terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Com saída do PT do governo Cabral, Pezão não descarta apoiar PSDB de Aécio

‘Aceito apoio de todos os partidos’, diz o vice-governador

Cássio Bruno

RIO - Um dia depois de o PT do Rio anunciar a saída do governo Sérgio Cabral em 28 de fevereiro, o vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) não descartou a possibilidade de se aproximar do PSDB, do senador Aécio Neves. Pré-candidato ao governo do Rio, Pezão afirmou ao GLOBO que, apesar de ter compromisso com a presidente Dilma Rousseff, vai conversar com o presidente regional do partido, Jorge Picciani, para saber que rumo deverá ser tomado.

- Aceito apoio de todos os partidos, mas o meu compromisso é com a presidente Dilma. Temos que conversar. Depois do fato consumado (saída do PT do governo Cabral), vou conversar com o presidente do partido (Picciani) - afirmou o vice-governador.

Pezão disse que ainda vai tentar um acordo com o PT fluminense, que tem como pré-candidato o senador Lindbergh Farias:

- Até junho, a minha luta é para ter o PT. Se não der certo, vamos ver o que acontece.

Perguntado, então, se as chances de apoiar Aécio e o PSDB eram zero, Pezão declarou:

- Zero nunca é. Mas muita água ainda vai rolar. É cedo para falar em eleição.

Pré-candidato à Presidência, Aécio Neves ainda não tem um pré-candidato ao governo do Rio. Alguns nomes já foram falados pelos tucanos, entre eles o do técnico de vôlei Bernardinho, que recusou o convite. Fala-se agora na ex-ministra do Supremo Tribunal Federal Ellen Graice, recém-filiada ao partido.

Ou seja: Aécio, por enquanto, não tem um palanque no estado.

- O PSDB quer ter um projeto próprio no Rio, que represente o novo. Mas nos interessa aproximar de várias seções do PMDB, como a do Rio. É possível. O Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes já foram do PSDB. No momento que houver uma ruptura (do PMDB com o PT), pode haver um diálogo com o PSDB. Só não queremos ser um contrapeso nas negociações do bloco governista - disse o deputado federal Marcus Pestana (PSDB-MG), um dos tucanos mais próximos de Aécio.

Na semana passada, a executiva nacional do PMDB cogitou fazer alianças regionais com o PSDB. Os peemedebistas estão insatisfeitos com a reforma ministerial da presidente Dilma. O assunto foi debatido durante um jantar no Palácio Jaburu, residência oficial do vice Michel Temer.

PMDB quer antecipar convenção para 26 de abril
O presidente do PMDB do Rio, Jorge Picciani, disse que o diretório nacional do partido pretende antecipar a convenção da legenda de 30 de junho para 26 de abril. No encontro, os peemedebistas querem aprovar um texto que condicione apoio da sigla à reeleição de Dilma somente se o PT pedir votos para candidatos do PMDB em estados como Rio, Ceará e Maranhão, estados onde o clima na aliança é tenso.

- Só nos estados do Ceará, Rio de Janeiro e Bahia já temos 35% dos diretórios. Há dissidências também no Tocantins, Paraná, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Pernambuco. É possível aprovar o fim da aliança nacional com o PT - ressaltou Picciani.

Ele criticou os petistas:

- Depois da afronta do presidente nacional do PT, Rui Falcão, que foi ao Ceará e, depois, ao Rio de Janeiro, desmanchando duas alianças, é porque o PT está disposto a correr o risco. A soberba do PT é que leva essa posição do PMDB.

O presidente regional do PSDB, Luiz Paulo Corrêa da Rocha, desconversou:

- Até o fim de março, queremos o Bernardinho. Por enquanto, não temos plano B. Só o Bernardinho.

Em maio do ano passado, durante uma reunião do PMDB, em Brasília, Sérgio Cabral lembrou a aliados sua íntima relação com Aécio. Ao comentar sobre a difícil missão de fazer com que o PT embarcasse na pré-candidatura de Pezão, Cabral disse:

- Não é bem assim que a gente não tenha alternativa. Eu tenho relação com várias pessoas no mundo político. O nome do meu filho é Marco Antônio Neves Cabral - disse, apontando para o filho, também presente ao encontro.

Marco Antônio é filho do primeiro casamento do governador, com Suzana Neves, que é parente de Aécio.

Caso o PT entregue mesmo os cargos da administração de Cabral em 28 de fevereiro, Cabral anunciou que também deixará no Palácio Guanabara na mesma data, conforme O GLOBO revelou no domingo. O objetivo é dar maior visibilidade a Pezão, que assumiria o governo. A data prevista para Cabral sair era em 31 de março.

A pressão do PT do Rio para abandonar Cabral e Pezão ocorre desde o segundo semestre do ano passado. Mas, até então, os petistas eram contidos pelo ex-presidente Lula para não provocar um desgaste com o PMDB na aliança nacional e não prejudicar a tentativa de reeleição de Dilma.

Fonte: O Globo

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