quarta-feira, 16 de outubro de 2013

OPINIÃO DO DIA - Denise Rothemburg: insatisfação latente

Quem acompanha o dia a dia, percebe que existe uma insatisfação latente nos supermercados, nos pacientes dos hospitais, nos cidadãos que diariamente utilizam transporte coletivo ou perdem horas no trânsito. Há uma avaliação do governo que as pessoas abandonaram os movimentos de rua por causa da violência que tomou conta das manifestações, não porque têm a sensação de que tudo está melhor. Daí, a preocupação de que a massa retome seu poder de mobilização ao perceber um estopim forte, como ocorreu por causa do aumento do preço das passagens de ônibus em São Paulo, espalhando-se por todo o país.

Denise Rothemburg, “Os temores da hora”, Correio Braziliense, 15 de outubro de 2013.

Dilma multiplica viagens e entrega casas sem água e luz

Presidente passou 51 dias do ano em deslocamentos pelo país, recorde da gestão

Governo dá prioridade a obras de moradias, formaturas de escolas técnicas e distribuição de máquinas a prefeitos

Patrícia Britto, Aguirre Talento

VITÓRIA DA CONQUISTA e SALVADOR (BA) - Neste ano pré-eleitoral, a presidente Dilma Rousseff ampliou o ritmo de viagens nacionais, com agendas repetidas e entrega de moradias sem água e energia elétrica.

De janeiro a ontem, quando visitou duas cidades baianas, a pré-candidata à reeleição passou 51 dias em deslocamentos pelo país, marca 13% acima do mesmo período de 2011 e 34% ante 2012.

Sem obras de impacto para entregar, já que vitrines como ferrovias e transposição do rio São Francisco seguem longe das metas iniciais, ela tem focado as cerimônias de viagens em ações de alcance local. Participou este ano de 11 eventos para entregar retroescavadeiras e outras máquinas a prefeitos.

Desde julho, também nas visitas aos Estados, intensificou as agendas relacionadas à formatura de alunos do Pronatec, programa de ensino profissionalizante do governo que é vendido como "porta de saída" do Bolsa Família, por oferecer cursos aos beneficiários do programa.

Já foram seis eventos desse tipo em 2013, como em Ceará-Mirim (RN), neste mês.

As inaugurações de unidades habitacionais de programas federais também ocupam posição privilegiada e já contaram com a presença de Dilma sete vezes neste ano.

Foi assim ontem, em Vitória da Conquista (BA), quando participou de evento para entrega de 1.740 unidades do Minha Casa Minha Vida. Parte delas, porém, mesmo já com os novos moradores, segue sem luz e água encanada.

Beneficiários passam as noites a luz de velas, usam baldes com água trazida de outros locais e contam com ajuda de vizinhos que já têm água ou energia em casa.
A depiladora Laura dos Santos Ribeiro, 66, mora desde sábado passado em uma casa sem água e luz. "Está sendo difícil. Acho um descaso".

Sem energia, a bateria do celular vive descarregada. "Não estou trabalhando, só correndo atrás dos carros da Coelba [companhia de energia da Bahia]", disse.

O mesmo problema enfrenta a telefonista Verônica Santana Sousa, 31. "Não pude nem comprar comida, porque não tem como conservar."

Já a doméstica Selma Ramos, 48, disse que aguarda a instalação da energia para se mudar para a nova casa.

"Fiz o pedido na quinta-feira e até agora nada", disse.

A dona de casa Creuzeci da Silva, 65, disse que solicitou a instalação da luz na segunda-feira da semana passada. "Não posso vir no escuro. Botei lâmpada e tudo, estou só esperando chegar a energia."

A casa dela também ainda não tem água nas torneiras.

Segundo o governo baiano, das 1.740 unidades entregues, só 378 tinham energia até a tarde de ontem. Até as moradias do bloco usado por Dilma para simbolizar a entrega das casas estavam sem luz.

Colaborou Mário Bittencourt, em Vitória da Conquista (BA)

Fonte: Folha de S. Paulo

Campanha na rua: Dilma e Marina concentram ataques

Sob ataque de Marina Silva, a presidente Dilma Rousseff negou ontem que seu governo tenha abandonado o controle fiscal e da inflação, além do câmbio flutuante. Já a ex-senadora reforçou as críticas, dizendo que Dilma convive com chantagem do Congresso.

Dilma rebate críticas e afirma não esquecer tripé da economia

Para presidente, inflação e contas públicas estão "absolutamente sob controle"

Biaggio Talento* e Luiz a Damé

SALVADOR E BRASÍLIA- Depois das críticas da ex-senadora Marina Silva à política econômica do governo, a presidente Dilma Rousseff negou ontem, em entrevista durante cerimônia de anúncio de recursos para o metrô de Salvador, que sua administração tenha abandonado o tripé da política macroeconômica, sustentado pelo câmbio flexível, pelo controle da inflação e pelo controle dos gastos públicos.

A presidente se valeu dos principais elementos da economia brasileira para contrapor Marina, que firmou aliança com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), para a disputa presidencial de 2014. De acordo com Dilma, os pilares da economia brasileira "jamais foram abandonados":

— Meus queridos, jamais foi abandonado o tripé macroeconômico. Inflação sob controle, contas públicas absolutamente sob controle, inclusive com queda na participação no PIB dos três principais itens do Orçamento público federal. A saber: Previdência, pessoal e pagamento de juros. Quando o Brasil teve entre U$$ 376 bilhões e US$ 378 bilhões de reservas? Por isso, meus queridos, (o tripé macroeconômico) nunca foi abandonado.

Marina diz que administração é retrocesso

Marina havia declarado em Recife, anteontem, que a marca da administração de Dilma na área econômica seria um retrocesso, e que a condução da área vinha sendo feita com "alguma negligência em função da ansiedade política", achando que isso poria em risco as conquistas adquiridas desde o início da estabilização econômica.

Dilma deu a resposta sem citar Marina e deixou o local sem responder a mais perguntas. No discurso, durante a solenidade sobre a Mobilidade Urbana, não fez referências aos seus prováveis adversários diretos na campanha presidencial de 2014. Usando a questão do metrô, optou por repetir críticas aos governos passados, anteriores à era petista e que, na sua visão, não teriam se preocupado em investir em transporte de massa.

Ontem, depois de afirmar que os candidatos a presidente têm de estudar mais para conhecer os problemas do país, a presidente Dilma usou as redes sociais para alimentar a polêmica com os adversários, especialmente Marina Silva, que ironizou "o conselho de professora". Em sua conta oficial no Twitter, Dilma disse que as pessoas nunca param de aprender: "Acredito que a gente nunca para de aprender. Aprendemos sempre, aprendemos com as outras pessoas, aprendemos estudando. Não acredito naqueles soberbos que julgam que nascem sabendo ou que já aprenderam tudo. Serei sempre uma aluna do mundo".

Dilma defende valorização do magistério

Ao celebrar o Dia do Professor, Dilma disse que é filha de professora e defendeu a valorização do magistério. E mais uma vez, como fizera em junho, fez uma referência aos que, segundo ela, são adeptos do "quanto pior, melhor" Falou disso ao homenagear seus professores do Colégio Estadual Central, de Belo Horizonte:

"Lá no Colégio Estadual Central fui apresentada ao Velho do Restelo, personagem de Camões, ícone do mau agouro. A vida me ensinou a enfrentar e superar os Velhos do Restelo, que sempre apostam no quanto pior, melhor"

Dilma também homenageou a economista Maria da Conceição Tavares. Segundo Dilma, Maria da Conceição foi a inspiração do lema de seu govemo "País rico é país sem pobreza" e uma das maiores críticas no Brasil ao "crescimento com concentração de renda dos anos 70. (*Agência A Tarde)

Fonte: O Globo

Dilma responde a Marina que tripé econômico ainda vale

A presidente Dilma anunciou investimentos do PAC em mobilidade urbana, em resposta às críticas da ex-ministra Marina Silva de que seu governo foi negligente com o tripé econômico formado por geração de superávits primários nas contas públicas, regime de câmbio flutuante e metas para a inflação. Dilma declarou que o tripé econômico nunca foi abandonado.

Dilma reage a Marina no microfone e na internet

Presidente rebate críticas à economia em entrevista; no Twitter, realimenta polêmica

A presidente Dilma Rousseff rebateu ontem, em duas oportunidades, declarações da ex-ministra Marina Silva, nova aliada do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, na disputa ao Palácio do Planalto em 2014. Ela aproveitou ainda o palanque de um evento oficial do qual participava, na Bahia, para rebater críticas sobre o baixo crescimento econômico, dizendo que um país desenvolvido não é apenas aquele onde o PIB cresce.

