quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

OPINIÃO DO DIA - J. Habermas: “Os secularizados não devem negar potencial de verdade a visões de mundo religiosas”

O tema proposto para nossa discussão evoca uma pergunta que o historiador Ernst Wolfgang Böckenforde apresentou nos anos 60 por meio da seguinte fórmula: o Estado liberal e secularizado consome pressupostos normativos que ele mesmo não pode garantir?

Nisso se expressa a incerteza de que o Estado constitucional democrático possa renovar os pressupostos da sua existência a partir de seus próprios recursos, assim como a suspeita de que ele está voltado para tradições autóctones quanto a concepções de mundo ou religiosas, em todo caso, de modo coletivamente obrigatório, éticas. Isso colocaria o Estado, obrigado a uma neutralidade quanto a concepções de mundo, em dificuldade em vista do `fato do pluralismo`. Entretanto somente essa inferência não fala contra a própria suposição.

Em primeiro lugar, gostaria de especificar o problema de acordo com dois pontos de vista. Sob o ponto de vista cognitivo, a dúvida relaciona-se à questão se um domínio político, após uma total positivização do direito, ainda é acessível a uma justificação secular, quer dizer, não religiosa ou pós-metafísica.

Ainda que se conceda uma tal legitimação, subsiste, quanto ao ponto de vista motivacional, a dúvida se uma coletividade pluralista quanto a concepções de mundo pode ser estabilizada de um modo normativo, portanto para além de um simples modus vivendi, pela subordinação a um entendimento de fundo, na melhor das hipóteses formal, limitado a procedimentos e princípios.

Mesmo que se possa desmanchar tal dúvida, permanece o fato de que ordenamentos liberais se encontram direcionados para a solidariedade de seus cidadãos, e suas fontes poderiam, em consequência de uma secularização `descarrilhada`, fracassar completamente. Esse diagnóstico não pode ser recusado, mas não precisa ser entendido como se os cultos entre os defensores da religião estivessem, a partir disso, criando , até certo ponto, uma mais-valia.

Em vez disso, vou sugerir que se entenda a secularização cultural e social como um processo didático duplo, que obriga as tradições do Iluminismo assim como as doutrinas religiosas a uma reflexão acerca das suas respectivas fronteiras. Em vista de sociedades pós-seculares, coloca-se a questão acerca de que atitudes cognitivas e quais expectativas normativas o Estado liberal precisa atribuir aos seus cidadãos crentes e descrentes no convívio entre si

Fonte: Folha de S. Paulo

Manchetes de alguns dos principais jornais do país

O GLOBO
Vila de Martinho é a campeã
Papa condena divisão da Igreja e hipocrisia religiosa
EUA e Europa podem ter acordo
Ministérios não seguem normas

FOLHA DE S. PAULO
Bento 16 critica divisão na igreja e fala em hipocrisia
Para arcebispo de SP, papa não foi bem interpretado
Aumentam fiscalização e autuações da lei seca
Partido de Marina vetará doações da indústria de bebidas
De Michelangelo a Rafael, conheça as obras-primas do Vaticano

O ESTADO DE S. PAULO
Bento XVI critica ‘hipocrisia religiosa’ e Igreja ‘desfigurada’
Governo rompe silêncio após 2 dias
Justiça ignora PF em caso de segurança
Com lei seca, estradas têm 13% menos mortes

VALOR ECONÔMICO
União traça limite para a negociação da MP dos portos
BC vê mão de obra mais qualificada
Faltam US$ 2 tri para investimentos globais
Susep sofre com falta de estrutura

BRASIL ECONÔMICO
Conta de luz começa a chegar ao consumidor com desconto de 26%
Economistas prevêem inflação em alta pela sexta semana seguida
Planalto quer retomar esforço de exportações para o mundo árabe
Governo e fundos de pensão não se entendem sobre meta atuarial

CORREIO BRAZILIENSE
“Divisões deturpam a igreja”, alerta o Papa
Dilma sofre lesão no pé
Lei seca mais rígida, trânsito menos violento

ESTADO DE MINAS
Tristeza e aplausos na última missa do Papa Bento XVI
Remédio para dor traz risco para os rins

O TEMPO (MG)
Corrida presidencial começa já em Minas com Lula e FHC
Preço do arroz e do feijão sobem quase 200% em 10 anos
Petrobras importou volume recorde de gasolina em 2012

GAZETA DO POVO (PR)
Copel amplia oferta de banda larga residencial no estado
Bento XVI reza missa em tom de despedida na Basílica de São Pedro
Justiça nega aposentadoria especial para parlamentares
Marina convoca simpatizantes para fundação de novo partido
Joaquim Barbosa quer diminuir as férias de 60 dias dos juízes

ZERO HORA (RS)
Nova empresa de pedágios não terá fôlego para obras
Polícia notifica prefeitura de Santa Maria

JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Mais blitz e menos multa
Dilma machuca o pé e cancela visita ao estado

O Que pensa a mídia - editoriais de alguns dos principais jornais do país

http://www2.pps.org.br/2005/index.asp?opcao=editoriais

Papa condena divisão da Igreja e hipocrisia religiosa

No último e talvez o mais político de seus sermões, o Papa Bento XVI surpreendeu mais uma vez, ao falar abertamente da existência de "divisões do corpo eclesiástico" que, segundo ele, "desfiguram a face da Igreja” e colocam em perigo sua unidade. Bento XVI condenou a hipocrisia religiosa e abordou indiretamente os escândalos que sacodem o Vaticano nos últimos anos, relata Deborah Berlinck

Ataque à hipocrisia religiosa

Em sua última missa aberta, Papa denuncia Igreja "desfigurada por divisões eclesiásticas"

Deborah Berlinck

ROMA - Padres, freiras, beatos e fiéis do mundo inteiro correram ontem para a porta do Vaticano e passaram horas no frio, numa fila que formava um enorme caracol, para ouvir o último e talvez mais político sermão do Papa Bento XVI. Dois dias após o anúncio bombástico de que vai renunciar no dia 28 - um gesto que não acontecia há 600 anos - e em meio a boatos sobre intrigas, divisões e escândalos dentro do Vaticano, o Pontífice surpreendeu mais uma vez ao falar abertamente da existência de "divisões do corpo eclesiástico" que, segundo ele, "desfiguram a face da Igreja" e põem em perigo "sua unidade".

Citando o Evangelho, o Papa convocou os fiéis a pensar na importância da fé e da vida cristã. Foi aí que ele mencionou a deturpação da imagem da Igreja e conclamou todos a "superar o individualismo e as rivalidades":

- (Deve-se refletir sobre)& a importância do testemunho da fé e da vida cristã de cada um de nós e das nossas comunidades para manifestar a face da Igreja que, às vezes, é desfigurada. Penso, em particular, nos golpes contra a unidade da Igreja, nas divisões no corpo eclesiástico.

Os escândalos que sacodem o Vaticano nos últimos anos também foram indiretamente mencionados por Bento XVI, que insistiu na necessidade de unidade da Igreja.

- Muitos estão preparados a rasgar suas vestimentas (uma alusão às batinas) diante dos escândalos e das injustiças, naturalmente cometidos por outros, mas poucos parecem disponíveis a agir com o coração, com a própria consciência, com suas próprias intenções, deixando que o Senhor transforme, renove e converta - disse o Pontífice.

Para teólogo, uma crítica ao "carreirismo"

O sermão foi centrado na crítica aos hipócritas religiosos. Ele aconselhou as pessoas a não pregarem religião só por "aplausos e aprovação".

- Jesus enfatiza que tanto a qualidade como a verdade do nosso relacionamento com Deus qualificam a autenticidade de cada ato religioso. Consequentemente, ele denuncia a hipocrisia religiosa, o comportamento que quer aparecer, os gestos que buscam o aplauso e aprovação - afirmou Bento XVI.

O teólogo Vito Mancuso disse que o discurso foi um "ataque ao carreirismo presente na Igreja" Católica. Mas, segundo ele, mais do que estar ligado a uma contingência do momento, reflete a visão do mundo e do cristianismo "típicas" do Pontífice.

A despedida, numa missa inicialmente ordinária para celebrar a Quarta-Feira de Cinzas, mas que acabou virando um evento histórico bem maior, foi carregada de emoção. Ovacionado de pé por vários minutos ininterruptos, Bento XVI arrancou lágrimas até de um dos religiosos que estavam com ele no altar, que tirou um lenço para enxugar os olhos - cena raramente vista no Vaticano.

- Nunca mais vou esquecer da experiência desta missa - disse o cardeal brasileiro João Braz de Aviz, um papável que vai participar da escolha do sucessor de Bento XVI.

O clima de emoção na Basílica era não apenas pela surpresa da decisão histórica do Pontífice, mas pelas dúvidas que isso suscitou dentro do próprio Vaticano sobre o rumo da Igreja Católica num mundo onde a religião perde espaço em alguns lugares, ao mesmo tempo em que é tomada pelo fundamentalismo em outros.

O GLOBO presenciou uma breve conversa entre um dos influentes cardeais do Vaticano - o africano Peter Turkson, de Gana, que lidera as preferências para assumir o comando da Santa Sé na William Hill, a maior casa de apostas do Reino Unido - e um outro religioso.

-E agora? Estou muito preocupado& - disse o religioso.

- Não fique preocupado. Não há motivo para se preocupar - confortou Turkson.

