segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Valdo Cruz: Inimigo mora ao lado

A pesquisa Datafolha mostra que hoje, insisto, hoje, o maior "adversário" da presidente Dilma Rousseff continua sendo seu criador, o ex-presidente Lula.

Em termos gerais, o levantamento traz boas notícias para a petista. Ganha no primeiro turno de seus oponentes, e eles, até agora, não conseguem encarnar o desejo de mudança da maioria da população.

Aí começam os sinais de alerta para a presidente. Os entrevistados apontam Lula, que aparece na frente de Dilma na pesquisa, como o melhor "candidato" para mudar o rumo do próximo governo em 2015.

Algo que seus pretensos aliados políticos e empresariais não se cansam de repetir. E não só mais reservadamente, cada vez mais explicitamente. O coro "volta, Lula" nunca esteve tão forte como agora.

Tão forte que há um clima de rebelião no ar, captado pelo ex-presidente em conversas com interlocutores, ao quais insistiu que não há hipótese de vir a substituir Dilma.

A pesquisa acendeu também um sinal amarelo sobre a avaliação do governo. Apesar de ela ter ficado estável, subiu o número de eleitores que considera o governo ruim e péssimo. Um primeiro aviso de que o vento pode mudar ali na frente.

O cenário de incertezas na área econômica, com os problemas do setor elétrico, vizinhos aos frangalhos e inflação ainda alta, pode minar o capital político presidencial.

Se o vento mudar, hoje ainda uma hipótese, o maior "adversário" pode deixar de ser Lula. Com a proximidade da campanha e uma economia fraca, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB) têm chances de incorporar o desejo de mudança e conquistar o eleitorado.

Aí, tudo indica, o PT terá perdido o timing da troca de candidatos. Lula entraria em campo num clima de que sua criatura fracassou. Neste caso, ao contrário do que o petista tem dito a seus interlocutores, talvez Dilma Rousseff precise mudar já. E não esperar apenas 2015.

Fonte: Folha de S. Paulo

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