sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Campos trabalha para ganhar apoio do Nordeste

Por Murillo Camarotto

RECIFE - Intensificando paulatinamente o discurso de candidato ao Palácio do Planalto, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), disse ontem que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lhe garantiu que não vai disputar as eleições do ano que vem. Claramente disposto a assumir a posição de candidato oficial do Nordeste, Campos também pediu a união do eleitorado da região e endureceu as críticas à gestão da presidente Dilma Rousseff.

As declarações foram dadas durante uma longa entrevista concedida a uma rádio da Paraíba. Questionado se poderia recuar da candidatura caso Lula substituísse a presidente Dilma na disputa, Campos foi taxativo: "Essa hipótese não existe. Ouvi do próprio ex-presidente Lula que a candidata é Dilma", disse o pernambucano, que aproveitou para alfinetar a adversária. "Todo mundo sabe que, do jeito que está aí, o Brasil piora", disse.

Campos negou ter recebido qualquer pedido de Lula para que desistisse da postulação presidencial. O governador mencionou, no entanto, comentários atribuídos ao ex-presidente por líderes petistas, de que Eduardo Campos seria o candidato apoiado pelo PT ao Palácio do Planalto em 2018.

"Mas as coisas não andaram como a gente esperava. Se eu tivesse pensando apenas na minha questão pessoal, poderia cumprir meu governo, depois estar em um ministério; ou teria 82% dos votos para o Senado, com o segundo colocado com 6%", estimou o governador, confiante de sua popularidade em Pernambuco.

Apesar de ainda não falar abertamente como candidato à Presidência da República, Campos confirmou que deixará o governo de Pernambuco em abril de 2014 para se dedicar à campanha eleitoral. "A partir de abril, não tenho nenhuma função, tenho o sentimento do povo", disse.

Disposto a minar a aceitação que os presidenciáveis do PT costumam ter no Nordeste, o governador pediu união dos conterrâneos. "Precisamos sair daquele jogo que tentaram nos levar, de dispersar as forças, como se cada Estado fosse adversário. A gente pode juntar nossas forças, porque o Nordeste precisa melhorar. O Brasil precisa fazer mais pelo Nordeste", disse Campos, que recebeu o título de cidadão de João Pessoa. Antes, Campos já havia sido condecorado em Sergipe e no Piauí e se tornará cidadão baiano nos próximos dias.

O governador criticou os resultados da política econômica do governo federal e disse que o Brasil "foi um até 2010 e desde de 2011 [quando assumiu a presidente Dilma Rousseff] está de outro jeito". Na sua avaliação, o baixo crescimento da economia nacional tem prejudicado o Nordeste, o que teria levado a região a retomar o processo de concentração de renda.

No discurso aos nordestinos, sobrou até para a imprensa. Campos disse haver um sentimento de "incômodo" com o tratamento dado pelos jornais "do sul" aos nordestinos, que na sua avaliação são mencionados "apenas como eleitores, como se só servissem para votar". "A gente quer ser tratado com humanidade. Não queremos favor nem migalha", completou.

O Nordeste tem sido o fiel da balança em favor do PT nas últimas eleições presidenciais. Tanto Lula quanto Dilma tiveram vitórias folgadas na região, cenário que Campos pretende mudar em 2014. Batendo na mesa do estúdio da Rádio Correio, disse o governador: "O Nordeste unido faz a vitória em 2014. Agora, se dispersar, é outra história...".

Após o indicativo de apoio anunciado pelo PPS no fim de semana, Campos já se referiu ao partido como parte do grupo que sustentará sua candidatura ao Planalto, ao lado do Rede Sustentabilidade e do nanico PPL.

Em relação à Paraíba, Campos defendeu a manutenção da aliança entre PSB e PSDB no Estado governado por Ricardo Coutinho (PSB). Caso se mantenha a parceria, será mais um palanque que Campos vai dividir com o senador mineiro Aécio Neves (PSDB) nas eleições presidenciais.

A aliança, entretanto, está ameaçada pelos planos do senador Cássio Cunha Lima (PSDB), que avalia a possibilidade de se candidatar ao governo, posto que ele ocupou entre 2003 e 2009, ano em que teve o mandato cassado pela Justiça Eleitoral.

Fonte: Valor Econômico

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