O cardeal Turkson, que tem um dos postos mais importantes do Vaticano (dirige o Departamento de Justiça e Paz) e foi constantemente promovido pelo Papa Bento XVI, se disse triste.

- É triste um líder, um pai, nos deixar assim. É um pouco difícil. Eu faço o que faço porque ele me nomeou - disse ele ao GLOBO.

Ao jornal britânico "The Telegraph", logo após o anúncio da renúncia, Turkson falou dos escândalos de pedofilia, das igrejas na Europa que "estão se esvaziando", da competição com novas Igrejas na América Latina, África e Ásia.

"Seja lá quem suceder Bento XVI, não vão faltar desafios, o que é um um convite para a criatividade e a inovação", dissera o cardeal.

O Papa só fez uma menção às divisões na Igreja. Mas isso foi o bastante para alimentar a convicção de muitos em Roma, inclusive religiosos, de que ele renunciou por causa de disputas internas - e não apenas pela idade e fraqueza física, a versão oficial.

A italiana Miriam Tranquili, de 42 anos, guia que acompanhava um grupo de brasileiros na última audiência do Papa, já não tem dúvida:

- Para mim, tem algo por trás da renúncia: os escândalos no Vaticano. O Papa Bento XVI sabia de muita coisa e não quer isso para a Igreja. Mas estava lutando sozinho. Ele é inteligente demais para renunciar por razão de saúde.

Conclave a partir de 15 de março

Pela manhã, numa audiência com fiéis, ele já havia falado da "instrumentalização" da religião. Num auditório com capacidade para oito mil pessoas e lotado de fiéis de vários países, Bento XVI entrou vestido de branco, sob aplausos e gritos emocionados, inclusive de grupos de brasileiros. Sem hesitar, foi direto ao ponto e explicou a renúncia:

- Vivi dias difíceis. Mas decidi em plena liberdade pelo bem da Igreja depois de ter rezado muito e examinado diante de Deus a minha consciência - explicou, acrescentando que sabia da "gravidade de tal ato" e repetindo a versão oficial, a de que não se sente mais com a força física necessária para comandar a Igreja.

Depois, visivelmente emocionado, mencionou pela primeira vez seu sucessor:

- Continuem a rezar por mim, pela Igreja e pelo futuro Papa.

No fim da tarde, Bento XVI, que entrou caminhando na imponente Basílica de São Pedro, saiu acenando a todos de pé numa espécie de plataforma móvel. Coube ao secretário de Estado do Vaticano, o cardeal Tarcisio Bertone, em nome da Cúria, se despedir assim:

- Queremos dizer do fundo do nosso coração: obrigado pelo caminho que a Igreja percorreu sob o seu comando. Obrigado!

O porta-voz do Vaticano anunciou que o conclave responsável por escolher o próximo Papa, "se tudo correr bem", possivelmente vai ocorrer a partir de 15 de março. Segundo ele, o Vaticano ainda está debatendo internamente qual deverá ser o próximo título de Bento XVI quando ele deixar o ofício de Papa, às 20h do dia 28.

Fonte: O Globo

Briga na Câmara desgasta PMDB e já preocupa Temer

À frente dos três cargos da linha sucessória de Dilma, partido vive enfrentamentos públicos e judicialização de seus próprios embates

Tão forte quanto no tempo da Constituinte (1987/88) depois de eleger, há duas semanas, os presidentes do Senado e da Câmara, o PMDB corre o risco de ver essa força se exaurir por causa de brigas internas originadas em disputas por poder dentro do partido. Algumas contendas foram resolvidas em um curto espaço de tempo. Outras ainda não.

A que mais preocupa o presidente licenciado do PMDB e vice-presidente da República, Michel Temer, é a que foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF) e pode até resultar numa punição disciplinar do responsável. Inconformado por ter sido derrotado pelo deputado Eduardo Cunha (RJ) na disputa pela liderança do partido na Câmara, Sandro Mabel (GO) contestou judicialmente a vitória mesmo depois de prometer a Temer que aceitaria o resultado. Ele alegou que Cunha teve votos de dois suplentes, que assumiram em cima da hora.

“O Sandro foi expulso do PR por desobediência partidária e nós o aceitamos no PMDB. Agora, com essa atitude, está levando o partido ao ridículo e constrangendo todo mundo”, disse o deputado Lúcio Vieira Lima, presidente do PMDB baiano.

Mabel viajou para o exterior logo depois de recorrer ao STF. Ele não respondeu às ligações sobre as críticas que vem sofrendo.

Emendas. Segundo parlamentares do PMDB, Mabel disse que vai tentar montar um grupo que negociaria diretamente com a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, a liberação de emendas parlamentares e a ocupação de espaço no governo. “Se o PMDB unido não tem o espaço que merece, imagina se estiver rachado, se for só um grupinho. "É ridículo”, critica Vieira Lima ; Na noite do último dia 4, Michel Temer reuniu em sua casa os presidentes do Senado e da Câmara, os líderes Eunício Oliveira (Senado) e Eduardo Cunha, e todos os ministros do PMDB. Disse aos colegas que, se os rachas continuassem, só quem perderia seria o partido. Unido, tendo a Vice-Presidência e as presidências do Senado e da Câmara, o partido é o dono dos três cargos da linha sucessória do governo, algo inédito desde a redemocratização.

Houve então uma orientação para que as feridas fossem estancadas, o que ocorreu com quase todas. Os irmãos Geddel e Lúcio Vieira Lima fizeram as pazes com Renan e Henrique Alves. Rose de Freitas (ES), que disputou a presidência com Alves, disse que não abriria nenhuma dissidência. Osmar Terra (RS), que também concorreu pela liderança, aceitou cargo de vice-líder.

Por fim, este e Henrique Alves prometeram suspender as rixas pessoais em nome da unidade. Ao final, feitas as contas, restou um problema, justamente o protagonizado por Mabel. Para evitar que a divisão se espalhe, os dirigentes do PMDB estão correndo atrás dos parlamentares que apoiaram o goiano, sugerindo que deixem de lado a disputa.

Contudo, uma ala do PMDB já se prepara para pedir a punição a Mabel, sob o argumento de que, apesar de prometer não recorrer à Justiça, ele entrou no STF às escondidas para contestar a eleição de Cunha. Em 2011, Mabel foi expulso do PR porque, desautorizado pelo partido, candidatou-se à presidência da Câmara contra o petista Marco Maia (RS). Alguns entendem que a mesma pena pode ser aplicada agora a ele.

Fonte: O Estado de S. Paulo

O diário do poder, na voz de FHC

Ex-presidente tira do armário centenas de fitas

Durante seus oito anos na Presidência da República, Fernando Henrique Cardoso manteve uma rotina secreta, de que só os muito próximos sabiam: ele fazia gravações diárias, ou quase diárias, no fim do expediente, sobre o que tinha dito, ouvido, pensado e decidido naquelas 10 ou 12 horas.

Dez anos depois de descer a rampa do Planalto, o segredo veio à tona. Numa recente entrevista ao médico Dráuzio Varela, ele falou da sua vasta coleção de fitas e avisou que ela está sendo degravada e organizada por uma colaboradora.

“Deve dar umas dez mil páginas ou mais”, calcula FHC. São centenas de fitas - só uma fase inicial já tinha cerca de 200 - que podem resultar, quem sabe, no grande livro de memórias da Era FHC. “Ainda não decidi o que fazer com os registros”, avisou o ex-presidente numa conversa com o Estado. Enquanto ele se decide, um passo adiante já foi dado: sua “eterna” colaboradora, a socióloga Danielle Ardaillon - que o segue e organiza seus papéis desde os anos 70, quando os dois trabalhavam no Gebrap - está debruçada em cima desse “diário do poder”, coordenando sua transcrição e organização.

O que contêm essas fitas? “A maior parte das gravações de 1995 refere-se a temas políticos”, esclarece o ex-presidente. Ele já leu a degravação desse primeiro ano de poder “para corrigir nomes próprios, cortar repetições e mostrar modificações para o caso de edições futuras”. Foi um período, como se sabe, em que ele se ocupou do Plano Real, da “pauleira” das privatizações e das primeiras reformas, da administração e da Previdência. Mas, cauteloso, ele adverte: por enquanto, “não há seleção de trechos nem foi feito qualquer trabalho editorial”.

É um baú de memórias construído com método. Ele mesmo detalha: “Quando não gravava no mesmo dia, eu fazia referências ao que acontecera nos dias anteriores. Há, obviamente, referências a pessoas e situações, mas raramente a assuntos pessoais. Eu gravava sempre no Alvorada ou em viagem, geralmente ao final do dia. Jamais contei com a ajuda de terceiros”.

Histórico. Registros diretos do poder, logicamente, não são nenhuma novidade. O século 20 quase inteiro desfila em quilômetros de filmes e discursos, públicos e confidenciais, sobre grandes guerras ou pequenas homenagens. Muitas vezes, esse material contribui para esclarecer e até mudar a história.

Nos EUA, o presidente John Kennedy instalou um sistema secreto de gravação sua sala e, entre suas gravações, há uma conversa com o embaixador no Brasil no início dos anos 60, Lincoln Gordon. Os dois discutiam como lidar com o governo João Goulart - um indício do envolvimento americano em sua queda. Nos anos 1970, conversas gravadas de Richard Nixon, que ele fez de tudo para esconder, ajudaram a tirá-lo do poder, no caso Watergate.