A primeira reação de Dilma que teve Marina como alvo aconteceu via internet. Em sua conta no Twitter, a presidente realimentou a polêmica inicia¬da por ela mesma anteontem, em Minas Gerais. Em uma entrevista a uma rádio naquele Estado, Dilma afirmou que seus adversários nas eleições presidenciais do ano que vão precisar "estudar muito" sobre o País. Marina respondeu, no mesmo dia, que "difícil são aqueles que acham que já não têm mais o que aprender". A ex-ministra ainda ironizou a presidente, que segundo ela estava dando um "conselho de professora". Ontem, no microblog, Dilma postou: "Não acredito na¬queles soberbos que acham que nascem sabendo ou que já aprenderam tudo. Serei sempre uma aluna do mundo."-

Mais tarde, Dilma aproveitou um evento em Salvador, na Ba¬hia, para responder a outra crítica de Marina segundo a qual seu governo foi negligente com o tri¬pé econômico criado ainda no governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002): altos superávits primários nas contas públicas, regime de câmbio flutuante e metas para a inflação.

"A inflação está sob controle, as contas públicas (estão) absolutamente sob controle. Inclusive com queda na participação do PIB dos três principais itens do orçamento federal: previdência, pessoal e pagamento dos juros. Quando o Brasil teve US$ 378 bilhões de dólares de reserva? Por isso, queridos, o tripé nunca foi abandonado", disse a presidente numa breve entre¬vista a jornalistas que acompanhavam o evento oficial em que assinou, ao lado do governador Jaques Wagner (PT) e do prefeito de Salvador, Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM), um contrato de PPP (Parceria Público Privada) para a construção e operação do sistema metroviário da capital baiana e de Lauro de Freitas, na região metropolitana. Do montante total a ser investido no projeto, R$ 3,9 bilhões, o governo federal vai arcar com R$ 1,3 bilhão, proveniente do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

As respostas diretas em público de Dilma a Marina refletem uma preocupação que a presidente já vinha demonstrando em reuniões reservadas com aliados. Nessas reuniões políticas, a petista afirmou que era preciso atenção à parceria com o governador de Pernambuco, porque a ex-ministra não era "uma pessoa qualquer". Marina se uniu a Campos após ver rejeitado o pedido de criação de seu partido, a Rede. Marina, então, se filiou ao PSB do governador de Pernambuco para ter legenda no ano que vem. Ainda não está claro quem será o candidato à presidência nessa parceria.

Crescimento. Horas antes do evento em Salvador, Dilma participou de um evento em Vitória da Conquista (mais informações abaixo). Nele, rebateu críticas de quem reclama do baixo crescimento do Brasil. "País desenvolvido não é o país em que o PIB cresce, em que você mede a qualidade de vida das pessoas pela quantidade de produtos, em um país desenvolvido, você mede a qualidade de vida pelo conforto que as pessoas têm, pelo acesso que têm à casa pró¬pria, pelo emprego que elas conseguem, pela qualidade da saúde que ela recebe, pela qualidade da educação que ela recebe", disse. "Quando nós tivermos esses índices melhores, nós seremos uma nação desenvolvida."

Em seguida, ressaltou: "É óbvio que a gente precisa que a economia cresça, é óbvio que agente precisa que o PIB cresça, mas no Brasil temos a experiência do passado em que o PIB crescia e a renda se concentrava na mão de poucos. Queremos que o PIB cresça, mas que a renda seja distribuída. Por isso fizemos o Bolsa Família, o Minha Casa, Minha Vida e o Mais Médicos.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Aliados exigem "combo Lula-Dilma" para apoiar projeto petista de reeleição

João Domingos, Eduardo Bresciani

BRASÍLIA - Aliados do governo federal exigiram ontem, em negociações para cimentar o apoio ao projeto de reeleição da presidente Dilma Rousseff, que a agenda do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na eleição esteja atrelada aos acordos firmados pelo PT. Isso significa que o acerto sobre a participação da presidente na campanha do aliado terá que valer também para Lula.

O ex-presidente já anunciou que em 2014 percorrerá o País em uma agenda própria e independente da de Dilma, uma vez que ela, ao contrário da eleição de 2010, já se tornou conhecida do eleitor. O receio dos aliados é de que os acordos cie 2014 feitos com o PT não incluam Lula, cujo apelo eleitoral e poder de transferência de votos, segundo pesquisas, é maior do que o de Dilma. Isso explicaria a exigência do "combo Lula-Dilma".

As conversas para garantir o apoio a Dilma em 2014 envolvem, também, espaços no governo e concessões do PT na formação dos palanques estaduais.

Ontem, o presidente do PT, Rui Falcão, desembarcou em Brasília para uma série de encontros com aliados. O ministro da Educação, Aloizio Mercadante (PT), provável coordenador político da reeleição de Dilma, participou de algumas conversas, que ocorreram no gabinete dele no Ministério da Educação.

Mercadante tinha em sua agenda despachos internos a partir das 16I130. Mas o presidente do PT se instalou no gabinete do ministro, para onde seguiram alguns dos dirigentes dos partidos da base aliada.

Os primeiros a chegar foram o presidente nacional do PR, senador Alfredo Nascimento (AM), e o senador Antonio Carlos Rodrigues, presidente do PR paulista. Depois deles, apareceram o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), e o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB). "Recebi um chamado do ministro Mercadante, que quer conversar sobre o quadro eleitoral", disse Ciro ao chegar ao Ministério da Educação, aparentando surpresa com o fato de Rui Falcão já estar na sala o aguardando.

Chapa "EduMarina". A movimentação toda ocorre dez dias depois da adesão da ex-ministra Marina Silva ao PSB do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, provável candidato a presidente contra Dilma em 2014. Também se dá dias depois de pesquisas de intenção de voto apontarem vitória de Dilma no primeiro turno, mas com um cenário de crescimento de Eduardo Campos.

Mercadante disse ao Estado que a conversa com os partidos aliados está "indo muito bem". "As perspectivas de manter a aliança são ótimas. E nossas conversas com o PR e o PP estão muito avançadas." A assessoria de Mercadante afirmou que a legislação eleitoral não veda a realização de encontros partidários no horário do expediente.

Mercadante admitiu que partiu dele a iniciativa de chamar dirigentes do PR e a cúpula do PP para as conversas de ontem. Hoje, Rui Falcão e Mercadante devem conversar com o presidente do PDT, Carlos Lúpi.

A antecipação das negociações com os partidos governistas foi acertada na quinta-feira passada em reunião de Lula com Dilma, Mercadante, Falcão, o ex-ministro Franklin Martins e o marqueteiro João Santana. Lula sugeriu a Dilma que amarrasse os aliados com a maior urgência possível diante do assédio do tucano Aécio Neves e de Campos, ambos prováveis adversários.

Ontem, o presidente interino do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), informou a Rui Falcão que seu partido fará aliança com Eduardo Campos em Pernambuco e no Piauí. Raupp disse ainda que o PMDB e o PT serão adversários em nove Estados, entre eles São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia, três dos maiores colégios eleitorais do País.

Maranhão. No Maranhão, a decisão da cúpula petista é apoiar Flávio Dino (PC do B), mas a "traição" ao grupo do senador José Sarney (PMDB) contrariou o PMDB e levou a Planalto divulgar ontem nota afirmando que "não existe interferência presidencial na eleição do Maranhão". O Planalto trata a possível aliança com Dino como "especulação".

O PMDB aguarda ainda a nomeação do senador Vital do Rêgo (PB) para o Ministério da Integração Nacional.

O PP espera do PT coligação para as eleições de deputados, pois tem como seu principal objetivo ampliar a bancada, hoje de 44 parlamentares. O partido exige, ainda, a manutenção do Ministério das Cidades. No Amazonas, quer apoio de Lula e Dilma para eleger a deputada Rebecca Garcia ao governo.

Já o PR pretende tirar de Dilma e do governo a garantia de que o Ministério dos Transportes ficará com o partido.

O que a base quer

No atacado
O combo Lula-Dilma. Base exige que acordos eleitorais feitos com a presidente Dilma Rousseff também valham para o ex-presidente Lula
No varejo
PMDB
Ministério da Integração Nacional para os senador Vital do Rêgo Filho
Apoio do PT em em CE, MT, MS, AC, AP, MG e PReMA
Exige manutenção de Agui naldo Ribeiro no Ministério das Cidades.
Quer coligar com o PT nas eleições proporcionais para aumentar as bancadas
Quer apoio do PT a candidatura de Rebeca Garcia ao governo de Amazonas
PR
Exige o Ministério dos Transportes, mesmo que César Borges deixe a pasta
Apoio à reeleição do senador Alfredo Nascimento (AM)
Apoio do PT à candidatura a governador de Anthony Garotinho (RJ)
PTB
Reivindica um ministério na Esplanada
Apoio do PT às candidaturas ao governo nos seguintes Estados: PE, AP e TO
Apoio à reeleição dos senadores Fernando Collor (AL), GimArgello (DF), João Vicente Claudino (PI) e Mozarildo Cavalcanti (RR)
PDT
Apoio à eleição de seis candidatos a governador: AP, AM, DF, MT, RJ e RS

"Nunca me deram uma trégua", diz Lula sobre mídia

O ex-presidente Lula, ao discursar ontem no. J2 Congresso Internacional de Responsabilidade Social Empresarial da Argentina, reiterou críticas à imprensa brasileira e afirmou que "não há saída fora da política". Sobre a mídia, o petista disse que "os donos de jornais e canais de T¥ (no Brasil) ganharam muito dinheiro" em seu governo, "Mas nursoa me deram trégua, Nunca deram uma manchete positiva em meu governo. Não me lembro de momento algum em que falaram "Lula é bom"."

