sábado, 18 de janeiro de 2014

Prévia do PIB recua 0,31%

Queda, em novembro, do índice do Banco Central que mede a atividade econômica aumenta os sinais de que o país pode ter entrado em recessão técnica na segunda metade do ano passado

Deco Bancillon

A economia brasileira voltou a pisar no freio em novembro do ano passado, mês em que o Índice de Atividade Econômica do Banco Central, o IBC-Br, recuou 0,31%. Apesar de já ser esperada pelo mercado, a queda surpreendeu até os mais pessimistas. As previsões iam de alta de 0,6% até retração de, no máximo, 0,1%. Com o número mais fraco que o projetado, crescem as chances de o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) também decepcionar. Na comparação com novembro de 2012, o IBC-Br mostrou elevação de 1,34%. Em 12 meses até novembro, o indicador acumula alta de 2,43%.

Para muitos analistas, o indicador do BC antecipa o comportamento do PIB. Por isso, eles acreditam que mais um resultado ruim em dezembro será determinante para jogar por terra as esperanças de um resultado menos frustrante para a economia em 2013. “Mesmo que não seja o cenário mais provável, a luz amarela está acesa. Se houver nova queda do IBC-Br, é possível que tenhamos uma contração econômica no quarto trimestre”, disse um economista de um grande banco de investimento.

Caso essa retração de fato tenha ocorrido, o país entrou num quadro de recessão técnica — caracterizada pela queda na produção por dois trimestres consecutivos. De julho a setembro, o PIB caiu 0,5%. Ainda que não seja o pior dos cenários, já que ninguém espera uma recessão no acumulado de 2013, a palavra soa como palavrão aos ouvidos de assessores da presidente Dilma Rouseff e do ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Desconfiança
Uma ala de técnicos governistas culpa o próprio BC e o mercado financeiro pelos tropeços da economia. Para eles, a escalada da taxa básica de juros — que já dura nove meses, desde abril de 2013 — incentivou empresários e investidores a colocarem o dinheiro no banco para lucrar com os juros mais altos. Com isso, projetos de expansão de fábricas e abertura de lojas, que poderiam gerar emprego e renda, foram interrompidos. A queda dos investimentos foi principal fator a puxar para baixo o PIB no terceiro trimestre do ano passado.

Para economistas de bancos corretoras, o que pesou foi a falta de confiança dos investidores no governo e, principalmente, o comportamento corrosivo da inflação. “As ações intervencionistas em diversos setores e a tentativa de controlar a inflação segurando reajustes de preços geraram nervosismo. Por isso, as expectativas para a inflação estão altas. Ninguém acredita que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) vai voltar para o centro da meta, de 4,5%”, disse o economista Antonio Madeira, da LCA Consultores.

“O governo está colhendo uma inflação mais alta por conta das políticas que implementou. E, como não há sinal de mudança, o mercado continua pessimista”, completou Madeira. Nos últimos quatro anos, o IPCA ficou sempre próximo do teto da meta, de 6,5%. Em 2014 e 2015, não deve ser diferente. Projeções do próprio BC indicam que os preços devem continuar distantes do alvo pelo menos até o terceiro trimestre do ano que vem, o que deve reforçar o pessimismo dos empresários.

Fonte: Correio Braziliense

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