O que FHC fez é diferente: são depoimentos informais, no calor da hora, sobre o minuto a minuto do poder. História feita com pequenas peças do varejo, espontâneas, esclarecedoras.

O ex-presidente avisa que não tem planos de publicar nada agora “e talvez nem faça qualquer publicação em vida”. Mas, como lembrou ao Estado, “as gravações originais e suas transcrições ficarão disponíveis para que os cortes e correções possam ser cotejados”. Sinal de que ele não tem pressa - mas a História também não tem. E de que, em algum momento, o seu “diário do Planalto” virá a público.

Fonte: O Estado de S. Paulo

PMDB vê-se fortalecido com PSB no jogo de 2014

Raymundo Costa e Yvna Sousa

BRASÍLIA - Depois de ter conseguido o comando do Congresso, o PMDB quer mais. A cúpula do partido avalia que a eventual candidatura presidencial do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, fortalece o poder de barganha do partido para negociar mais cargos no governo. Interlocutores da presidente Dilma Rousseff, no entanto, informaram que o PMDB não precisa "esticar a corda", pois ela e o vice Michel Temer já concordaram que é preciso ampliar os espaços da sigla e as manutenção da aliança na eleição de 2014.

Num jogo pendular, a cúpula do PMDB avalia que quanto mais Campos configura uma candidatura presidencial, mais Dilma precisará ter um aliado forte a seu lado, na reeleição. No Palácio do Planalto, o forte são as ambiguidades.

Enquanto auxiliares de Dilma afirmam que a aliança com o PMDB nunca esteve em jogo, ontem o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, que é crescente a corrente dentro do PT que defende a substituição Temer por Campos como vice na chapa com Dilma.

Carvalho é o ministro remanescente da equipe do ex-presidente Lula da Silva no Planalto. Lula sempre foi muito próximo de Eduardo Campos, apesar de alguns atritos nas eleições municipais de 2012. Dilma estará na próxima segunda-feira em Pernambuco, mas sua referência no Nordeste é o governador da Bahia, Jackson Wagner. A presidente reuniu-se com os dois no período de descanso de fim de ano que tirou na Bahia. Mas nada disso, segundo interlocutores da presidente, permite a conclusão de que ela possa estar tramando a substituição de Temer.

De acordo com esses interlocutores, os fatos recentes demonstram exatamente o contrário. De dezembro até hoje, Dilma nunca teria se reunido tanto com Temer. Nessas conversas, os dois também teriam concordado que é preciso ampliar o espaço do PMDB no governo. De acordo com integrantes do governo, "esticar a corda" nesse momento interessaria somente ao líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ).

Outro exemplo dado pelos aliados da presidente: PMDB mineiro quer de volta a diretoria internacional da Petrobras, que perdeu em abril de 2012 quando a atual presidente da empresa, Graça Foster, fez uma limpeza nas indicações partidárias em diretorias da estatal. Depois das conversas que teve com o vice-presidente, Temer teve um encontro com Graça Foster.

Mas, segundo o PMDB, a reunião não foi para tratar de cargos, mas de um pedido feito pelo presidente do Líbano, Michel Suleiman, sobre a abertura de um escritório da Petrobras no Líbano, que passou a correr risco com os planos de enxugamento anunciado pela estatal.

Na realidade, Temer teria feito apenas um pedido a Dilma: que as nomeações que couberem ao PMDB sejam feitas apenas após a convenção do partido, no sábado 2 de março, para a eleição de sua nova direção. Temer, segundo apurou o Valor, será candidato a mais um mandato na presidência do PMDB.

Ao mesmo tempo em que confirma o crescimento de uma tendência no PT para a substituição de temer por Campos, na vice-presidência, o ministro Gilberto Carvalho, em entrevista concedida ontem, reconheceu que não ficará surpreso se o governador de Pernambuco e presidente do PSB for candidato a presidente da República.

"Nada surpreende. Por que surpreender se o PSB já lançou candidatos muitas vezes e se o Eduardo Campos é um legítimo representante de um pensamento, de uma corrente política?", disse o ministro, conforme publicou ontem o Valor PRO, após participar do lançamento da Campanha a Fraternidade 2013, em Brasília.

O PMDB, por seu turno, está convencido de que a candidatura Campos abre uma nova janela de oportunidades ao partido. Uma candidatura que deve ser delineada em outubro, fim do prazo das filiação partidária para os candidatos às eleições de 2014. Os candidatos a governador, por exemplo. A legislação eleitoral exige que eles estejam filiados a um partido político um ano antes da eleição.

É por essa época que os candidatos presidenciais começarão a montar seus palanques eleitorais. A lei da fidelidade partidária inibe a troca de partido dos candidatos, em todos os níveis, mas só daqueles que já se acham associados a uma legenda. Quem está fora de um partido está livre para escolher. Caso, por exemplo, de Júnior Batista, de Goiás, assediado tanto pelo PSB de Campos como pelo PMDB de Michel Temer.

Ou seja, Campos precisa correr contra o relógio e isso seria uma vantagem a mais para o partido, além do poder obtido com o comando da Câmara dos Deputados e do Senado. Nesse quadro, as bancadas querem algo mais que a indicação de uma diretoria da Petrobras, apesar da importância da área Internacional da empresa. Mais um ministério cairia bem nos planos do partido. Especialmente se eles forem o do Trabalho ou o de Cidades.

Fonte: Valor Econômico

Ô abre alas

Vera Magalhães

O PSB começa a montar palanques estaduais para dar suporte à possível candidatura presidencial de Eduardo Campos em 2014. Inicialmente candidato ao Senado, o líder do partido na Câmara, Beto Albuquerque, pode concorrer ao governo do Rio Grande do Sul. "O projeto nacional se sobrepõe aos locais. A candidatura do Eduardo já botou o bloco na rua", diz. Além dos seis governadores que tentarão a reeleição, o PSB estima ter o mesmo número de candidatos viáveis.

Petit comitê. Campos promove reuniões periódicas em Recife e Brasília com Albuquerque, Rodrigo Rollemberg (DF), líder no Senado, Carlos Siqueira (MA), secretário-geral da sigla, e Roberto Amaral, vice-presidente. A ideia é ajustar o mapa eleitoral socialista às pretensões do governador em 2014

Fonte: Folha de S. Paulo /Painel

Corrida presidencial começa já em Minas com Lula e FHC

Sucessão 2014. Além de ex-presidentes, Marina Silva e Eduardo Campos ensaiam palanques neste semestre

Petista deverá receber, em abril, título de cidadão honorário do Estado

Larissa Arantes

A disputa de 2014 pela Presidência da República já começa neste mês em Minas Gerais. Prováveis candidatos e seus padrinhos desembarcam no Estado neste primeiro semestre em uma espécie de ensaio do enredo das eleições do ano que vem.

Em abril, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - principal cabo eleitoral da presidente Dilma Rousseff - chega a Belo Horizonte para receber o título de cidadão honorário do Estado. Além dele, a ex-senadora Marina Silva, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) também visitam a capital nestes primeiros meses do ano.

A solenidade em homenagem a Lula será realizada na Assembleia Legislativa e deverá ocorrer no dia 12 de abril, véspera do encontro estadual de prefeitos do PT, no qual o ex-presidente também deverá comparecer.

A presença dele é considera da estratégica para a formação da "unidade partidária", almejada pelos petistas no Estado, principalmente após a derrota na eleição de Belo Horizonte. A coesão é um processo em construção desde a ruptura com a campanha de reeleição de Marcio Lacerda (PSB).

O decreto que prevê a concessão do título de cidadão honorário a Lula foi publicado em novembro de 2011 pelo governador Antonio Anastasia. O requerimento é do deputado estadual Rogério Correia (PT) e foi aprovado na Assembleia em março daquele ano.

No entanto, de acordo com Correia, o momento oportuno para a homenagem é agora. "O ano passado foi ano eleitoral e, também, o ex-presidente estava se tratando do câncer", afirmou. O colega Paulo Lamac (PT) justificou a homenagem. "Não se pode negar a importância do governo Lula para o país", disse.

Reviravolta. A visita de Lula também é a aposta dos petistas para neutralizar a investida dos socialistas no Estado, por meio da candidatura do presidente nacional do partido e governador de Pernambuco, Eduardo Campos.

Lula ainda estaria tentando negociar a vaga de vice na chapa de Dilma para o pernambucano, mas o acerto é praticamente impossível. Assim, o nome de Campos continua cotado para a disputa presidencial, e ele também desembarca no Estado nos próximos meses.

"Ele virá visitar Minas, sim, mas ainda não há uma data definida", confirmou o secretário geral do PSB em Minas, Mário Assad. Segundo o dirigente, antes de junho, o governador estará na capital. Ontem, ao comentar as especulações sobre um encontro com Lula, Campos brincou: "Eu estou com medo que a nossa conversa saia (na imprensa) antes de a gente a ter".

Marina também tem agenda

Envolvida com a criação do seu novo partido, a ex-senadora Marina Silva - e provável candidata à Presidência em 2014 - também virá visitar não só Belo Horizonte, como as principais cidades do interior do Estado.

"Estamos programando uma agenda para que ela visite todas as regiões de Minas", explicou seu principal apoiador mineiro, o ex-deputado federal Zé Fernando Aparecido (sem partido). Para poder criar a legenda, Marina vai percorrer o Brasil em busca das aproximadamente 500 mil assinaturas necessárias, segundo a legislação.