Segundo o ex-presidente, a imprensa contribui para o descrédito da classe política, "Muitos colunistas tentam desacreditar os políticos", afirmou, para em seguida acrescentar: "Mas fora da política não há saída!". "Eu não tenho vergonha de meus deputados nem de minha presidente. Quem quiser um partido melhor que crie um partido político!", exclamou Lula, ovacionado por prefeitos, vereadores, e deputados estaduais da província de Buenos Aires, além de ministros do governo Cristina Kirchner. / Ariel. Palácios

Fonte: O Estado de S. Paulo

Não adianta ter tempo de TV e não ter o que dizer, diz Campos

Lideranças do PSB e Rede buscam afinar discurso e governador de Pernambuco reforça que aliança com Marina vai além do eleitoral

Angela Lacerda

RECIFE - Na tentativa de afinar os discursos do PSB e da Rede, o governador de Pernambuco e presidente da legenda, Eduardo Campos, afirmou que os dois partidos estão discutindo um programa conjunto e que o foco não é só o "eleitoral". "Não adianta ter o tempo de televisão e não ter o que dizer", afirmou Campos nesta terça-feira, 15.

Na noite desta segunda, 14, lideranças do PSB e da Rede participaram de um jantar na casa do governador para falar sobre a aliança com a ex-senadora Marina Silva. Campos procurou reforçar que PSB e Rede estão discutindo um programa e que é possível construir uma alternativa. "Não estamos discutindo o eleitoral, não é a soma de tempo e televisão", afirmou ao ser perguntado sobre a declaração de Marina, em uma coletiva à tarde, de que é melhor "perder ganhando do que ganhar perdendo".

De acordo com o deputado federal Beto Albuquerque, líder do PSB na Câmara, que esteve presente no jantar, as duas legendas estão compromissadas em conversar sem "impor nada". "Temos que aprender a coexistir, a conviver, enfrentar as divergências, esta é a virtude da nossa união (Rede e PSB), sem impor nada a ninguém", afirmou o deputado, ao frisar que a aliança só abrirá espaço "para conversar com os outros depois que estiver com a orquestra afinada".

Para isso, Rede e PSB preveem a realização de seminários em São Paulo e no Rio para os representantes das duas legendas apresentarem contribuições. "Tem razão Marina e eu, que já ganhei ganhando, sei que não vale a pena ganhar perdendo, é preciso ter as condições para executar os compromissos assumidos com a sociedade", completou Campos nesta terça.

Retrocesso. O governador comentou com cautela a declaração de Marina de que a marca do governo Dilma é "do retrocesso ou risco do retrocesso". Segundo ele, não é possível para fazer um balanço dos quatro anos da gestão presidente, mas afirmou que ele e Marina fazem o mesmo reconhecimento, cada um por um caminho, de que as conquistas das últimas três décadas podem ser colocados em situação de vulnerabilidade.

"Se não se aproxima a sociedade das instituições e não se retoma o prestígio das instituições perante o julgamento popular, se fragiliza a democracia", pontuou. "Se não melhora o padrão da nossa economia, não contém a inflação, não melhora os fundamentos macroeconômicos e não faz a sinergia entre a política econômica e a monetária, vamos fragilizar a conquista da estabilidade".

Fonte: O Estado de S. Paulo

Campos critica política econômica do governo e diz que ‘é sempre bom estudar’

Governador de Pernambuco defendeu posição da aliada Marina Silva e rebateu fala de Dilma

Jamildo Melo

RECIFE — O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, disse nesta terça-feira que o debate proposto pela Rede e pelo PSB sobre a economia ajudam o Brasil e o governo Dilma a olhar para o futuro. Em seminário internacional, de forma direta, Campos também respondeu a declarações de Dilma, que havia sugerido aos adversários estudar o Brasil.

— Eu acho que estudar é sempre bom. Todo mundo estudar sempre é bom. Eu, todo dia, preciso estudar alguma coisa. Acho fundamental que a gente possa aprender, ter ouvidos abertos. Estudar nos livros, estudar na academia e aprender com o povo. Tudo isto é fundamental.

Campos defendeu a importância do capital privado para impulsionar um crescimento sustentável e o discurso de Marina Silva, segundo o qual houve retrocesso na política econômica.

— Eu tenho acompanhado o que Marina tem falado, nos debates. É uma crítica que muitos tem levantado. A própria imprensa. Os analistas econômicos tem levantado críticas. Mais do que levantar críticas, tem se apontado também caminhos. É esse debate que nos interessa fazer. Um debate em que a gente reconhece exatamente o que houve de bom, de maneira positiva na vida brasileira nos últimos anos, mas a gente, de outro lado, também reconhece a necessidade de aprofundar o debate para legar ao País uma retomada do crescimento.

As declarações sobre a situação econômica do país foram feitas nesta manhã, quando Campos participou da abertura da 30ª Conferência Mundial de Parques Científicos e Tecnológicos da IASP (International Association of Science Parks) e do 23º Seminário Nacional de Parques Tecnológicos e Incubadoras de Empresas, em Recife.

— Eu acho que a gente demorou a tomar a iniciativa de chamar a iniciativa privada, seja para as parcerias público privadas, seja para as concessões. E, neste momento, é importante que a gente veja este desafio da infraestrutura como desafio importante para aumentar a produtividade da economia como qualidade de vida nas cidades —declarou.

Ao defender regras claras nas concessões de obras públicas, Eduardo Campos voltou a criticar o atual governo federal, em tom de reclamação.

— Temos que ter regras claras, que passem confiança, para os investimentos que tem retorno em 25 anos. É fundamental para os agentes econômicos que eles percebam que há um rumo estratégico para 25 anos. Se eles imaginam que o país está sendo discutido só para a próxima eleição, ele bota os dois pés atrás, antes de colocar recursos (nas PPPs). Por isto que o debate com a Rede ajuda o Brasil. Esse olhar estratégico ele ajuda o Brasil e ajuda o governo brasileiro — destacou.

Fonte: O Globo

PMDB do Rio prepara retaliação contra apoio do PT a Lindbergh

Partido ameaça não apoiar reeleição da presidente Dilma no estado

Cássio Bruno, Juliana Castro, Paulo Celso Pereira e Fernanda Krakovics

RIO e BRASÍLIA - O movimento da direção nacional do PT de tratar como prioridade absoluta a candidatura ao governo do senador Lindbergh Farias ampliou o clima de animosidade entre o partido e o PMDB, que prepara retaliação. Os peemedebistas decidiram tornar pública uma ameaça: caso o PT insista em lançar um adversário à candidatura do vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), o diretório fluminense não apoiará a aliança à reeleição da presidente Dilma Rousseff na convenção nacional do PMDB — na qual o Rio responde por 15% dos votos.

A gota d"água foi justamente a declaração do presidente do PT, Rui Falcão, na sexta-feira, no Rio, defendendo a candidatura de Lindbergh como prioritária. Especialmente porque, na véspera, Falcão se reunira com Dilma e o ex-presidente Lula, o que indicava que era uma decisão da cúpula do governo e do PT.

Na noite de domingo, os 12 principais caciques do partido no estado — entre eles o governador Sérgio Cabral, Pezão, o prefeito Eduardo Paes, o presidente estadual da legenda, Jorge Picciani, o presidente da Assembleia Legislativa, Paulo Melo, e o líder do partido na Câmara, Eduardo Cunha — reuniram-se na residência oficial da Gávea Pequena para debater o futuro da relação. Na avaliação do grupo, o apoio de Falcão a Lindbergh surpreendeu.

O presidente do PT, Rui Falcão, e o governador Sérgio Cabral marcaram para amanhã uma reunião no Rio, mas a situação é delicada.

— O PT tem que decidir se quer o Planalto ou o estado. Não existe aliança só de um lado. Não haverá palanque duplo no Rio — disse Eduardo Cunha.

O embate mostra também o desgaste de Cabral depois da força dos protestos no Rio e da repercussão do desaparecimento do pedreiro Amarildo. Cabral já não tem o potencial eleitoral que o reelegeu com 66% dos votos. Soma-se a isso o fato de partidos aliados, como o PSB e o PCdoB, estarem de saída da atual gestão. Da aliança que elegeu Cabral, sobraram apenas PP, PDT, PTB e partidos nanicos.

Para pressionar o PT e o ex-presidente Lula, Cabral foi duro ao descartar palanque duplo em favor de Dilma.

— Cabral ficou extremamente aborrecido com as declarações de Falcão e reafirmou que não aceita palanque duplo. Se o PT insistir, ele não descarta apoiar outro candidato à Presidência ou mesmo nenhum — afirmou um dos principais aliados de Cabral.

Em maio, em jantar com governadores do PMDB, Cabral citou sua íntima relação com o senador Aécio Neves, pré-candidato do PSDB contra Dilma, para tentar minar a pré-candidatura de Lindbergh. O governador lembrou que seu filho Marco Antônio é parente do tucano.

