terça-feira, 28 de janeiro de 2014

PT do Rio dá ultimato a filiados no governo

Partido quer que cargos sejam entregues ainda esta semana e já fala até em processo de expulsão

Juliana Castro e Raphael Kapa

RIO - Após sete anos de aliança, o Diretório Estadual do PT decidiu que, até o dia 31 de janeiro, todos os filiados do partido devem pedir exoneração dos seus cargos no governo estadual. Segundo o presidente do diretório, Washington Quaquá, quem não obedecer a determinação, será exonerado do partido. A saída do grupo vem sendo discutida desde o ano passado, chegou a ser anunciada para o dia 28 de fevereiro mas foi antecipada quando o governador Sérgio Cabral comunicou que exoneraria os secretários filiados ao PT até o final da semana.

O Partidos dos Trabalhadores lançará o nome de Lindbergh Farias como pré-candidato no dia 22, enquanto o vice-governador, Luiz Fernando Pezão, deve assumir o governo do Estado para tornar-se conhecido e fortalecer sua candidatura pelo PMDB. Para Quaquá, o fim da aliança no estado foi um "divórcio consensual".

- Não podemos ser irresponsáveis. O governo Cabral teve avanços e muitos devem ser creditados ao governo Lula e Dilma. Não vamos jogar fora a criança com a água de banho - afirma o presidente do diretório estadual que acredita que a aliança do PT e do PMDB na esfera federal e estadual possibilitou grandes vitórias para o governo Cabral - Eles não podem mudar o slogan para "subtraindo forças" agora.

Em reunião na sede do partido no Rio, os membros do diretório cogitaram abrir uma comissão para averiguar filiados que não forem cumprir a decisão.

- É incompatível a presença de petistas no governo. O PT estava por uma questão política e a aliança foi desfeita. Nos libertamos hoje - disse Quaquá.

O presidente do PMDB do Rio, Jorge Picciani, chegou a afirmar que os petistas ocupavam cerca de 1.200 cargos no governo. O próprio Quaquá, em resposta, disse que eram, no máximo, 700 filiados. Uma lista feita pelo diretório levantou cerca de 350 nomes mas o número ainda deve crescer.

Na próxima segunda-feira, o grupo deverá ter outra reunião. Desta vez, o tema será a campanha de Lindbergh. O partido negocia alianças com o PC do B, PDT, Pros, PSD e Solidariedade, que deve firmar compromisso com Pezão na próxima quarta-feira.

Após participar de um encontro no Palácio Guanabara com o governador Sérgio Cabral (PMDB) nesta segunda-feira, Quaquá já havia pedido que os dois secretários do partido que integram a gestão peemedebista pedissem logo exoneração e não esperem a decisão partir do governador.

Segundo o presidente do PT-RJ, Cabral não informou quando começariam as exonerações. Atualmente, o PT ocupa as secretarias de Ambiente, com Carlos Minc, e Assistência Social e Direitos Humanos, com Zaqueu Teixeira.

- A determinação do PT é que seja feita a exoneração imediata deles, por ato dos próprios petistas do governo. Vamos fazer uma reunião dizendo isso - afirmou Quaquá, depois de se encontrar com Cabral.

O PT do Rio decidiu que sairia do governo Cabral no dia 28 de fevereiro,mas sábado o peemedebista enviou um email para Quaquá dizendo que exoneraria os petistas no próximo dia 31. Segundo o petista, o texto era cordial. Cabral afirmou ao presidente estadual do PT que queria recompor seu governo. Cabral não se pronunciou sobre o encontro com Quaquá.

Antes do encontro, Quaquá declarou que o partido não adotará uma postura agressiva na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) porque está de saída. Depois da conversa com o governador, ele reiterou que ficou estabelecido o entendimento de não troca de acusações entre PT e PMDB:
- Há o entendimento de não haver agressão gratuita. É óbvio que mesmo numa eleição sempre há uma estocada ou outra. Mas a campanha não pode ser um tom de agressão entre os partidos da base do governo federal.

O presidente do PT do Rio disse que não haverá problemas em ver a presidente Dilma Rousseff, que tentará a reeleição, subindo nos palanques dos candidatos cujos partidos integram a base do governo. No Rio, além de Lindbergh, Dilma teria os palanques de Pezão e de Marcelo Crivella (PRB), atual ministro da Pesca. Há ainda a pré-candidatura do deputado Anthony Garotinho, do PR, partido que integra a base do governo federal.

- Óbvio que o presidente Lula e a presidente Dilma são filiados ao PT. Nós vamos usar muito esse legado do nosso governo - declarou Quaquá.

Fonte: O Globo

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