Apesar de Marina refutar publicamente a ideia de ser a candidata natural da nova sigla para a sucessão da presidente Dilma Rousseff, aliados trabalham para que o partido seja criado em tempo hábil para disputar as eleições de 2014.

De acordo com Zé Fernando, o propósito da viagem dela a Minas é a divulgação do Movimento Nova Política. "Queremos o contato com os movimentos sociais, com a juventude", detalhou o ex-deputado.

No próximo sábado, os integrantes do movimento se reúnem em Brasília para homologação do novo partido, que deverá se chamar Rede, e também para definição do estatuto da legenda. Ontem, foi veiculado na internet um vídeo com a ex-senadora convocando os apoiadores para o evento.

Fernando Henrique reforça Aécio

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) será a primeira liderança nacional a desembarcar em Belo Horizonte em ano pré-eleitoral. No próximo dia 25, o tucano dará início ao ciclo de debates "Minas Pensa o Brasil", organizado pelo diretório estadual da sigla.

FHC é o principal entusiasta da candidatura do senador Aécio Neves (PSDB) à Presidência. Ele foi responsável por lançar o ex-governador de Minas durante evento do partido, em dezembro do ano passado, em Brasília.

"Eu acho que o senador Aécio Neves é o nome (para a Presidência), e, a meu ver, desde já, tem que assumir suas responsabilidades, não de candidato, mas de líder do partido, para ele poder começar a percorrer o Brasil", disse FHC.

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, também é um dos convidados para as palestras.

Fonte: O Tempo (MG)

Tucanos de Minas veem com otimismo entrada de Marina em disputa

Marcos de Moura e Souza

BELO HORIZONTE - Daqui a dois dias, a ex-ministra Marina Silva reúne-se em Brasília com apoiadores para aprovar o estatuto de um novo partido pelo qual deverá se candidatar à Presidência da República em 2014. A entrada de Marina na disputa agrada ao presidenciável do PSDB, o senador mineiro Aécio Neves.

Os tucanos de Minas acreditam que quanto mais candidatos maiores são as chances de que a eleição seja levada para o segundo turno e que a escolha se restrinja a Aécio e à presidente Dilma Rousseff (PT).

"Aécio tem falado que é bom que tenha mais partidos, que quanto mais aberto for o leque de opções mais a sociedade terá chances de conhecer as várias formas de pensar o Brasil", disse ontem o presidente do PSDB de Minas, o deputado federal Marcos Pestana.

Do ponto de vista mais pragmático, acrescenta o deputado, um cenário com mais candidatos com força eleitoral tende a criar um contraponto mais consistente à Dilma. Isso significa uma diluição de votos no primeiro turno. E para o deputado, seria ruim para uma candidata como Dilma, que tem reduzida experiência eleitoral, esticar as eleições para uma segunda rodada.

Marina ficou em terceiro lugar nas eleições presidenciais de 2010, atrás de Dilma e de José Serra, do PSDB paulista. Em Minas, seu discurso empolgou eleitores e em Belo Horizonte ela foi a campeã de votos no primeiro turno.

"Quanto mais candidatos maiores as chances de ter segundo turno", avalia Pestana. O partido de Marina - cujo nome também está para ser definido no encontro de sábado - teria ainda outra vantagem para os tucanos. Certamente, diz Pestana, não será um partido que fará uma oposição frontal a Aécio.

"Temos amigos em comum com a Marina que estão participando desse diálogo [para a criação do novo partido]", diz Pestana. Dois deles são os tucanos paulistas Walter Feldmann e Ricardo Trípoli.

"Não estamos disputando eleitores com Aécio Neves", disse Pedro Ivo, um dos principais assessores políticos de Marina. "Nossa militância é outra, é de jovens, gente das redes sociais, de novos movimentos."

No PV mineiro, partido pelo qual Marina disputou as eleições presidenciais de 2010, a avaliação, segundo um de seus líderes que preferiu não ser citado, é que ela e Aécio mantêm uma relação amistosa. O PV é partido da base do governador de Minas, Antonio Anastasia (PSDB).

O primeiro desafio da ex-ministra é formalizar o partido a tempo: uma vez aprovado o estatuto e o nome, será preciso reunir no mínimo 500 mil assinaturas em nove Estados de pessoas que apoiam a criação da legenda. O prazo vence em outubro.

Fonte: Valor Econômico

Palestras vão ajudar em formulação de propostas de Aécio

BELO HORIZONTE - O PSDB mineiro inicia este mês uma série de palestras com o intuito de ajudar a formular propostas para a campanha presidencial do senador Aécio Neves e atrair lideranças do partido de outros Estados para sua candidatura.

O ex-presidente da República, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), será o primeiro. Ele estará em Belo Horizonte no dia 25 para apresentar a palestra "O Século XXI: Desafios, ameaças e oportunidade". O governador do Pará, o também tucano, Simão Jatene, deverá ser o segundo palestrante para o encontro de março.

"Esses encontros ocorrerão uma vez por mês e serão espaços de reflexão de temas contemporâneos nos quais falarão intelectuais, técnicos e líderes políticos", disse o presidente do PSDB de Minas Gerais, o deputado federal Marcos Pestana. Segundo ele, o ciclo de encontros intitulado "Minas Pensa o Brasil" será uma forma de contribuir para a "construção de um projeto que apaixone as pessoas". E que não somente estimule o partido em Minas, mas também em outros Estados.

O PSDB mineiro quer trazer o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para falar no evento no segundo semestre. O PSDB paulista não está fechado ainda em prol de Aécio como candidato à Presidência em 2014.

Entre os nomes que estão sendo cogitados pelos tucanos mineiros, estão o do senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) - ligado ao ex-governador de São Paulo e candidato derrotado à Presidência José Serra -; Beto Richa, governador do Paraná; Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central no governo de Fernando Henrique. (MMS)

Fonte: Valor Econômico

Adesão baixa ao tuitaço de Marina

Adriana Caitano

A primeira grande tentativa da ex-senadora Marina Silva de divulgar seu novo partido pelas redes sociais mostrou-se frustrada. Na tarde de ontem, a ex-ministra do Meio Ambiente no governo Lula convocou internautas a fazerem um tuitaço — espécie de panelaço virtual pelo Twitter — citando a palavra “rede”, que vai constar no nome da sigla, para destacar o evento de lançamento da legenda, marcado para sábado. A expressão, no entanto, acabou citada por menos de 100 usuários da rede e o vídeo em que a ex-senadora convida o público foi visto pelo mesmo número de pessoas. A baixa repercussão confronta os altos índices de popularidade no meio virtual conquistado pela ex-candidata ao Planalto em 2010. Durante a campanha presidencial, um outro “tuitaço” feito a pedido de Marina provocou 16 mil referências ao nome dela e rendeu-lhe mais de 100 mil seguidores no microblog.

Até pouco tempo, Marina Silva não aceitava admitir isso em público, mas há quase dois anos articula a criação de uma legenda para se lançar novamente candidata à Presidência da República. Somente nesta semana, às vésperas do evento em que vai oficializar o início da coleta de assinaturas para legitimá-la, colocou de fato o bloco na rua. E voltou a utilizar as redes sociais que tanto a ajudaram a conquistar 20 milhões de votos em 2010. No Facebook, no Twitter e no YouTube, convoca admiradores para o chamado Encontro Nacional da Rede Pró-Partido, que será realizado depois de amanhã no Centro de Eventos Unique Palace, em Brasília.

Na divulgação, a ex-senadora evitou usar o termo “partido”, convocando os seguidores a participar da criação de uma “ferramenta nova para participação do processo político” e “ajudar o Brasil a criar novos caminhos para a crise civilizatória”. No panelaço virtual — o tuitaço — de ontem, Marina e os poucos que entraram na mobilização repetiam a célebre frase do filósofo grego Platão – “quem não gosta de política é governado por quem gosta” -, seguida do termo “rede”. As citações, no entanto, nem sequer alcançaram a lista de tópicos mais reproduzidos do Twitter no Brasil.

Assinaturas

Mas mobilizar adeptos pela internet não será o único desafio de Marina. Para poder candidatar-se à presidência em 2014 pelo novo partido, o grupo precisará coletar cerca de 500 mil assinaturas espalhadas por todo o país até outubro. “Nosso tempo é curto e o desafio é grande”, admite Basileu Margarido, um dos fundadores da legenda. “Mas nossa força está na juventude, que se mobiliza para nos apoiar”, garante. Segundo Basileu, que coordenou a campanha de Marina em 2010, a lista de fundadores da sigla que terá rede no nome já conta com três deputados federais — Domingos Dutra (PT-MA), Alfredo Sirkis (PV-RJ) e Walter Feldman (PSDB-SP) — e a ex-senadora Heloísa Helena, que sai do PSol. “Já dá para ter uma dimensão de que o partido não vai ter só a Marina e, cada uma a seu tempo, outras figuras nacionais devem aderir até o registro final”, comenta.

Entre os nomes procurados por Marina para integrar o novo partido estão os senadores Randolfe Rodrigues (PSol-AP), Cristovam Buarque (PDT-DF) e Eduardo Suplicy (PT-SP) e os deputados Reguffe (PDT-DF) e Alessandro Molon (PT-RJ), mas, apesar da expectativa de alguns deles comparecerem ao evento de sábado, nenhum confirmou a mudança de sigla. “É natural que quem tem mandato deixe essa decisão mais para a frente, ainda temos tempo”, afirmou Basileu Margarido.