O secretário-geral do PMDB do Rio, Carlos Alberto Muniz, afirmou que o partido quer manter a aliança com o PT, mas não vai tolerar provocações dos petistas:

— O que está claro e é importante o PT saber é que temos a hegemonia política no estado, a esmagadora maioria das prefeituras, o governo do estado e nossa bancada federal. Não prevalecerá uma aventura (de : lançar Lindbergh) que destrua o que está dando certo.

Cabral decidiu na reunião que tentará retardar a saída do PT do seu governo, para que a candidatura do partido de Dilma, como oposição a seu governo, soe ; oportunista.

— O PT tem duas secretarias importantíssimas no governo. Não podemos admitir que o PT faça com a gente o que o governador Eduardo Campos fez com a Dilma: usufrua do governo e largue em cima da hora — afirmou Paulo Melo.

Lindbergh Farias aposta na data de 30 de novembro para o desembarque do governo fluminense. Mas, Rui Falcão diz que não há data acertada.

Para petistas, Cabral se esforça para adiar a saída do PT na expectativa de que a candidatura de Eduardo Campos cresça e o apoio do PMDB do Rio se,torne imprescindível para Dilma. Aí a direção nacional do PT rifaria a candidatura de Lindbergh. É para não correr riscos que o senador quer apressar a saída do governo Cabral. Em conversas ontem, ele minimizou a ameaça do PMDB do Rio de não apoiar Dilma Rousseff:

— E o Aécio vai querer?

Fonte: O Globo

Ofensiva contra Marina

Presidente Dilma monta estratégia de olho nos indecisos e nos eleitores descontentes com a aliança entre a ex-ministra do governo Lula e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos

Paulo de Tarso Lyra, Daniela Garcia e Julia Schiaffarino

BRASÍLIA E RECIFE – A presidente Dilma Rousseff lançou uma ofensiva contra Marina Silva na tentativa de captar os votos dos eleitores indecisos ou daqueles que desaprovaram a união da ex-senadora com o presidente do PSB, Eduardo Campos. Ambas estão trocando farpas há dois dias, por meio de entrevistas e postagens nas redes sociais. Além disso, Dilma lança amanhã um plano de agroecologia sustentável e vai intensificar as viagens ao Nordeste até o fim de novembro, para abafar o prestígio do governador de Pernambuco na região.

A avaliação do Planalto é que o resultado da pesquisa Datafolha do fim de semana – mostrando Dilma Rousseff com 42% das intenções de voto, Aécio Neves (PSDB-MG) com 21% e Eduardo Campos (PSB-PE) com 15% – é o grid de largada da eleição presidencial de 2014. A partir daí, o esforço é para angariar o máximo de eleitores que não se alinharam a nenhuma candidatura até o momento.

Dilma escolheu Marina como antagonista por reconhecer o estrago que a ex-senadora pode fazer nos planos petistas de reeleição para o Planalto. "As coisas estão bem encaminhadas. Mas é claro que se houver a crise econômica ou a Marina for a candidata no lugar de Eduardo, as coisas ficam mais difíceis", admitiu um aliado da presidente.

Na última segunda-feira, Dilma sugeriu que opositores devem estudar para apresentar propostas para o país. "Acredito que as pessoas que querem concorrer ao cargo têm de se preparar, estudar muito, ver quais são os problemas do Brasil, ter propostas. Eu passo o dia inteiro fazendo o quê? Governando", afirmou ela, durante visita a Minas Gerais. Em resposta à petista, Marina, respondeu, horas mais tarde, no Recife: "Ela (Dilma) deu um conselho de professora. Eu acho que ela dá um conselho muito bom porque aprender é sempre uma coisa muito boa. Difícil são aqueles que acham que já não têm mais o que aprender e só conseguem ensinar", disse Marina.

Dilma desembarcou ontem na Bahia, mas não esqueceu a resposta dada pela ex-senadora. E achou que merecia uma tréplica, embalada pelo Dia do Professor. A resposta veio pelo Twitter: "Acredito que a gente nunca para de aprender, aprendemos sempre, aprendemos com as outras pessoas, aprendemos estudando. Não acredito naqueles soberbos que julgam que nascem sabendo ou que já aprenderam tudo. Serei sempre uma aluna do mundo", escreveu, no microblog.

Aliado de Marina, Eduardo Campos resolveu entrar na disputa pedagógica, mas em tom bem mais ameno. "Estudar sempre é bom. Eu todo dia procuro estudar alguma coisa", afirmou ele, durante um evento de tecnologia no Recife.

Moradia. À noite, novos ataques de Marina. Em entrevista ao Programa do Jô, a ex-senadora afirmou que é preciso acabar com a polarização entre PT e PSDB e disse que a presidente é chantageada pelo Congresso há quatro anos. "A gente não suporta mais o que está aí. Eu acho que a gente pensa sempre, no processo político, na perspectiva de projeto de poder. Eu insisto que é preciso um projeto de país e essa disputa será boa para todo mundo. E eu não consigo imaginar que a presidente Dilma Rousseff possa se sentir tranquila mais quatro anos sendo chantageada pelo Congresso", afirmou.

A ex-senadora defendeu que a base de sustentação de um governo precisa ser montada apoiada em um programa para o país e não moldada apenas em distribuição de cargos a pessoas sem identidade para ocupá-lo. "A composição não precisa ser feita na distribuição de partes do Estado. É possível ter uma base de sustentação a partir de um programa", disse ela, afirmando ser necessário "aposentar a Velha República".

Ontem, em Vitória da Conquista, na Bahia, em clima de campanha eleitoral, a presidente anunciou planos para uma terceira fase do Minha Casa, Minha Vida, depois das eleições de 2014. Segundo ela, "não basta fazer 2,750 milhões de casas no Brasil" que serão entregues pelo programa até o ano que vem. "Vamos ter de repetir a dose", disse. Depois, ela corrigiu a fala para não ser acusada de crime eleitoral: "Quem vier depois de mim tem de repetir a dose, por isso nós vamos avaliar uma nova quantidade de habitações e vamos colocar a viabilidade dessas habitações bem clara". A presidente não detalhou quanto deverá ser investido nem a quantidade de casas que serão construídas na terceira fase do programa habitacional. Amanhã, no Palácio do Planalto, Dilma lança o Plano Nacional de Agroecologia e Agricultura Familiar. Aprovado em junho, ele destinará R$ 8,4 bilhões a ações de desenvolvimento rural sustentável, com financiamento e treinamento para aumentar a produtividade de pequenos agricultores familiares.

Fonte: Correio Braziliense

Reação de petista indica que economia é telhado de vidro

A combinação de aumento do desemprego e inflação mais elevada tende a prejudicar o governo. Mas, por enquanto, isso não passa de possibilidade

Érica Fraga

SÃO PAULO - A recente troca de farpas entre Marina Silva e a presidente Dilma Rousseff indica que a economia terá papel central no debate eleitoral recém inaugurado.

Segunda colocada nas pesquisas de intenção de voto para a Presidência, Marina tem afirmado que a gestão atual abandonou as regras que trouxeram estabilidade econômica ao país.

Esse discurso ecoa críticas feitas por economistas chamados ortodoxos à forma como o governo administra políticas adotadas oficialmente há mais de uma década.

Os exemplos mais citados são o sistema de metas de inflação, o compromisso com o superavit primário (que exclui o pagamento de juros da dívida pública) e o regime de câmbio flutuante. Os três foram batizados de o tripé da política macroeconômica.

O sistema de metas de inflação estabelece um alvo a ser perseguido (4,5%) e uma margem de variação aceitável (dois pontos percentuais para mais ou menos).

O governo é criticado porque a inflação tem ficado repetidamente próxima ao teto da meta, e por decisões como o adiamento do reajuste de tarifas públicas para reduzir a pressão sobre os preços. Dilma se defendeu ontem, afirmando que a inflação tem ficado sempre dentro (da margem de variação) da meta.

Na área fiscal, o governo tem sido acusado de usar truques contábeis para atingir os objetivos assumidos. A presidente rebateu ontem citando indicadores que apontam que as contas públicas estão sob controle.

A economia é uma área que dá margem, de fato, a discussões sem fim. Não por acaso é considerada uma ciência humana. Pré-candidatos e seus assessores têm amplo espaço, portanto, para elaborar argumentos econômicos que apoiem suas teses, propostas, alfinetadas.

Valerá o argumento que convencer o eleitor que, em sua maioria, desconhece termos técnicos como tripé macroeconômico e superavit fiscal, mas sabe quando o calo está apertando.

A combinação de aumento do desemprego e inflação ainda mais elevada é o cenário que mais tende a prejudicar o governo. Mas, por enquanto, isso não passa de uma possibilidade.

A reação de Dilma às críticas de Marina indica, no entanto, que o governo sabe que a economia se tornou um telhado de vidro em consequência dos fracos resultados dos três últimos anos.

Fonte: Folha de S. Paulo

No Dia do Professor, pautas variadas invadem as ruas

RIO e BRASÍLIA - O simbolismo do Dia do Professor serviu para que outras categorias também tomassem as ruas do país. Entre as pautas, além do apoio a professores e estudantes, a diminuição do preço da passagem de ônibus e até um protesto contra a falta de água potável no Ceará.

