sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Eleição pauta reforma de Dilma

Planalto anuncia as primeiras mudanças na Esplanada e confirma Mercadante como novo ministro-chefe da Casa Civil. Troca-troca também vai atingir a equipe de comunicação do governo, para alinhar o discurso oficial com a campanha da reeleição

Paulo de Tarso Lyra, Grasielle Castro

Mais de uma semana depois da conversa com Arthur Chioro no gabinete presidencial e do início dos despachos de Aloizio Mercadante em um gabinete improvisado no quarto andar do Palácio do Planalto, a presidente Dilma Rousseff finalmente confirmou ontem, de maneira oficial, o nome do primeiro como novo ministro da Saúde, e do segundo, titular da poderosa Casa Civil. Na mesma nota, divulgada de manhã pela Secretaria de Comunicação da Presidência, foi informado que Mercadante será substituído pelo secretário executivo da Educação, José Henrique Paim. À tarde, Dilma acertou a saída da ministra da Comunicação, Helena Chagas. Ela será substituída pelo atual porta-voz da Presidência, Thomas Traumann.

A troca na equipe de comunicação, contudo, ainda não foi confirmada pelo governo. As informações oficiais veiculadas ao longo do dia de ontem apenas confirmaram que as posses de Chioro, Paim e Mercadante acontecerão na próxima segunda-feira, às 11 horas, no Palácio do Planalto. E que, ao longo do dia, se darão as transmissões de cargo na Educação e na Saúde. Na terça-feira à tarde, Mercadante será o responsável por levar ao Congresso Nacional a mensagem do Executivo para a abertura dos trabalhos do Poder Legislativo.

Função política
A nomeação de Mercadante para a Casa Civil corrobora a adoção de um estilo mais político para a pasta. Pouco prestigiado ao longo dos oito anos do governo Lula, o petista começou discreto, no Ministério da Ciência e Tecnologia, mas ganhou mais visibilidade ao ser indicado para o Ministério da Educação, em substituição ao atual prefeito de São Paulo, Fernando Haddad. Desde o fim do ano passado, passou a ser cotado para a Casa Civil, mas ainda havia dúvidas se ele poderia transformar-se em coordenador da campanha da reeleição. Dilma optou para que ele permanecesse no governo. A troca abriu espaço para o secretário executivo do MEC, Henrique Paim.

Chioro, que substituirá o pré-candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, é afilhado político do prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele está sob investigação do Ministério Público de São Paulo por ter presidido uma consultoria que prestou serviços para prefeituras do PT. Pressionado, Chioro anunciou que a consultoria será comandada pela mulher dele.

Comunicação
Já a mudança na equipe de comunicação decorre de uma avaliação do PT, da presidente e de articuladores políticos próximos a ela de que é fundamental um realinhamento entre o discurso de campanha e o do governo. “Não existia uma definição clara de comando. Além disso, não dá para dissociar estratégia de comunicação e de publicidade”, defendeu um analista político próximo de Dilma e de Lula.

A avaliação é que havia um problema grave de comunicação e que o governo tinha dificuldades em expor seus pontos de vista nos debates cotidianos, que incluem as denúncias de que as obras de infraestrutura para a Copa do Mundo não ficarão prontas até o meio do ano ou que o torneio da Fifa não deixará um legado para o país, como se espera em eventos desse porte. “Nós temos o que mostrar e não estamos conseguindo fazer isso por adotarmos uma estratégia equivocada”, completou esse analista.

A saída de Helena Chagas expõe uma batalha interna no governo. Segundo apurou o Correio, a troca era especulada desde o fim do ano passado. Em novembro, Helena teria procurado a presidente para defender sua política de comunicação — apontada como pouco agressiva por integrantes do PT — e dizer que, se a presidente desejasse mudar os rumos da pasta, que ficasse à vontade para substituí-la.

Segundo aliados de Helena, o redirecionamento da estratégia de comunicação passará por um tom mais incisivo e ácido daqui para frente. O PT já teria adotado essa tática quando, há três semanas, publicou, em sua página oficial no Facebook, um texto afirmando que o pré-candidato do PSB à Presidência, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, é um “playboy mimado”. “Aquilo foi um equívoco. É verdade que, em campanhas, sempre se cometem equívocos. O esforço é para que eles não sejam nem gigantescos nem, tampouco, prolongados”, disse um interlocutor de Lula.

Fonte: Correio Braziliense

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