Fonte: Correio Braziliense

PSB: um avança, outro segura


Débora Duque

Enquanto interlocutores do PSB não medem esforços para projetar o nome de Eduardo Campos como candidato a presidente, em 2014, soltando ameaças constantes de ruptura com o governo federal, o governador mantém, publicamente, a estratégia inversa. O socialista tem procurado desmentir falas ousadas dos correligionários a respeito de seu possível voo nacional. Ontem, por exemplo, ele negou declaração feita, na semana passada, pelo líder do PSB na Câmara Federal, Beto Albuquerque (RS), avisando que a permanência do partido na base da presidente Dilma Rousseff (PT) tem "prazo de validade".Questionado, Eduardo tentou tratar o comentário do aliado como um fato isolado, desvinculado da posição oficial do partido. Disse "respeitar" a opinião do parlamentar com quem, na condição de presidente nacional do PSB, tem relações políticas estreitas. O governador, inclusive, já agendou uma ida a Porto Alegre para prestigiar o aniversário do parlamentar, que aproveitará para organizar um encontro de Eduardo com o empresariado gaúcho.

"Eu respeito aqueles que querem fazer o debate sucessório, agora, não vou fazer isso. No meu partido e em outros tem várias pessoas que não concordam com essa minha forma, é democrático. A avaliação de Beto pode ser diferente da que eu faço", assinalou. Mais uma vez, Eduardo voltou ao discurso de que a discussão sobre a eleição presidencial não "ajuda" o País e procurou demonstrar a "fidelidade" do PSB ao governo federal.

Eduardo fez questão de lembrar que, em 2010, o PSB abriu mão de lançar uma candidatura própria - a de Ciro Gomes - para apoiar Dilma. "Ajudamos a construção desse projeto desde o início, renunciando ao direito que tínhamos de ter candidato para tentar eleger a presidente já no primeiro turno", recordou, dizendo que o partido foi solidário aos apelos feitos, na época, pelo ex-presidente Lula. O governador também reforçou os dados que mostram que o PSB foi um dos partidos mais "fiéis" ao governo no Congresso. Apesar do discurso diplomático, Eduardo não deixou de abordar temas espinhoso para Dilma, como a crise econômica e o pacto federativo. "Será o ano mais desafiador de sua gestão", sacramentou.

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

Sindicatos se preparam para lutar por reajustes maiores este ano

Diretor da Força diz que é hora de cobrar a isenção fiscal dos empresários

Lino Rodrigues

Reivindicações. No Comperj, a briga por reajuste maior começou antes mesmo do carnaval, no início deste mês

SÃO PAULO - Com a expectativa de recuperação da economia, juros comportados e inflação ainda dentro meta, as principais categorias profissionais do país vislumbram um cenário econômico melhor para as negociações salariais este ano. Após um 2012 em que 97% dos acordos tiveram ganho acima da inflação - de 2,3%, o maior ganho real da série histórica do Departamento Intersindical e Estudos Sócio Econômicos (Dieese) -, os trabalhadores querem mais.

- Se os indicadores se confirmarem em 2013, os trabalhadores têm elementos para uma negociação positiva na recomposição dos salários e na obtenção de ganhos reais - diz José Silvestre Prado de Oliveira, coordenador de relações sindicais do Dieese, lembrando que em 2012 nenhum trabalhador teve reajuste real abaixo da inflação.

Apesar de um cenário melhor, Miguel Torres, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e diretor da Força Sindical - que representa 12 milhões de trabalhadores - espera grandes embates nas campanhas salariais, especialmente em questões polêmicas como redução de jornada de trabalho, fim do fator previdenciário e melhorias nas condições de trabalho.

- São pontos que unem todas as centrais sindicais. Acabado o carnaval, vamos botar o bloco dos trabalhadores nas ruas - disse o sindicalista, que dirige a Confederação dos Metalúrgicos do estado de São Paulo.

Torres acrescentou que 2012 foi "dedicado" aos empresários, que receberam do governo uma série de benefícios e incentivos fiscais para manter a produção e os empregos:

- Agora, chegou nossa vez. Em 2013, vamos exigir uma contrapartida dessas isenções para a classe trabalhadora.

Acordos mais longos

Além dos benefícios concedidos aos empresários, Vagner Freitas, presidente da CUT, lembrou que o fraco desempenho do PIB em 2012 (em torno de 1%) não impediu que alguns setores tivessem crescimento.

- O fortalecimento do mercado interno tem que ser acoplado à melhoria dos salários dos empregados e à garantia no emprego. São eles, os trabalhadores, que vão construir esse mercado interno forte de que o país precisa para continuar crescendo - afirmou Freitas.

No ABC paulista, com o fim do acordo com algumas montadoras que vigorou por 2011 e 2012, os salários voltarão a ser negociados. Com pouco mais de 104 mil trabalhadores e data-base em setembro, a ideia, segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, é dar continuidade a acordos salariais mais longos, como nos dois últimos anos, período em que os metalúrgicos não deixaram de reivindicar melhores condições de trabalho, qualificação profissional e participação nos lucros e resultados (PLR) com prazo e valores mais elásticos. Marques citou como exemplo a negociação com a Volkswagen, válida até 2017, e que prevê reajuste da inflação anual, aumento real de 2,5% e PLR de R$ 12,5 mil.

- Queremos acordos mais longos. Isso dá segurança para as duas partes - disse Marques. - E 2013 será mais favorável na qualidade do crescimento, e o trabalhador terá melhores condições para negociar.

Segundo Marques, é preciso ficar atento para dificuldades que possam surgir, como aprofundamento da crise na Europa e redução no crescimento chinês, que, se ocorrerem, afetarão negativamente os segmentos industriais. No caso de repetição do desempenho econômico de 2012, o presidente da CUT prevê negociações mais longas, enfrentamentos e greves.

Na avaliação de empresários, a luta por aumentos reais maiores este ano chega em um momento em que as empresas não deram sinais de retomada mais forte na produção e vendas, apesar dos incentivos do governo. Mesmo com as dificuldades de 2012, alegam que 98% dos trabalhadores da indústria e do comércio tiveram reajustes acima da inflação. Na indústria, o ganho real entre 2% e 3% atingiu 37% dos reajustes do setor. No comércio, 37% tiveram aumento na mesma faixa.

Fonte: O Globo

Projeções para inflação de 2013 e 2014 sobem após IPCA de janeiro

Eduardo Gucolo

BRASÍLIA - Os economistas consultados pelo Banco Central elevaram praticamente todas as projeções de inflação para 2013 e 2014. A nova piora ocorre após a divulgação do índice-Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro, que ficou acima das projeções e levou o governo a dizer que o indicador está em "patamares desconfortáveis".

De acordo com a pesquisa Focus do BC, divulgada ontem, a previsão para o IPCA de 2013 subiu pela sexta semana consecutiva e está agora em 5,71%. A meta de inflação é de 4,5%, com tolerância de 2 pontos porcentuais, para cima ou para baixo. Para 2014, a projeção foi mantida em 5,5%.

Também foram revistas para cima as projeções para o IPCA nos próximos 12 meses, para o IGP-DI deste ano e para o IGP-M de 2013 e 2014.

A pesquisa mostrou ainda que, entre os economistas com maior porcentual de acerto no levantamento, a previsão é de um IPCA de 5,7% neste ano e de 6,5% no próximo, valor que está no limite da meta.

Em janeiro, o índice ficou em 0,86%, a maior variação para o mês em dez anos, o que elevou a taxa anual para 6,15%.

A alta poderia ser ainda maior, se o governo federal não tivesse negociado com prefeitos a postergação do reajuste dos transportes urbanos. Também foi adiado, para fevereiro, o aumento dos combustíveis.

A piora nas estimativas para os preços foi acompanhada de uma expectativa de que o BC volte a elevar a taxa básica de juros (Selic) em janeiro de 2014. Antes, a estimativa era de alta em fevereiro.

Apesar da antecipação, o mercado ainda vê uma taxa nos atuais 7,25% até o fim deste ano e uma alta para 8,25% ao ano no fim de 2014.

PIB. A previsão de crescimento da economia brasileira em 2013 recuou de 3,1% para 3,09%. Para 2014, subiu de 3,70% para 3,80%. A projeção para o crescimento do setor industrial neste ano caiu de 3,17% para 3,10%. Para 2014, espera- se uma aceleração, para 3,70%, mesma projeção da pesquisa anterior.

Felipe Queiroz, economista da Austin Asis, projeta um crescimento mais forte da economia brasileira, de 3,7% e 4,3%, respectivamente, neste e no próximo ano. Também avalia que esse ritmo mais acelerado vai levar a um aumento maior dos juros, que deverá começar já no segundo semestre de 2013.

"Acreditamos que a Selic deve encerrar 2013 em 8,75%, diferente do que aposta a maior parte do mercado", afirmou. "Para 2014, projetamos chegar a uma taxa de 9,5% ao ano, motivado por um nível de atividade mais robusto, não só pelo mercado doméstico, mas também no cenário externo, com Estados Unidos e Europa em um processo de recuperação mais consistente da economia."

Em relação ao dólar, a projeção dos analistas consultados na pesquisa do BC para a taxa de câmbio no final de 2013 recuou de R$ 2,05 para R$ 2,03. Quatro semanas antes estava em R$ 2,07. Para o fim de 2014, caiu de R$ 2,07 para R$ 2,05.Para o fim de fevereiro e março, a estimativa está em R$ 2.