Em Lavras da Mangabeira (CE), manifestantes apedrejaram e invadiram a Companhia de Água e Esgoto da cidade. Dentro do prédio, móveis e equipamentos foram danificados e documentos, jogados do lado de fora. Segundo a Polícia Militar, ninguém foi preso.

Em Brasília, cerca de 70 manifestantes, em apoio a professores do Rio, tentaram invadir o prédio do Ministério da Educação (MEC) ontem à noite. Vários estavam mascarados e se identificavam como Black Blocs. Alguns usavam escudos improvisados. Durante o trajeto, o trânsito num dos lados da Esplanada dos Ministérios foi interrompido. A Força Militar, que prendeu cinco manifestantes, usou spray de pimenta contra o grupo.

Já em Olinda (PE), na manhã de ontem, uma comissão, formada por integrantes da Frente de Luta Transporte Público (FLTP) e vereadores seguiu para a porta da prefeitura da cidade. De acordo com a página da FLTP nas redes sociais, eles reivindicavam a redução das tarifas cobradas no Anel B da Região Metropolitana de Recife, além do passe-livre estudantil. O protesto foi pacífico.

Ontem à tarde, em Porto Alegre, a pauta do protesto foi educação. Uma professora se acorrentou na porta do Palácio Piratini, sede do governo estadual. A categoria pede o pagamento do piso salarial nacional para os professores. O ato também terminou sem violência. Em nota, o Cpers/Sindicato, do Rio Grande do Sul, criticou o governador do estado, Tarso Genro, e pediu respeito aos professores.

Em Recife, cerca de 50 manifestantes ocuparam a Avenida Conde da Boa Vista. Também houve protesto de professores em Goiânia. Em Curitiba, a Câmara Municipal foi ocupada pela FLTP.

Fonte: O Globo

A escolinha da doutora Dilma - Elio Gaspari

A doutora Dilma entrou pela borda no debate da própria sucessão, mandando um recado às pessoas que pretendem ocupar sua cadeira: "Elas têm que estudar muito."

É o velho discurso da competência. Quem está no governo desqualifica quem não está sob o argumento do eu-sei-do-que-estou-falando. Foi usado à exaustão para desqualificar um torneiro mecânico monoglota, mal relacionado com a gramática, cuja biblioteca cabia numa mochila escolar. É a ele que a doutora deve a presidência.

Todos os governos prometem coisas que não cumprem ou metem-se em projetos fracassados. Até aí, tudo bem. O que a doutora não precisa é recorrer à desqualificação como a lavanda mistificadora. Se é assim, conviria arrolar dois temas que os candidatos deveriam estudar. Tendo sido insuficiente o estudo da doutora, poderiam desatar os seguintes nós:

1) Trem-bala
Trata-se de um projeto que desde 2007 está debaixo da asa da então chefe do Gabinete Civil. Já torrou R$ 65 milhões em planos, leilões adiados e modelagens arquivadas. A primeira estatal a tratar do projeto foi a Valec. Seu presidente, Doutor Juquinha, deixou o cargo e passou pelo cárcere por conta de outros malfeitos.

2) Enem .....
Em 2009, quando o ministro da Educação, Fernando Haddad, anunciou a criação de um exame federal que substituiria o vestibular, o coração da iniciativa estava em oferecer aos jovens dois exames anuais. Isso acabaria com uma | seleção selvagem que obriga um garoto | de 18 anos a jogar um ano de sua vida numa manhã de prova. A cada ano a promessa foi descumprida e renovada, inclusive pela doutora Dilma. Haddad foi ser poste em São Paulo, Lula elegeu-o prefeito e seu substituto, Aloizio Mercadante, disse que prefere fazer creches. Tem até o ano que vem para dizer quantas creches fez e explicar por que dois presidentes da República prometeram algo que não entregaram.

Nos dois casos, a questão é de estudo, mas quem não estudou foi a doutora. No do trem-bala, se tivesse estudado, não teria perfilhado a proposta da Valec, que era uma maluquice em estado puro. O trem-bala sairia do Rio e chegaria a São Paulo sem parar em lugar algum. Já no caso do Enem, deu-se o contrário. Prometeu-se algo factível, mas não se cumpriu por falta de estudo e, sobretudo, de trabalho.

A essa lista de incapacidades poderiam ser somados os leilões das concessões de portos, estradas e aeroportos. Isso para não falar da promiscuidade que resulta no financiamento público da medicina privada. Em todos os casos, paira sobre as nomeações para as agências reguladoras o espírito da porta giratória condenada pelo comissariado quando estava na oposição e estimulada quando chegou ao governo.

Desse jeito, a campanha pela reeleição da doutora pode ter um samba de Ismael Silva como fundo musical: "Foi tanto bis que eu já não podia atender.

No entretanto, o que a platéia queria era que eu cantasse, cantasse até aprender"

Elio Gaspari é jornalista

Fonte: O Globo

Eleições 2014 - Almir Pazzianotto Pinto

Na campanha pela reeleição da presidente Dilma Rousseff em 2014, o Partido dos Trabalhadores (PT) gozará de autoridade para reivindicar a paternidade de dez obras, em 12 anos de governo. São elas: mensalão, rompimento dos princípios da ética e da moralidade, insegurança jurídica, desprestígio da diplomacia, compra e venda de legendas, declínio das atividades industriais, exportação de empregos para China e índia, criação de ministérios inúteis, construção e financiamento de estádios de futebol e oficialização da palavra "presidenta".

Amigos propuseram-me a inclusão da falência do ensino e da assistência pública à saúde, do endividamento, da alta dos preços, da inflação, do registro de milhares de sindicatos pelegos, da violência, da expansão do tráfico de drogas. Para alguns, o maior feito levado a cabo desde o governo Lula seria a reforma ortográfica, com obscuras regras sobre o uso do hífen e a eliminação do trema.

A relação não observa ordem de importância, mas o primeiro lugar foi destinado ao mensalão. Já se disse que o Brasil é produto de três culturas: a do sobrenatural, trazida pelos negros; a da indolência, transmitida pelos índios; e a do privilégio, herdada dos portugueses. O mensalão reafirma a sabedoria da asserção. Jamais se associaram tantos privilégios e privilegiados como na ação penal movida contra líderes do PT, secundados por comparsas de segunda e terceira categorias, todos com direito a participar da história com o rótulo de mensaleiros.

Em contraponto às realizações, mencionarei parte do que deixou de ser feito. Começo pela reforma política. Há muito prometida, e cobrada pelas camadas não alienadas da população, permanece adormecida nos porões do Poder Executivo. Como fruto da inércia, no balaio de gatos das legendas encontra-se de tudo. Basta acessar a página do Tribunal Superior Eleitoral (WWW. tse.jns.br) e o leitor se espantará com a fertilidade da classe política. O PT é irmão gêmeo da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Nasceu com o discurso de ser diferente, puro, integrado por operários do chão de fábrica e alguns intelectuais. Rejeitava políticos tradicionais e representantes da denominada burguesia. Com o tempo, e no desfrute do poder, transformou-se em cópia dos demais, sobretudo nos defeitos.

Hoje o PT se alimenta do Fundo Partidário e do horário obrigatório no rádio e na televisão e aderiu, com a CUT, ao peleguismo. "Ao diabo os escrúpulos", diriam os dirigentes, em agradável convivência j com velhos oligarcas, empreiteiras, bancos, grandes empresas. "O poder tende a corromper", escreveu lorde Acton, cujas palavras são confirmadas pelos fatos.

A última revoada de parlamentares, à procura de legendas que lhes assegurem a reeleição, afronta o princípio constitucional da moralidade e seria , energicamente coibida não fossem a lei, o Ministério Público e o Poder Judiciário passivos e lenientes diante de tramoias partidárias. Da mesma maneira que temos profissionais voltados para a criação e exploração de sindicatos, passamos, de alguns anos para cá, a conhecer o ofício de fundador de partidos, como revelou o Estado na edição de 23 de setembro, na página A5. Confirma-se o que Gilberto Amado já denunciava no século passado: "Partido político é associação de indivíduos para a conquista e a fruição do poder, só e só".

Descartada a reforma política, quais outras deixou o governo de fazer? Todas, a começar pela trabalhista.

Defendida pelo então presidente Lula no lançamento do Fórum Nacional do Trabalho (FNT), em julho de 2003, foi condenada ao ostracismo e levou consigo a reforma sindical. Objetivava o FNT "promover a democratização das relações de trabalho por meio da adoção de um modelo de organização sindical baseado na liberdade e autonomia. Atualizar a legislação do trabalho e torná-la compatível com as novas exigências do desenvolvimento nacional, de maneira a criar um ambiente propício à geração de emprego e renda". Pretendia, ainda, "modernizar as instituições de regulação do trabalho, especialmente a Justiça do Trabalho e o Ministério do Trabalho e Emprego". Os resultados foram pífios e as ideias de democratização e modernização caíram no esquecimento.

