segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Por pressão de Marina, Campos vai abrir mão de aliança com Alckmin

Murillo Camarotto

RECIFE - Apesar das declarações dos comandantes do PSB em São Paulo, o partido não vai apoiar a reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Interlocutores privilegiados do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), garantem que o grupo formado por PSB, PPS e Rede Sustentabilidade não vai participar do palanque tucano no maior colégio eleitoral do país e deverá lançar candidatura própria.

Irredutível na oposição à aliança, a ex-ministra Marina Silva (PSB-Rede) convenceu Campos a desistir do acordo com Alckmin. Ela deve anunciar em fevereiro sua candidatura à vice-presidente na chapa encabeçada pelo governador de Pernambuco. "É apenas questão de tempo, de seguirmos os protocolos, mas não há outro nome senão o de Marina", disse ao Valor um aliado da ex-ministra.

A mesma fonte rebateu com veemência as declarações do deputado federal Márcio França (PSB-SP), interessado na aliança com Alckmin, que alfinetou ontem o grupo de Marina, ao dizer que o Rede Sustentabilidade trouxe apenas 80 novos integrantes ao PSB, que conta com 232 mil filiados.

"É ruim fazer esse tipo de comparação. E se a gente disser que Marina tem 20 milhões e votos? Não se pode brincar com a Marina. Sua liderança extrapola os limites burocráticos do partido", desafiou o aliado da ex-ministra. Tanto França quanto o prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), têm dito que o apoio a Alckmin já estaria sacramentado.

A pressão pela aliança com o tucano cresceu após a adesão do PPS ao bloco que apoiará Campos na corrida ao Palácio do Planalto. O presidente do PPS, deputado federal Roberto Freire (SP), chegou ao grupo reforçando o coro em defesa da parceria com o governador tucano. Prevaleceu, no entanto, o discurso da "nova política", que Campos e Marina desejam personificar.

"São Paulo é uma referência nacional. Não adianta nada a gente ficar falando de nova política e fazer diferente em São Paulo, ficando de baixo da asa do PSDB", disse a fonte, segundo a qual o caminho do grupo em São Paulo será o da candidatura própria, cujos nomes ainda estão em processo de discussão.

Como liderança máxima do PSB, Campos tem sido cauteloso em relação às movimentações da ala pró-Alckmin. Uma pessoa influente no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo de Pernambuco, lembrou que Campos não quer melindrar os correligionários paulistas, que são peças importantes na interlocução política no Sudeste. A fonte garante, porém, que é zero a possibilidade de aliança com tucanos em São Paulo.

Os defensores do acordo com Alckmin argumentam que a aliança seria benéfica para a votação de Campos em São Paulo. Partem do pressuposto de que, com o PSB na chapa, o governador paulista faria corpo mole na campanha presidencial do companheiro de partido Aécio Neves. O cenário, segundo a estratégia, pavimentaria a candidatura de Alckmin ao Planalto em 2018.

"Como pode a gente, que quer emplacar o discurso da nova política, fazer uma aliança baseada em puxada de tapete entre companheiros de partido? Isso não poderia dar certo nunca", finalizou o aliado de Marina, que participa diretamente das negociações dos palanques para as eleições de outubro.

Fonte: Valor Econômico

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