Fonte: O Estado de S. Paulo

A questão das alianças - Merval Pereira

A candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, do PSB, à Presidência da República parece a cada dia mais cristalizada no projeto dos socialistas, e agora tratada não mais como objetivo de longo prazo. Caminhamos para uma disputa eleitoral com vários candidatos, e pelo menos dois deles saídos da base governista que está no poder há dez anos: o próprio Campos, a se confirmar sua decisão, e a ex-senadora Marina Silva, por um novo partido a ser formado.

Sendo assim, e a continuar o panorama econômico nada promissor, a reeleição da presidente Dilma Rousseff estará em risco mais pelo sangramento de votos de sua própria base do que pela força da oposição, que continua refém de suas próprias contradições. E são essas contradições que a enfraquecem para uma eventual aliança eleitoral no segundo turno.

Como vem acontecendo desde 2002, depois de ter derrotado duas vezes Lula no primeiro turno, o PSDB é majoritário entre os oposicionistas, levando sempre as eleições para o segundo turno, e terminando a eleição com uma média de 40% dos votos. O problema do partido é não conseguir unir os derrotados para virar o jogo no segundo turno.

Ao contrário, o PT consegue sempre ser apoiado pelos dissidentes, seja por Ciro Gomes, do PPS, e Garotinho, do PSB em 2002, ou por Cristovam Buarque, do PDT, em 2006. Em 2010, a ex-senadora petista Marina Silva teve uma votação espantosa (20% dos votos), mas ficou em cima do muro no segundo turno. Não apoiou Dilma Rousseff, do PT, pois havia saído do governo Lula justamente em protesto contra a política ambiental, mas não teve disposição para o confronto direto, nem durante a campanha, nem no segundo turno.

O PSDB dificilmente consegue ultrapassar a barreira dos 40% dos votos, tendo atingido 44% em 2010 mais devido ao desconhecimento da candidata oficial do que pelo desgaste do PT, que já estava ali presente. Na articulação para o segundo turno está a chave da eleição de 2014, pois em situação normal a presidente terá dificuldades para vencer no primeiro turno, mas tem as melhores condições para fechar acordos no segundo.

A aproximação de Eduardo Campos com o virtual candidato do PSDB (ou seria melhor chamá-lo de candidato virtual?) senador Aécio Neves já foi maior, estando hoje desgastada depois das eleições para as presidências da Câmara e do Senado, quando o maior partido oposicionista não apoiou de fato as candidaturas dissidentes, uma delas do PSB na Câmara.

O fato é que o relacionamento do PSB com o PT nunca foi uma maravilha e revelou pontos da discordância ao longo do tempo, pois a ligação dos dois partidos vem desde a campanha presidencial de 1989, quando Lula foi derrotado por Collor para a Presidência da República. A lealdade do partido de Campos sempre foi mais a Lula que ao PT, e atualmente a discordância vai desde a gestão pública até a política de alianças, que o PSB considera muito pragmática e pouco representativa de um governo que se quer de centro-esquerda.

As maiores críticas são ao PMDB, que detém cada vez maior espaço político dentro do governo. Caso Marina ou Eduardo Campos chegue a um segundo turno contra o PT, será mais fácil viabilizar uma aliança vitoriosa saída da base governista, com o apoio dos partidos hoje na oposição. Mas, se se repetir a hegemonia do PSDB entre o eleitorado de oposição, mais uma vez será difícil vencer a eleição se não houver um grande acordo entre os derrotados do primeiro turno. A possibilidade de uma vitória oposicionista pode fazer com que o eleitorado se volte para uma candidatura mais viável, esvaziando o PSDB.

O senador Aécio Neves é um articulador político eficiente e conseguiu, nas eleições municipais, armar alianças políticas tanto com o PSB quanto com outros partidos da base aliada, e continua costurando possibilidades de acordos com diversos setores de partidos aliados, como o próprio PMDB. Qualquer sinal de fraqueza da candidatura oficial pode ser aproveitado, desde que as candidaturas adversárias tenham mesmo o projeto de tirar o PT do poder.

Fonte: O Globo

O tempo de Aécio para dar a largada - Raquel Ulhôa

Com o fim do Carnaval, aumentará a pressão de tucanos para que o senador Aécio Neves assuma a liderança das oposições e dê início à pré-campanha à Presidência da República. O primeiro passo será aceitar a eleição para presidente nacional do partido, na convenção marcada para 25 de maio.

Cada vez mais cobrado, o mineiro continua "mordendo a corda" ou "catimbando", segundo companheiros de partido, que reclamam da aparente "falta de gana" de Aécio e da demora para dar largada à candidatura presidencial. Mas o senador se movimenta intensamente nos bastidores e avisou que, a partir do Carnaval, o ritmo vai ser outro e a intensidade da atividade oposicionista, muito maior.

"Confiem mais no meu timing", tem dito a aliados. A demora do mineiro para aceitar o comando do partido não significa relutância ou medo de entrar em bola dividida. Ele é "candidatíssimo", mas quer fazer tudo a seu tempo.

Pressão aumenta e mineiro intensifica ação nos bastidores

Espécie de clube entre amigos, onde interesses pessoais em geral estão acima dos partidários e nacionais, o Senado tem sido palco desfavorável a uma candidatura oposicionista. A eleição do presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), por exemplo, desgastou Aécio.

Sem articulação prévia das oposições e com os acordos de Renan já avançados, o mineiro defendeu que o PSDB votasse contra o pemedebista. Os 11 senadores comprometeram-se a votar em Pedro Taques (PDT-MT), mas dirigentes do partido calculam que houve de quatro a seis votos tucanos para Renan. A bancada não seguiu a orientação de Aécio, também criticado por não subir à tribuna para defender um nome que representasse a renovação da Casa e a ética na política.

Para escapar dos limites impostos pela atuação no Senado, a maioria dos tucanos quer Aécio como sucessor de Sérgio Guerra (PE) na presidência do partido. Na função, teria maior exposição em embates com o governo e chance de viajar e se tornar conhecido.

Aos interlocutores, Aécio tem sinalizado positivamente, mas diz que, primeiro, precisa reforçar a retaguarda. Sabe que aceitar a presidência do partido significará assumir a candidatura ao Planalto. E não pretende se lançar em uma aventura política.

Está empenhado em entendimentos com governadores e lideranças tucanas do país todo - especialmente São Paulo- e representantes de partidos da base governista que podem desembarcar em 2014, como o governador Eduardo Campos (PE), presidente do PSB e potencial candidato à Presidência da República. Vem conversando ainda com interlocutores do PR, do PP e do PDT, entre outros.

Fazem parte do projeto de Aécio para 2013 viajar por todos os Estados, reforçar a estrutura de marketing do partido e pedir mais pesquisas de opinião pública. Um dos objetivos é criar fatos que deem visibilidade à ação governista. Quer aproveitar bem as 40 inserções do partido e o programa de televisão a que tem direito por semestre.

Dirigentes tucanos acham que Campos, com as jogadas ousadas que vem fazendo, embora seja da base de Dilma, pode conquistar fatias da oposição que hoje se sentem órfãs de uma liderança mais afirmativa. Campos saiu em vantagem das eleições dos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado.

Na Câmara, o PSB lançou candidato próprio contra o pemedebista Henrique Alves (RN), apoiado pelo Planalto. Júlio Delgado (PSB-MG) conquistou votos no PSDB, que não marcou posição. No Senado, a bancada do PSB anunciou voto contra Renan, numa decisão partidária. Ponto para Campos, embora ele tenha se manifestado depois de Aécio.

Apesar da ambiguidade - por ser governista e, ao mesmo tempo, alimentar especulações de que pode disputar contra Dilma-, as ações do governador de Pernambuco causam apreensão entre dirigentes tucanos. Segundo um deles, 30% do partido está com Campos e outros 60% podem ir, se Aécio não assumir logo.

O senador, por sua vez, tem dito que Campos não é problema da oposição e sim do governo. Eventual candidatura do PSB à Presidência da República significará um racha na base aliada da presidente.

Já há quase um ano, Aécio aproveitou evento da juventude do PSDB em Recife para visitar Campos, com quem teve longa conversa sobre sucessão presidencial. Trocaram ideias sobre a possibilidade de estarem junto em um eventual cenário de segundo turno em 2014.

A avaliação dos tucanos é que, independentemente das circunstâncias, Aécio correria numa faixa própria da oposição, que ficou entre 35% a 45% do eleitorado em 2002, 2006 e 2010. Segundo avaliações de interlocutores, quanto mais concorrentes se lançarem na disputa pelo Planalto, melhor para a oposição.

O mineiro também reuniu-se com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o ex-governador José Serra. Aécio não pode enfrentar uma eleição presidencial sem o apoio de São Paulo. Já tem, a seu lado, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e outros tucanos do Estado.

Num gesto de inclusão dos paulistas, Aécio articulou a escolha dos líderes das bancadas do PSDB na Câmara dos Deputados e do Senado. Foram eleitos, respectivamente, Carlos Sampaio (SP) e Aloysio Nunes Ferreira (SP), próximo de Serra.