Aproximam-se as eleições de 2014 e, com elas, a chance de o eleitorado tomar nas mãos o encargo de promover, pelo voto, as reformas inadiáveis. Apesar de ter conduzido o Brasil à situação em que o vemos, a presidente Dilma Rousseff, por um desses insondáveis caprichos da vida política, surge como favorita no primeiro turno. Marina Silva, antes estrela de primeira grandeza, deixou j elenco principal

para se transformar em coadjuvante e corre risco de se converter em figurante. A quem caberá a responsabilidade de enfrentar o rolo compressor federal na segunda rodada de votação? Essa é a dúvida que assalta os brasileiros.

Dois candidatos se anteciparam e já se encontram em campanha: Aécio Neves e Eduardo Campos. Sobre eles recairá, ao que tudo indica, o ônus de demonstrar que o PT e aliados não são imbatíveis. Ambos são experientes e titulares de interessantes currículos. Aécio é neto de Tancredo Neves e Eduardo Campos, de Miguel Arrais. Não perderam, contudo, as características de políticos regionais. Aécio Neves apresenta-se como porta-voz da oposição; Eduardo Campos, nem tanto.

A Nação anseia pela restauração da moralidade, abatida em sucessivos escândalos. As manifestações de rua são o termômetro da revolta popular. Reivindicam o respeito à ética e o combate à corrupção. Quem tiver ouvidos para o clamor do povo, e ganhar a confiança das pessoas de bem, será o próximo presidente.

Quem ouvir o clamor do povo por ética e ganhar a confiança das pessoas de bem será o presidente

Advogado, foi Ministro do Trabalho e presidente do Tribunal Superior do Trabalho

Fonte: O Estado de S. Paulo

Dilma escolhe Marina - Merval Pereira

Há uma clara razão estratégica para a presidente Dilma ter escolhido Marina Silva como a adversária a ser batida, além do fato de as pesquisas de opinião independentes mostrarem que a ex-senadora é a adversária que mais perigo lhe oferece no momento.

Não é de hoje que, paradoxalmente, os estrategistas do Palácio do Planalto identificam em Marina a adversária mais fácil de ser batida num eventual segundo turno, devido à imagem de ativista radical do meio ambiente que colocaria em perigo nosso desenvolvimento econômico. E aí está também a razão de Marina Silva ter entrado de cabeça na discussão da economia, criticando a presidente Dilma por não estar dando atenção ao tripé que apoia a economia brasileira: controle da inflação, equilíbrio fiscal e câmbio flutuante.

Defendendo junto a banqueiros as premissas básicas para uma economia saudável, dizendo-se até mesmo capaz de atos teatrais para transmitir aos investidores o comprometimento com o crescimento saudável da economia, Marina busca combater a imagem de antidesenvolvimentista que seus adversários no governo querem lhe pespegar.

Nas contas dos marqueteiros do governo, numa eventual disputa com Marina, Dilma ganharia muitos votos dos que não estão dispostos a arriscar um governo com uma ambientalista radical à frente. Há dois dias que a presidente troca farpas com a criadora da Rede Sustentabilidade, ora dizendo que seus adversários precisam estudar mais as questões brasileiras, ora garantindo que nunca se descuidou das bases econômicas.

Mas, quando afirma que há dez anos a inflação está dentro das metas, a presidente Dilma comete o mesmo erro de sempre: tenta enganar os interlocutores com frases de efeito que não refletem a realidade. A frase mostra ao mesmo tempo as fragilidades da orientação econômica em vigor.

Se a própria presidente considera "estar dentro das metas" uma inflação que flerta com o seu limite máximo, mostra-se leniente com uma inflação mais alta. E passa a ideia de que o governo trabalha com o teto da meta como sendo a inflação aceitável, o que provoca uma reação direta dos agentes econômicos em direção a uma inflação de 6,5%, e não dois pontos abaixo, que deveria ser a inflação a ser alcançada.

Além do mais, há oito anos que a meta de inflação é a mesma, de 4,5%, o que indica que o governo está deixando de reajustar para baixo a meta por necessitar trabalhar com uma inflação mais alta.

A alegação de que a inflação atual é mais baixa do que a média histórica dos últimos anos, incluindo os governos de Fernando Henrique Cardoso e Lula, pode render bons gráficos a serem mostrados na campanha eleitoral, mas só serve para confirmar aos investidores que o governo tergiversa pa; ra tentar justificar a falta de empenho no controle da inflação.

Comparar períodos históricos distintos, esquecendo que o Plano Real teve que domar uma hiperinflação em meio a graves turbulências econômicas internacionais, é querer sair pela tangente na discussão.

Mesmo o governo Lula teve de lidar com um problema que não afetou Dilma: o temor de sua eleição fez subir a inflação, contabilizada pelo Lulômetro da Goldman Sachs, que revelava a preocupação dos investidores internacionais com a incógnita Lula. Com Palocci à frente da economia, o governo Lula teve que fazer das tripas coração para derrubar a inflação e conquistar a confiança dos investidores, o que afinal conseguiu.

É por isso que os novos adversários da presidente Dilma, Eduardo Campos e Marina Silva, afinaram o discurso na direção de uma política econômica amigável aos investidores. Dilma sabe que tanto Campos quanto o senador Aécio Neves, candidato mais provável dos tucanos, são adversários mais perigosos do que Marina Silva, ambos com experiências bem-sucedidas em governos estaduais. O primeiro por ter uma estrutura partidária mais forte, bem instalada nos dois principais colégios eleitorais do país (São Paulo e Minas), e ser o principal candidato oposicionista, pela história do PSDB.

Já Eduardo Campos pode ter em Marina a força política que Lula representa para Dilma. Se conseguir transferir seu prestígio para Campos, Marina pode ser decisiva nesta eleição. Sem falar que os dois podem tirar votos dos eleitores tradicionais do governismo.

Por isso, Dilma escolheu Marina para debater.

Os pontos-chave
1
Os estrategistas do Planalto identificam em Marina a adversária mais fácil de ser batida num eventual segundo turno, devido à imagem de ativista radical do meio ambiente
2
Essa também é a razão dé Marina ter entrado de cabeça na discussão da economia: transmitir aos investidores o comprometimento com o crescimento saudável
3
Dilma sabe que tanto , Campos quanto Aécio são adversários mais perigosos do que Marina

Fonte: O Globo

As possibilidades de Joaquim - Fernando Rodrigues

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, admitiu na segunda- feira que poderá, no futuro, seguir uma carreira político-eleitoral, inclusive como candidato a presidente da República.

Foi a primeira vez que Joaquim Barbosa falou em público dessa forma. Em entrevistas recentes, preferia dar respostas indicando desinteresse pela política.

"Tenho um temperamento que não se adapta bem à política. Isso porque eu falo o que penso", foi uma de suas frases ao jornal "The New York Times", em agosto passado.

Na última segunda-feira, o tom foi diferente: "Sempre tive uma carreira técnica. No dia em que deixar o Supremo, como entrei muito jovem, eu terei ainda tempo para refletir sobre isso [concorrer em eleições]. Acho difícil exercer a carreira no Supremo até os 70 anos. Eu não tenho no momento nenhuma intenção de me lançar candidato à Presidência da República. Pode ser que no futuro surja o interesse".

O ministro tem dado sinais de estar insatisfeito com a vida no STF. Seu mandato de presidente da corte vai até o final de novembro do ano que vem. Mas alguns eventos no calendário de 2014 podem fazer a diferença.

É possível que, até a metade do próximo ano, o STF tenha concluído o julgamento do mensalão. Nessa época, pós-Copa do Mundo, a campanha eleitoral começará a dominar o noticiário. Ficará então mais claro quem são os candida- tos competitivos.

Com sua missão cumprida no STF --o julgamento do mensalão--, nada impediria Barbosa de sair para embarcar como apoiador de algum candidato a presidente. Estaria se credenciando para desempenhar uma função na administração federal do futuro governo.

Aos 59 anos, essa experiência no Executivo é um predicado útil para quem vai, no futuro, "refletir" sobre ser candidato a presidente.

Fonte: Folha de S. Paulo

A escolhida de Dilma - Denise Rothenburg

Absorvidos os movimentos decorrentes do prazo de filiação partidária, entre eles, a opção de Marina Silva pelo PSB, essa semana marca o início de um verdadeiro empurra-empurra, não só entre os pré-candidatos e a presidente, como entre os aliados do governo nos estados. No plano nacional, o balançar da Rede de Marina embalando o PSB de Eduardo Campos, levou Dilma a sair da toca, e tudo indica que ela escolheu Marina como adversária.

Na semana passada, houve o encontro de Dilma com Lula, o presidente do PT, Rui Falcão, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, o ex-ministro Franklin Martins e o marqueteiro João Santana. A partir dali, a presidente dá sinais de ter escolhido um alvo. Nos últimos dias, respondeu a Marina Silva no twitter, nos discursos e todo mundo mordeu a isca, colocando as duas em confronto.

A opção de Dilma por Marina é matemática. Dentro da equipe de Dilma, há a leitura de que concorrer contra a figura frágil de Marina em um segundo turno é considerado mais fácil do que lutar contra o desconhecido. Vamos explicar melhor. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, por exemplo, é uma incógnita para mais da metade do eleitorado. Não se sabe como a população reagirá a ele e, para completar, ele tem 15% das intenções de voto vindo de um estado que não é uma potência eleitoral como São Paulo ou Minas Gerais. Aécio também não fica muito atrás de Eduardo no quesito conhecimento. Portanto, também não se sabe muito até onde eles podem chegar na hora do voto a voto.

