.

São Paulo
É o caso de São Paulo. Por contrato, a obrigação de arcar com os custos – R$ 43 milhões, de acordo com orçamento apresentado em 20 de janeiro por Andrés Sanchez ao prefeito Fernando Haddad e ao secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke – é do Corinthians, o dono da arena.

Prefeitura e governo estadual contribuirão com instalações físicas e materiais para as temporárias no estádio em Itaquera, mas os cerca de R$ 39 milhões que terão de ser gastos com itens como tendas, cabos óticos e aluguel de geradores deverão ficar a cargo do clube. O Corinthians busca parcerias para viabilizar as temporárias. O problema é que o tempo está passando, no caso da Arena Corinthians e de várias outras, e o atraso pode comprometer a qualidade de alguns sistemas e equipamentos que serão instalados.

Segundo especialistas da área, por exemplo, são necessários 120 dias para instalar toda a infraestrutura de telecomunicações (antenas, cabos, roteadores e vários outros itens). Até agora, nenhum dos 12 estádios teve o sistema instalado.

Pela metade
Há obras complexas por fazer, mas até intervenções simples estão atrasadas. É o caso das obras no entorno do Beira-Rio, em Porto Alegre. Basicamente, é preciso fazer a pavimentação das vias, pequenas, mas ainda não foi feita sequer a licitação – o primeiro edital não atraiu interessados. Com isso, há o risco de a obra acabar durante a Copa (o prazo de execução é de quatro meses).

Há situações em que a obra prometida será entregue parcialmente. O principal exemplo é o do VLT entre Cuiabá e Várzea Grande, no Mato Grosso, projetado, entre outros argumentos, para atender a Arena Pantanal. Até a Copa, porém, só estarão concluídos 5,7 km dos 23 km do percurso.

O VLT de Cuiabá é sempre citado pelo ministro do Esporte, Aldo Rebelo, quando fala do legado da Copa. Ele argumenta que, não fosse o Mundial, tal obra só seria realizada daqui a 30 anos. Assim, terminado o Mundial restará observar quanto tempo vai levar que o VLT esteja totalmente concluído.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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