Aliados de Aécio rebatem a versão corrente de que a suposta falta de "gana" signifique que o senador mineiro não entra em bola dividida. Lembram que em 2001 ele venceu a disputa pela presidência da Câmara dos Deputados contra a orientação do então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, que defendia apoio a Inocêncio Oliveira, do então PFL, parceiro na aliança. Para mostrar que Aécio não é amador e "não dá murro em ponta de faca", são citadas também as duas eleições para o governo de Minas Gerais (2002 e 2006), nas quais reuniu ampla frente de partidos.

Tucanos mais entusiasmados com a candidatura presidencial de Aécio atribuem à sua propalada qualidade de articulador político a opção por agir nos bastidores antes de assumir o protagonismo da cena. Para os mais críticos, o risco é que ele perca o "timing" e que a oposição fique cada vez mais fraca, sem rumo e esfacelada.

Fonte: Valor Econômico

Com quê roupa? - Tereza Cruvinel

O que não está claro, na eventual candidatura do governador Eduardo Campos, é o espaço do espectro político-eleitoral que ela ocuparia. Em outras palavras, com quê roupa ele vai para o samba da campanha?

Nos últimos meses, o governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, desenvolveu uma coreografia de idas e vindas sobre sua eventual candidatura a presidente da República em 2014. Alternou as reticências com afirmações de que apoiará a reeleição da presidente Dilma Rousseff. Mas nunca disse que não seria candidato e agora está agindo mais claramente como quem será. O que não está claro, talvez nem para ele mesmo, é o espaço do espectro político-eleitoral que ele ocuparia. Em outras palavras, com quê roupa ele vai para o samba da campanha?

Dilma puxará o grande bloco governista, exibindo a faixa presidencial e os saldos de seu primeiro governo. Os resultados econômicos, até aqui medíocres, podem melhorar este ano e ser compensados pelos avanços sociais, é o que dizem seus auxiliares. O campo da oposição já está ocupado pelo PSDB, que terá como candidato, salvo um grande imprevisto, o senador Aécio Neves. E há um espaço não desprezível na sociedade, especialmente na classe média, para candidatos com discurso crítico à política convencional. Mas este figurino de candidato antissistema cai muito bem é em Marina Silva, que com ele obteve 20 milhões de votos em 2010. Ela não estaria correndo para montar um partido se não pretendesse concorrer novamente. Eduardo Campos é essencialmente um político tradicional. Pode ter olhos verdes e estilo próprio, mas o jogo que ele joga é o mesmo que jogam o PSDB, o PT, o DEM e demais siglas que movem a política. Nada impede que a oposição tenha mais de um candidato, embora a estratégia da divisão não a ajude. Para se apresentar como tal, Campos teria que se afastar logo do governo, devolvendo a Dilma os dois ministérios que o PSB ocupa.

Outro dilema que envolve sua candidatura é o das alianças. Ele está procurando tornar-se um nome nacionalmente conhecido, comparecendo a eventos nas diferentes regiões do país, e montando uma estrutura de comunicação. Mas precisará também ter palanques e aliados em todos os estados, para que sua candidatura não fique restrita ao PSB. Embora o partido tenha crescido muito nas eleições municipais do ano passado, tem apenas 443 prefeituras no universo de 5,5 mil municípios. Prefeitos são fundamentais na disputa presidencial. Estará o PSB disposto a sacrificar candidaturas próprias para apoiar candidatos de outros partidos a governador, em troca do apoio a Campos? Os partidos são nacionais, mas têm seus interesses e dirigentes locais. A segunda liderança mais importante do PSB, o governador do Ceará, Cid Gomes, por exemplo, não apoiou o candidato do partido a presidente da Câmara, Julio Delgado.

Outra incerteza é quanto aos partidos que poderiam se aliar ao PSB para lhe dar palanques e aumentar o tempo de televisão. Com o PSDB o namoro esfriou e, ainda que prosperasse, não seria para dar a cabeça de chapa, e sim a vice, ao governador de Pernambuco. Com Dilma estarão o PMDB e todos os satélites da coalizão governista: PDT, PP, PR, PDT, PSD etc; O PTB, partido do senador pernambucano Armando Monteiro, aliado do governador, talvez viesse a apoiá-lo. Monteiro, ex-presidente da CNI, tem sido ponte segura entre Campos e os empresários, que andam ressabiados com a política econômica do governo. Restaria o DEM, mas este é um apoio que, pelo histórico de esquerda do governador, não lhe cairia bem. Outras incertezas cercam sua eventual candidatura.

Segundo o jornal O Globo, em breve Campos dirá a Lula que será mesmo candidato. Dilma, que já lhe fez alguns acenos e afagos, agora deve apenas aguardar seus movimentos, enquanto trata de montar sua própria coligação. O governador da Bahia, Jaques Wagner, é que vem se empenhando para a superação do estremecimento entre PT e PSB, chegando a propor que o PT se comprometesse com a candidatura de Campos em 2018, ontem foi lacônico: “Esta decisão pertence a ele, que tem todo o direito de ser candidato . Terá o meu respeito, embora eu preferisse que estivéssemos juntos, trabalhando pela reeleição da presidente Dilma”.

Dilma arma o jogo

Um olho no peixe, outro na frigideira. Um olho na gestão, outro na política. Este é o resumo que o governador Jaques Wagner fez do estado de espírito da presidente Dilma. É isso mesmo que a conjuntura de 2013 exigirá dela, com vistas a 2014. A economia agora tem um nervo exposto, o da inflação. O governo não quer combatê-la subindo os juros, depois da queda histórica de que Dilma se orgulha. Vale-se do câmbio, o que provoca outros desarranjos. Os próximos editais de concessões ao setor privado são cruciais para a elevação do investimento e a retomada do crescimento. Para atrair o empresariado, ela determinou revisões nos editais.

Na política, ela também estará agora com a mão no leme. A prioridade é consolidar as alianças e resolver pendências. Antes do carnaval, ela recebeu os dirigentes do PR, ressabiado desde a demissão do ex-ministro Alfredo Nascimento. O PR voltará ao governo mas, segundo auxiliares da presidente, não ao Ministério dos Transportes, o que apagaria a ideia de que ela fez uma faxina na pasta. Recebeu também o PDT, que não se sente representado pelo ministro do Trabalho, Brizola Neto. Ela terá que resolver isso.

E, muito breve, celebrará as bodas com o PSD de Gilberto Kassab, nomeando Afif Domingos como ministro da Micro e Pequena Empresa.

Perdão, leitores

Esta coluna, comentando a renúncia do Papa, referiu-se na terça-feira ao trono de São Paulo. É de São Pedro , por isso também chamado petrino.

Fonte: Correio Braziliense

Oração - Eliane Cantanhêde

Impossível discordar de dom Cláudio Hummes quando ele diz que "será difícil [para o novo papa] simplesmente dizer sim àquilo que é proposto pela sociedade ou pelos legisladores hoje em dia".

Arcebispo emérito de São Paulo e um dos cinco brasileiros que votam e podem ser votados no conclave para a escolha do sucessor de Bento 16, dom Cláudio referia-se à extensa lista que separa a Igreja Católica da sociedade contemporânea -e dos fiéis, portanto.

Como temas centrais, a recusa a contraceptivos e camisinhas, casamento gay e a própria homossexualidade, ordenação de mulheres e o debate sobre o celibato dos padres, pesquisas com células-tronco e o aborto até em caso de estupro.

Se é difícil dizer sim, fica cada vez mais arriscado só dizer não. Os ataques especulativos de outras igrejas têm tido enorme sucesso, especialmente em países emergentes, mais jovens, muito populosos e menos letrados. O Brasil, apontado como o maior país católico do mundo, é o melhor exemplo.

Isso se torna ainda mais grave, até constrangedor, quando confrontadas a rigidez da lista de proibições para o público externo, os fiéis, e a elasticidade das concessões para o interno, bispos e padres.

Ao mesmo tempo em que desaprova a homossexualidade e se recusa a discutir o celibato dos padres, o Vaticano faz vistas grossas para as denúncias de pedofilia.

Elas pipocam na igreja em diferentes partes do mundo e mancham o legado de Bento 16. Como escreveu Julia Sweig ontem, com todas as letras, a isso se chama hipocrisia.

O mundo certamente reza, ou torce, por um papa mais jovem, mais arejado, fora do eixo europeu e que, obviamente sem negligenciar a doutrina, seja mais aberto à evolução da ciência e à dinâmica da sociedade e de suas demandas. Fácil não é, mas nada é impossível depois de 2.000 anos de existência e de poder.

Fonte: Folha de S. Paulo

O papado intertemporal – Michel Zaidan Filho

Em pleno reinado de Momo (o maior ritual profano do país), os brasileiros tomaram ciência da renúncia de outro monarca, o Chefe da Igreja Católica romana, Bento XVI. Os fiéis não entenderam o gesto renunciatório do pontífice. Para eles, um papa escolhido e ungido pelo divino espírito santo, não só é infalível, mas só deixa o pontificado quando morre, ou desencarna.

Ocorre que a escolha do cardeal Ratingzer foi fruto de uma transação entre as diversas facções existentes no Colégio cardinalício. O candidato preferido era um italiano, que declinou o convite, por razões de saúde. Os grupos entraram num acordo para a escolha de um papa transitório, de pontificado curto, que permitisse à Igreja, a escolha de um outro para outro tipo de ministério. Qual seja, ninguém sabe ao certo. O cardeal Ratingzer era um religioso de mais de 70 anos, doente e dedicado ao estudo da doutrina cristã. Foi chefe da Congregação para a Santa Fé, zeloso guardião da ortodoxia cristã. Foi ele quem mandou Leonardo Boff se calar, sob pena de ser excluído da Igreja. Enquanto o pontífice anterior era uma espécie de "atleta de Deus", este é um guardião das escrituras. Um ajudou a pescar as almas, este resolveu depurar o cardume.