Isso significa que, para os dois, o governo não tem discurso. Sendo que contra Eduardo seria ainda mais difícil, porque a tendência das qualitativas revela que ele pode receber os votos da oposição se ficar conhecido. Ou seja, contra os dois, o governo considera mais arriscado do que enfrentar Marina, aquela que teve dificuldades inclusive para montar um partido — isso aliás, está na ponta da língua de muitos governistas.

Amanhã, por exemplo, o Planalto será palco do lançamento do Plano Nacional de Agroecologia em Agricultura Orgânica, que o governo trabalha também com a palavra sustentável, de forma a mostrar que o lado A de Marina Silva está sendo cumprido pela atual administração. Será ainda mais uma tentativa de Dilma de provocar Marina. Até aqui, ela foi a escolhida pela presidente. Resta saber até quando esse jogo se sustentará.

Enquanto isso, nos estados...
Enquanto Dilma duela com Marina, já se vislumbra que quem vai se estranhar mais nos estados são os maiores partidos, PT e PMDB. Mas, vamos começar pela Bahia, onde a presidente esteve ontem para lançar mais uma etapa do Minha Casa Minha Vida — vai, se acostumando leitor, porque Dilma vai viajar cada vez mais. E as viagens dela deixarão cada vez mais explícitas as rusgas na base aliada.

Na Bahia, por exemplo, Geddel Vieira Lima, do PMDB, é pré-candidato a governador, bem mais próximo da oposição do que do PT, onde a tendência do governador Jaques Wagner é lançar candidato próprio. No Rio de Janeiro, não é segredo para ninguém o mal-estar entre PT e PMDB, especialmente, depois que o presidente do PT, Rui Falcão, defendeu a candidatura do senador Lindbergh Farias ao governo estadual. Cabral já fez soar aos quatro ventos que planeja cuidar da vida longe do palanque de Dilma, embora o governo cogite fazer dele ministro justamente para evitar essa debandada peemedebista da campanha presidencial.

Não por acaso, no Rio de Janeiro, o líder do PR, Anthony Garotinho, avisa que sua campanha estará aberta a todos os presidenciáveis. "Tenho eleitores que votam no Aécio, outros em Dilma, outros em Marina. Todos e nenhum pra mim é quase a mesma coisa", afirma, sem cerimônia. Isso significa que, pelo menos em princípio, fará campanha descompromissado com a sucessão presidencial. Onde um determinado candidato estiver com a vantagem, Garotinho estará disposto a recebê-lo.

No Ceará, onde o PMDB tem o seu líder no Senado, Eunício Oliveira, como um forte candidato ao governo estadual, o PT já se coloca disposto a seguir outro caminho por causa da aliança com o Pros, do governador Cid Gomes e seu irmão Ciro. Em São Paulo, as dificuldades também surgem no momento em que o PT parece ficar isolado. O PSD deve ter candidato a governador, o ex-prefeito Gilberto Kassab, e até o PCdoB, um dos grandes aliados dos petistas, fala no ministro do Esporte, Aldo Rebelo, como potencial candidato a governador. E o Solidariedade se coloca em favor da reeleição de Geraldo Alckmin. No Maranhão, bastou sair a notícia de que Flávio Dino deveria receber o apoio de Dilma para que o Palácio do Planalto corresse para dizer que a presidente não definiu seu palanque no estado.

Esses são apenas alguns exemplos de aliados a quem o PT pede o apoio à reeleição da presidente Dilma Rousseff, mas não dá o retorno, ou seja, é adversário nos estados. Se continuar nesse ritmo, muitos só fecharão com um candidato a presidente quando sentirem segurança na vitória. Enquanto houver dúvidas, farão como o beato que acende uma vela para cada santo.

Fonte: Correio Braziliense

A inflexão pragmática - Cláudio Gonçalves Couto

A inviabilização do Rede precipitou a guinada pragmática

Observadores minimamente céticos da realidade política brasileira eram, até pouco tempo atrás, assaltados por certo desalento (ou mesmo incredulidade) ao escutar Marina Silva falar sobre as possibilidades do afazer político no Brasil. Não em função de suas posições na política ambiental - embora também essas sejam sujeitas a questionamentos. Afinal, como candidata "verde", seria estranho que Marina não se opusesse à situação reinante, apresentando alternativas ecologicamente mais arrojadas e menos sujeitas às considerações de curto prazo do desenvolvimento industrial e - particularmente em nosso caso - agrícola.

O ceticismo maior se voltava às posições manifestas em relação ao modo tradicional de fazer política no Brasil e às possibilidades de evitá-lo. Afinal, como governar em minoria num Congresso dominado por partidos de adesão, dos quais o PMDB é apenas a expressão mais acabada - mas não necessariamente a pior? Questionada sobre isto, Marina frequentemente tergiversava, sem dar respostas claras a um questionamento incômodo, já que colocava em xeque um aspecto crucial de sua identidade: a rejeição à forma antirrepublicana pela qual se obtêm maiorias parlamentares - marca de todos os governos brasileiros na atual quadra democrática.

Em seus primórdios, o partido originário de Marina Silva, o PT, vociferava contra esse modo de fazer política, mas propunha uma alternativa: a mobilização da sociedade e o estabelecimento de mecanismos de democracia participativa e direta que permitiriam contornar o conservadorismo e a venalidade das elites parlamentares. O problema é que, como se sabe muito bem, essa alternativa não deu certo. Embora experimentos participativos tenham contribuído para arejar o sistema aqui ou ali, não alteraram nada de fundamental nas bases do presidencialismo de coalizão brasileiro, nos três níveis de governo em que o PT galgou posições de mando. Mais do que isto, o partido acabou por render-se de forma inconteste à política pragmática de alianças, no Congresso ou nas eleições, alinhando-se a agremiações e lideranças que outrora eram verdadeiros anátemas.

Tão grande se tornou a distância entre a posição petista originária quanto às alianças e aquela posteriormente assumida, que a narrativa vulgar sobre a política brasileira fez crer que figuras como Sarney, Renan, Barbalho e Maluf jamais haviam se aliado a quaisquer outros, principalmente entre os adversários do PT - embora saibamos que foi exatamente o contrário. De qualquer forma, Marina Silva, uma vez fora do PT, parecia retomar esse aspecto do petismo originário. Nisso, repetia o que já fizera o PSOL, inicialmente pela voz iracunda de Heloísa Helena. Contudo, nem o manso tom pessoal de Marina, nem suas posições noutros âmbitos - como na política econômica - suscitavam a imagem carbonária que mantém o PSOL firmemente no gueto.

Assim, o projeto do Rede, capitaneado por Marina, parecia combinar o que de mais moderno e arejado poderia haver: uma estratégia política republicana e participativa; uma gestão econômica liberal (eis aí o tripé), porém socialmente orientada; um ambientalismo sustentável. É bem verdade que Marina tem posições pessoais, ditadas por suas convicções religiosas, que certamente contraditam as crenças de muitos dos "sonháticos" e liberais de seu Rede. Porém, como ela não defende um assalto religioso ao Estado laico, talvez seja possível separar as duas coisas e ficar apenas com a parte moderna e arejada.

Se fosse para ficar apenas na oposição, os posicionamentos mais arrojados poderiam ser mantidos inflexíveis por tempo indeterminado, o Rede assumindo a condição de grilo falante da nação - como o próprio PT já fizera outrora. E se o partido virasse governo? Do ponto de vista econômico, tendo em vista os indigentes resultados da atual gestão, talvez as posições do Rede sejam até mais realistas. Do ponto de vista ambiental, é algo a se ver. Contudo... e do ponto de vista politico...?

A inviabilização legal do novo partido precipitou as coisas. Uma inflexão politicamente pragmática, que poderia esperar alguns anos, teve de ser drasticamente antecipada. Como nenhum ganho adviria da filiação apressada a uma das novas legendas de adesão (já perdas reputacionais, certamente), Marina tinha diante de si duas alternativas: o poço de ressentimentos antipetistas do PPS de Roberto Freire, ou o (lulista até ontem) PSB de Eduardo Campos. No primeiro caso, sua candidatura presidencial era certa; no segundo, uma remota possibilidade. Se contasse apenas sua ambição pessoal, a primeira opção faria mais sentido; como construção de um polo alternativo, a segunda é mais forte.

Só que a construção do polo alternativo passa justamente pela formação de alianças partidárias, algo em que o PSB de Campos tem-se esmerado, mas que Marina vinha recusando (ou, ao menos, evitando abordar). É importante destacar que a negativa referia-se às alianças com partidos, não com setores da sociedade civil - como o empresariado, com o qual Marina vem, desde a campanha de 2010, estabelecendo vínculos bastante estreitos. O primeiro passo foi dado com a entrada no PSB; o segundo deverá ocorrer com a ampliação da coligação eleitoral. Isto não é algo que se possa negligenciar, sobretudo considerando-se a brutal disparidade de tempo hoje disponível para o PSB e as prováveis alianças governista e tucana. No cenário mais crível (ou otimista para o PSB, com o apoio do PPS) Campos/Marina teriam apenas 2 minutos, contra mais de 12 da atual presidenta e mais de quatro do PSDB.

