sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Gestores de recursos mostram pessimismo com reeleição de Dilma

Thais Folego

SÃO PAULO - Perguntados sobre qual seria o impacto no mercado financeiro da eleição dos principais nomes que devem disputar o pleito presidencial neste ano, gestores de recursos locais e internacionais são pessimistas com uma reeleição da atual presidente Dilma Rousseff (PT) e mostram uma boa aceitação dos nomes de Aécio Neves (PSBD) e de Eduardo Campos (PSB).

É o que mostra pesquisa da consultoria de investimentos Mercer com 45 gestores de investimentos, que juntos têm R$ 1,8 trilhão em ativos sob gestão no Brasil e US$ 10,8 trilhões no mundo.

No caso de um segundo mandato de Dilma, 54% dos gestores consideram um impacto neutro sobre o mercado financeiro, 46% veem impacto negativo e nenhum considerou impacto positivo. "Isso mostra uma percepção pessimista do mercado com a atual presidente", afirma Vinícius Santos, consultor de investimentos da Mercer.

Já para o senador Aécio Neves, 92% dos gestores veem impacto positivo em caso de vitória, 8% consideram efeito neutro e nenhum vê impacto negativo. Para o atual governador de Pernambuco, Eduardo Campos, 82% dos pesquisados acreditam que uma possível eleição teria impacto positivo no mercado, 15% veem impacto neutro e apenas 3%, negativo.

A pesquisa fez apenas essa pergunta simples sobre eleições, sem questionamentos mais analíticos sobre o tema. O levantamento, voltada para o público de fundos de pensão, traz projeções dos gestores para o cenário macroeconômico e de investimentos em renda fixa e variável.

No geral, as estimativas são mais pessimistas do que as feitas em 2013, ano que reservou algumas surpresas ruins que afetaram fortemente os investimentos. "O ciclo de ajustes da economia brasileira está apenas começando", disse Eduardo Yuki, economista-chefe e estrategista da BNP Paribas Asset Management.

A média das estimativas dos gestores aponta para um avanço do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,85% neste ano. No lado da inflação, 82% dos entrevistados projetam que os preços vão chegar no fim deste ano mais perto do topo da banda da meta do governo, que é de 4,5% com tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos. A média das estimativas do grupo para o IPCA é de 6,09% para 2014.

Para a Selic, a média das estimativas dos gestores aponta taxa de 11,13% ao fim do primeiro semestre e 11,36% no encerramento do segundo semestre. Vale lembrar que a data de referência das respostas é 31 de dezembro e, por isso, não contempla o recente alívio das projeções no mercado de juros futuros devido a declarações do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e do ministro da Fazenda, Guido Mantega, além do anúncio da meta de superávit primário, ontem.

Para o câmbio, 93% dos pesquisados estimam que o dólar feche acima de R$ 2,40 e apenas 7% projetam cotação entre R$ 2,30 e R$ 2,40. Eles avaliam que o maior impacto do "tapering" americano e do aumento dos juros nos Estados Unidos na economia brasileira seja a desvalorização do real. Os outros 7% avaliam que o principal impacto seja a queda da bolsa brasileira.

A média das projeções para o desempenho do Ibovespa aponta um índice em 56.969 pontos ao fim deste ano. Ontem, o Ibovespa fechou aos 47.288 pontos. O grupo pesquisado, porém, avalia que o valor justo do principal índice da bolsa seja de 57.718 pontos este ano, o que mostra que eles estão pessimistas sobre o desempenho do indicador, observa Raphael Santoro, consultor da Mercer.

Para a renda fixa, os gestores projetam que o investidor continue pedindo um alto prêmio de risco para financiar a dívida brasileira. A média das projeções para o rendimento real da NTN-B com vencimento em 2050, por exemplo, é de 6,56%.

Fonte: Valor Econômico

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