quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

2014 - O ano que não vamos esquecer

Os próximos 365 dias ficarão na memória do brasileiro. Na política, a segunda etapa do julgamento do mensalão e as possíveis manifestações de rua serão a prévia das eleições, que poderão manter o ciclo do PT no poder ou alçar novos dirigentes ao Palácio do Planalto. Qualquer que seja o novo presidente, herdará desafios imensos na economia, como uma trajetória de inflação alta e baixo crescimento. Antes que se defina tal cenário, no entanto, os olhos do mundo estarão voltados para o esporte: a Copado Mundo será um teste para o país, que ainda engatinha nos quesitos planejamento e infraestrutura. Lá fora, também é tempo de turbulência, sobretudo para o líder da nação mais poderosa do mundo: Barack Obama, que enfrenta os mais baixos índices de popularidade. Em Brasília, a população alimenta a esperança por sonhos particulares, como casar-se, abrir uma empresa ou ganhar uma competição, mas também vive as expectativas coletivas com os grandes eventos. Se Neymar decepcionar, ainda restarão os super-heróis da ficção. Sim, eles serão protagonistas da cultura em 2014.

Turbilhão à vista na política nacional

O ano de 2014, que começou oficialmente à meia-noite de hoje, tem tudo para deixar os próximos 365 dias marcados na memória de todos os brasileiros. É ano de eleição presidencial, de Copa do Mundo no Brasil, de ruas repletas de manifestantes pedindo transporte público de qualidade, saúde, educação e dignidade na política. Tempo em que o Supremo Tribunal Federal (STF) poderá decretar o fim das doações de empresas para campanhas eleitorais, abrindo espaço para a reforma política. E que os ministros devem terminar de julgar o mensalão petista e iniciar o julgamento de outros casos políticos emblemáticos, mostrando que não compõem uma Corte que persegue os militantes do PT.

O ano será delicado para a economia. O país já não é tão robusto quanto tempos atrás e é visto com desconfiança por investidores estrangeiros. Mesmo assim, a inflação dá sinais de que seguirá sob controle, e a presidente aposta na manutenção do emprego e da renda para se reeleger. Caso consiga permanecer por mais quatro anos no Planalto, o feito levará o PT a completar um ciclo hegemônico de 16 anos à frente do Executivo federal. "Eles falavam tanto em 20 anos no poder e nós já estamos há 12 aqui (no governo)", declarou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante o 5º Congresso do PT, realizado no início de dezembro, em Brasília. "Eles", no caso, são os tucanos, que governaram o Brasil com Fernando Henrique Cardoso por oito anos e ressuscitaram o capital político do ex-presidente para alavancar a candidatura do senador mineiro Aécio Neves (PSDB).

Um dos adversários de Dilma que tentará impedir a permanência do PT no Planalto, Aécio subiu o tom das críticas ao governo nos últimos dias, acusando a presidente de viver em uma "ilha da fantasia". Para ele, durante o pronunciamento em cadeia de rádio e tevê que fez no domingo passado, Dilma errou ao não abordar questões que estiveram presentes na vida dos brasileiros em 2013. "Nenhuma menção à situação das empresas públicas, à inflação acima do centro de meta, à situação das estradas, à crise da segurança e à epidemia do crack", atacou o tucano, em nota.

Na briga pelas chaves do Palácio do Planato, há ainda Eduardo Campos (PSB), que rompeu a parceria de 10 anos com o PT para planejar o voo solo rumo à Presidência da República. Campos quer incorporar a imagem do novo, de opção à polarização PT-PSDB. Ele também criticou o Planalto nos últimos dias e direcionou a artilharia para as visitas que Dilma fez a Minas Gerais, em 27 de dezembro, e ao Espírito Santo, no dia 24, para vistoriar o estrago das chuvas nos dois estados. "Olha, eu sempre digo que não adianta colocar uma tranca na porta da sala depois que o ladrão já assaltou a casa. E esse é um dos maiores problemas da velha política do Brasil: só existem quando ocorrem. Não há a menor estratégia para tentar evitá-los ou reduzir o impacto antes que eles aconteçam", escreveu Eduardo, no domingo, em uma rede social.

As declarações do governador pernambucano levaram o Planalto a reagir, e a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, também utilizou a internet para rebater as críticas. "Lamentável o oportunismo político do governador Eduardo Campos em usar momentos de desgraça para tentar se promover. Tudo o que foi proposto pelo Ministério da Integração para agilizar socorro, reconstrução e prevenção a desastres naturais foi encaminhado", registrou a ministra, por meio da conta da Casa Civil em uma rede social.

Tanto Aécio quanto Campos têm um desafio em comum: conquistar a confiança do eleitorado. A presidente está em situação melhor do que os concorrentes, mas, mesmo assim, sofreu após junho. Antes das manifestações de rua, ela tinha 67% de aprovação do eleitorado. Hoje, está com 43%. A classe política anda desgastada perante a opinião pública. Nomes como o do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), que deixa o cargo em março para concorrer ao Senado, foram afetados com a redução de popularidade nas pesquisas de intenção de voto. Apresentado como alternativa aos quadros políticos tradicionais, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), também despencou na avaliação positiva em seu primeiro ano de mandato e torce por dias melhores a partir de hoje.

Copa do Mundo
Este será o ano da Copa do Mundo. Desde que o general Emílio Garrastazu Médici associou a própria imagem à equipe tricampeã em 1970, acredita-se que o êxito da Seleção Brasileira ajuda a obter sucesso na disputa presidencial. Ledo engano. Em 2002, o Brasil foi pentacampeão mundial e Lula derrotou os tucanos, no posto desde 1995. Em 2006 e em 2010, o Brasil voltou mais cedo para casa e os petistas mantiveram-se no Planalto. "O resultado será mais fora do campo do que dentro. Se a Copa der certo, do ponto de vista organizacional, o governo levará vantagem", aposta um aliado de Dilma.

Antes de saber se o resultado final será positivo — tanto para a Seleção quanto para a presidente —, contudo, espera-se novamente as ruas cheias de manifestantes. "Os movimentos sociais, com certeza, ditarão as regras neste ano. Tendo como estopim os gastos para a Copa do Mundo, as pessoas retomarão, com muito mais intensidade, os protestos iniciados em 2013 e que atordoaram os governantes, impondo uma nova ordem política ao país", acredita o cientista político Rafael Cortez.

Para o deputado Walter Feldmann (PSB-SP), que a Rede pressiona para concorrer ao governo de São Paulo, apesar de os socialistas torcerem para uma aliança com o governador Geraldo Alckmin (PSDB), este será o ano "que mudará os rumos do Brasil". Na opinião dele, o otimismo não é discurso vazio de político: "2013 foi uma preliminar para mostrar que o polo de mudança do país não está mais nas mãos da classe política, mas da população. Ainda existem pessoas que mantêm o pensamento antigo, mas elas perceberão que, daqui em diante, um novo pacto com a sociedade terá de ser firmado".

Fonte: Correio Braziliense

Um comentário:

Anônimo disse...

Já que estão falando tanto do desgaste político dele, vamos falar também das coisas boas que ele trouxe em seu governo, dos avanços em segurança e saúde aqui no Rio de janeiro...