Isto com certeza faz diferença, embora nas eleições de 2010 Marina já tenha mostrado que com pouco tempo às vezes se produz um efeito mais do que proporcional. Se tudo der certo e a dupla se sagrar vitoriosa, viria o terceiro passo: a construção da coalizão governamental. Até onde se poderia ir com isso, sem lançar por terra justamente o que lhes diferencia ou sem causar uma fissura no interior da atual aliança? Quantos Caiados ainda serão lançados ao mar? Quantos embarcarão?

Cláudio Gonçalves Couto é cientista político, professor da FGV-SP

Fonte: Valor Econômico

O real e a campanha - Mirian Leitão

A presidente Dilma deu ontem a impressão de que não sabe que o Brasil tem um grave problema de mobilidade urbana, os metrôs são insuficientes, e também desconhece que o seu partido completou dez anos no poder. "As pessoas precisam ser transportadas com qualidade, segurança, rapidez e conforto" disse a presidente, como se estivesse distante do governo.

Claro que isso é que é o ideal, mas em dez anos em que o PT está no poder o que aconteceu foi a piora visível das condições da mobilidade urbana. Ela pode consultar os próprios institutos de pesquisas do governo. Eles têm estatísticas e estudos mostrando que as pessoas têm demorado mais tempo no trânsito. Se não quiser consultá-los, basta um simples olhar na cena urbana ou no noticiário para ver que as pessoas não estão sendo transportadas com qualidade, segurança, rapidez e conforto.

Parte da piora foi resultado do incentivo fiscal à indústria automobilística e ao subsídio ao uso da gasolina. Para beneficiar o automóvel, o governo reduziu a Cide a partir de 2008 e depois acabou com ela. Durante o período que ela foi reduzida até ser zerada, o governo abriu mão de uma arrecadação de R$ 23 bilhões que, por lei, deveriam ter sido investidos em infraestrutura de transporte.

Segundo a presidente, "antes os presidentes não investiam em metrô" Isso é verdade. Antes e agora. O Brasil sempre neglicenciou o que outros países, até nossos vizinhos como Argentina, fizeram há décadas atrás. Segundo Dilma, esse desprezo era derivado da convicção de que "metrô era coisa de país rico" ideia que segundo ela foi alterada. "Nós mudamos essa concepção, metrô é coisa de país continental com grandes cidades, como o Brasil." E, disse que o Brasil está investindo R$ 89 bilhões em um tal PAC Mobilidade Urbana.

Na verdade, oaís desenvolvido tem feito vários tipos de investimento em mobilidade urbana, não apenas metrô. Aliás, tem dado preferência a opções mais baratas e práticas, como o Veículo Leve sobre Trilhos, como em Sacramento, Nova York, Phoenix, Seatle, Chicago, Vancouver, no Canadá, e cidades de França, Espanha, Inglaterra, Alemanha, China. Por ser uma espécie de metrô de superfície não tem o custo da escavação.

Inúmeros países, ricos e pobres, investem em ciclovias para o uso de bicicletas com segurança, mesmo tomando espaços de carro, como fez a administração de Janette Sadik Khan, em Nova York. As soluções para as cidades serão sempre múltiplas, nunca uma só.

A presidente tem se exposto mais, como sugeriram seu marqueteiro e o presidente Lula, mas, ao falar, tem cometido deslizes, como o de mandar seus adversários estudarem mais. Ou de dizer que os outros fazem campanha enquanto ela trabalha. Na verdade, Dilma tem claramente se dedicado cada vez mais tempo à campanha.

A presidente reagiu à crítica da ex-senadora Marina Silva de que o tripé que garantiu a inflação baixa — câmbio flutuante, metas de inflação e superávit primário — precisa ser restaurado. A propósito, tripé estabelecido no governo Fernando Henrique. Dilma respondeu — e repetiu ontem — que ele jamais foi abandonado. A verdade é que o tripé tem sido erodido de diversas formas. O superávit primário caiu, houve intervenções excessivas no câmbio, as medidas fiscais foram adulteradas. O centro da meta de inflação não foi atingido no governo Dilma em nenhum ano, e nem o será pelas previsões do Banco Central. A meta é 4,5% e o governo Dilma passará os quatro anos sem chegar lá. Isso pelas projeções do próprio Banco Central. O intervalo tolerável vai até 6,5%, limite máximo que já foi estourado em 10 meses de seu governo.

Fonte: O Globo

Painel - Vera Magalhães

Classe econômica
Diante dos altos preços das passagens aéreas para a Copa de 2014, a Agência Nacional de Aviação Civil estuda liberar autorizações especiais para voos entre as cidades que receberão os jogos em junho e julho. Segundo auxiliares do Planalto, a operação para baratear preços dos bilhetes deve permitir trechos sem escalas em rotas que hoje não existem, como de Curitiba para Manaus. Se for aprovada, a licença especial só será concedida às companhias que reduzirem suas tarifas.

Nos trilhos Dilma Rousseff pretende voltar a São Paulo nas próximas semanas para reforçar os investimentos do governo federal em projetos de mobilidade no Estado. A presidente deve participar do lançamento do edital da linha 18 do metrô paulista, que liga a capital ao ABC.

Fantasma Carlos Gabas, secretário-executivo da Previdência, tem dito que a garupa de sua moto ficará vazia. Dilma, sua carona mais célebre, quer aprender a pilotar sozinha, e sua mulher, Polyana, conseguiu tirar carteira de habilitação na semana passada.

Contra o tempo O advogado de José Genoino, Luiz Fernando Pacheco, pretende apresentar os embargos infringentes de seu cliente ao Supremo Tribunal Federal na semana que vem. Ele quer a absolvição de Genoino pelo crime de formação de quadrilha "o quanto antes".

Passo... O grupo de trabalho da reforma política na Câmara vai entregar ainda este mês ao presidente da Casa, Henrique Alves (PMDB-RN), o projeto que pretende alterar regras de disputas eleitorais e atividades partidárias.

... a passo O presidente do grupo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), espera aprovar amanhã os últimos pontos do texto, com mudanças no sistema eleitoral e no financiamento de campanhas. Ele diz que o esforço é só a "abertura do debate" e reconhece que as propostas serão discutidas novamente na Câmara.

Fica a dica Um dia após José Sarney (PMDB-AP) se queixar com Dilma sobre o possível afastamento do PT de seu grupo político no Maranhão, emissários do PMDB do Estado fizeram chegar ao gabinete da presidente declarações atribuídas a Flávio Dino (PC do B) em apoio a Eduardo Campos (PSB).

Onde pega Dino, que é presidente da Embratur, é candidato à sucessão de Roseana Sarney e adversário da família no Maranhão.

Garota da capa No jantar que teve com a família de Campos anteontem, Marina Silva presenteou a primeira-dama pernambucana, Renata, com sua biografia. O encontro foi um gesto de aproximação entre os neoaliados.

Repeteco Depois da entrevista de Marina, Campos confirmou participação no Programa do Jô, da TV Globo. A gravação está marcada para 11 de novembro.

Estratégico Ao liberar o governador Renato Casagrande (PSB-ES) para ficar neutro na próxima disputa presidencial, Campos mantém foco na capital capixaba: o prefeito Luciano Rezende (PPS), deve apoiá-lo em 2014.

Sem porta-voz Assim como o PMDB, o PSD decidiu não mostrar nenhum político em sua propaganda partidária, que será exibida amanhã. O vídeo diz que as demandas dos protestos de rua são legítimas e apresenta propostas de aumento da transparência e redução da burocracia.

Sinal verde Antes de embarcar para férias de dez dias na Itália, Fernando Haddad orientou a bancada municipal do PT a votar esta semana o reajuste do IPTU. O prefeito e o partido acreditam que não haverá pressão suficiente para impedir a aprovação.

Tiroteio

"Barbosa admitiu o que todos que viram o julgamento do mensalão já sabiam: ele é um candidato com uma tribuna privilegiada."

DO ADVOGADO ANTONIO CARLOS DE ALMEIDA CASTRO, sobre a declaração do presidente do STF, Joaquim Barbosa, de que não descarta disputar o Planalto.

Contraponto

Coisas do coração

No início de setembro, o deputado Jovair Arantes (PTB-GO) defendia duas moções apresentadas por seu partido no plenário da Câmara quando o presidente da sessão, Simão Sessim (PP-RJ), cedeu a palavra a outro parlamentar. Arantes ficou contrariado.

--Eu ainda não concluí. O senhor está cassando a minha palavra? É isso? --reclamou o goiano.

--Ao contrário! Se o meu coração pudesse falar, V. Exa. teria prioridade totalmente --retrucou Sessim, rindo.

--V. Exa. é um craque. Acaba desmanchando as emoções do plenário --respondeu Arantes, às gargalhadas.

Fonte: Folha de S. Paulo