Esse é o ponto dollens da questão. As atitudes conservadoras do papa renunciante nada têm a ver com a saúde ou a fragilidade do monarca cristão. Mas sim com suas encíclicas, com a característica de seu pontificado. Este foi um papa que trabalhou firmemente contra o espírito do Concílio Vaticano II e o giro secular da Igreja, com Paulo VI. Deu-se uma "meia volta, volver" na política da Igreja católica, dando-se as costas para o mundo e suas questões e reforçando a doutrina consolidada por Paulo e outros evangelistas. A igreja tornou-se mais conservadora, contrariando o direito das minorias, chocando-se com a ciência, interferindo com as políticas públicas dos governos nacionais. Este foi o papa que trabalhou contra o ecumenismo. Definiu a Igreja de Roma como a única herdeira do trono de Pedro. Atacou o profeta dos Muçulmanos. Em compensação, chamou os judeus de irmãos mais velhos dos cristãos. Foi leniente em relação às denúncias de pedofilia na Igreja romana.

A renúncia do Bento XVI tem a ver sobretudo com estas características ultramontanas de seu pastoreio religioso. Há de se lembrar que foi Mussolini que, através do tratado de Latrão, concedeu soberania político-estatal á cidade de Roma e fêz do papa católico, imperador romano, ungido ou não pelo divino espírito santo. O papa de Roma é o único chefe de estado no mundo que tem o direito de interferir nas questões internas dos outros povos, sem sofrer nenhum tipo de retaliação. A igreja católica se comporta como um império universal, e seu chefe, como imperador do mundo.

Que saúde do pontificado de João XXIII! Do ecumenismo cristão. Da teologia da libertação e seus "padres de passeata", como conservadoramente Nelson Rodrigues os chamava. Realmente, a Igreja católica precisa de um novo papa. Mas para que Igreja?

Michel Zaidan, cientista político e professor da UFPE.

É a guerra cambial - Celso Ming

Afinal, de que animal se trata?

O termo repetido cada vez mais insistentemente nas reuniões dos maiorais da economia global é guerra cambial – o mesmo que o ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, vem usando desde setembro de 2010.

Para o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, esse bicho não existe. O termo guerra cambial é forte demais, disse ele nesta quarta-feira. Mas o presidente da França, François Hollande, não quer discussões sobre metafísica. Quer logo uma ação contra o que também vai denominando como guerra cambial.

Prova de que o problema está assustando foi o comunicado assinado pelas autoridades financeiras do Grupo dos Sete (G-7) países ricos, divulgado na terça-feira por meio do Banco da Inglaterra (banco central inglês). Foi reafirmado o compromisso das principais autoridades financeiras do mundo de que o câmbio não pode ser manipulado.

Quando Mantega começou a fazer suas denúncias, o alvo era o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos). O ministro o acusava – e ainda acusa – de despejar trilhões de dólares no mercado com o objetivo admitido de estimular a retomada do crescimento econômico, mas cujo único resultado é inundar os mercados de câmbio dos países emergentes com moeda estrangeira. A principal consequência, vem advertindo ele, é a valorização das moedas nacionais pelo simples efeito da lei da oferta e da procura. Essa valorização puxa para cima os preços em dólares do produto nacional e reduz a competitividade do setor produtivo. É a mesma denúncia que repetida por vezes pela presidente Dilma Rousseff com outra metáfora: tsunami monetário.

Mas as autoridades não estão falando da mesma coisa. A preocupação do momento não é a atitude do Fed – que segue recomprando títulos no mercado (portanto, despejando dólares), à proporção de US$ 45 bilhões por mês –, mas a do Banco do Japão (BoJ) – que, em menos de três meses, realizou um despejo colossal de moeda no mercado, que provocou desvalorização do iene de 13% em relação ao dólar.

As pressões do presidente Hollande são de que o BCE saia da inércia, que use a bazuca que tem à sua disposição e que também emita euros em volume suficiente para enfrentar com as mesmas armas os ataques do BoJ. Se fosse atendido, a guerra cambial deixaria de ser somente um conceito discutido por teóricos. Passaria a ser um conflito reconhecido, sujeito a funestas consequências.

O comunicado do G-7, assinado também pelo ministro das Finanças do Japão, reafirma compromissos dos senhores do mundo com o livre jogo de mercado. Mas as tensões chegaram a um nível tal que exigem mais do que simples declarações.

Parece inevitável que a reunião de cúpula dos principais dirigentes das Finanças e dos bancos centrais do Grupo dos Vinte (que incluem alguns países emergentes), marcada para ser realizada nesta sexta-feira e neste sábado, em Moscou, para buscar saídas para o crescimento econômico, aprofunde as discussões.

Duas perguntas ficam para ser respondidas. A primeira é se, desta vez, haverá mais do que declarações inconsequentes e se as coisas, com esse ou outro nome, continuarão como estão. E a segunda é o que fazer para acabar com a paradeira que aí está, caso os grandes bancos centrais fiquem proibidos de usar o câmbio para relançar suas economias.

Confira

Assim evoluiu a cotação do euro em dólares, até ontem, desde a segunda quinzena de setembro de 2012.

Piorou. Os números do comércio exterior em fevereiro são ruins, seja qual for a comparação. A média diária das exportações caiu 12,2% ante fevereiro de 2012. E a acumulada do ano caiu 5,7% em relação à acumulada do mesmo período. Enquanto isso, as importações cresceram 11,3% e 15,9%, respectivamente. A importação de combustíveis continua pesando: aumentou 65,2% se comparada à média diária de fevereiro de 2012.

Fonte: O Estado de S. Paulo

Um novo clima - Míriam Leitão

O presidente Barack Obama deu nova ênfase ao combate à mudança climática, pediu leis sobre o tema e avisou: "Se não fizerem, eu faço." Elegeu o fortalecimento da classe média como o norte da gestão, avisou que está iniciando negociações comerciais e de investimento com a Europa e fechando um acordo com a Ásia. A única região não citada no discurso foi a América do Sul.

Na área fiscal, ele prometeu o céu que todos os governantes querem: aumento de gastos sociais sem elevar o déficit público. Nenhum dime , disse ele, será acrescido às despesas. Mas não disse onde cortar. Avisou que redução de déficit tem que estar na agenda, mas não pode ser programa de governo.

Está certo, mas só pode dizer isso, tendo aquele déficit imenso, porque governa o país emissor da moeda mais aceita no mundo. Assim, os Estados Unidos podem financiar seus desequilíbrios não resolvidos.

A área a cortar deve ser a dos gastos militares. Este ano, volta a metade dos soldados no Afeganistão, e até o fim do ano que vem a guerra acaba. A al-Qaeda, segundo ele, é hoje uma sombra do que foi. Disse que melhor do que combater os inimigos com ocupação de países é construir alianças locais e investir em segurança cibernética.

Na política externa, um detalhe que não é inédito, mas tem um significado: todas as regiões do planeta foram citadas, menos a América do Sul. A diplomacia brasileira costuma dizer que é bom mesmo que nos esqueçam. Teria sido bom que tivessem nos esquecido durante a Guerra Fria, quando a região foi vista como uma área a ocupar com ditaduras. Agora, em época de alianças para novas tecnologias, ampliação de comércio, pesquisa e desenvolvimento, o melhor é estar no mapa do país líder em inovação.

Ele conclamou os dois partidos para o combate às mudanças climáticas. "Mas, se o Congresso não atuar em breve para proteger as futuras gerações, eu vou." Ele pode agir muito através de órgãos de governo e da agência ambiental, e essa era a ameaça. Obama lembrou os últimos desastres, como o furacão Sandy e a superseca do ano passado. Disse que o país pode achar que é coincidência ou confiar nos cientistas. "Um evento não faz uma tendência, mas o fato é que os 12 anos mais quentes da história aconteceram nos últimos 15 anos."

Ele defendeu o que seu governo fez em energia limpa. "No ano passado, a energia eólica agregou quase metade da nova capacidade de geração de energia dos Estados Unidos. Então vamos gerar ainda mais. A energia solar fica mais barata a cada ano; vamos fazer com que fique mais barata." E disse que se a China consegue avançar em energia limpa, os Estados Unidos também podem.

No início do discurso, Obama comemorou o fato de que a dependência do petróleo importado foi a menor em 20 anos. Isso só pode acontecer pelo aumento da produção de gás. Ele chama de gás natural, mas esse aumento foi possível pelo produto vindo do fracionamento de rocha, que tem conhecidos problemas: excessivo gasto de água e risco de contaminação do lençol freático. Obama propôs criar um fundo com as receitas de petróleo e gás para financiar estudos para aumento da segurança energética.

Apesar de a economia americana ser forte em serviços, ele defendeu a indústria. Disse que ela criou 500 mil empregos. Esqueceu de dizer que hoje a indústria americana emprega três milhões a menos que há uma década.

O discurso é um ritual, mas Obama o utilizou, desta vez, como plataforma de lançamento do segundo governo e para passar mensagens com a mudança de tom e do espaço dado aos temas. A mais expressiva alteração foi na questão climática.

Fonte: O Globo