quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Secretário de Haddad cai e é acusado por fiscal de ter recebido 'mesada'

Braço direito do prefeito pediu demissão após serem reveladas ligações com suspeitos de fraude

Fiscal diz que Donato recebia 'mesada' de R$ 20 mil na Câmara; petista diz ser vítima de acusações infundadas

Giba Bergamim Jr. José Ernesto Credendio, Mario Cesar Carvalho, Rogério Pagnan e Ricardo Mendonça

SÃO PAULO - Braço direito do prefeito Fernando Haddad (PT), o secretário de Governo, Antonio Donato, pediu demissão ontem, 14 dias após ser deflagrada operação que levou quatro auditores fiscais à prisão, acusados de fraude ao ISS.

A quadrilha é suspeita de desfalcar em R$ 500 milhões os cofres públicos, dando a construtoras desconto no imposto em troca de propina.

A queda do secretário ocorreu no dia em que a Folha revelou que o auditor fiscal Eduardo Horle Barcellos, um dos suspeitos do esquema, trabalhou três meses com a equipe de Donato neste ano, reforçando a ligação do petista com acusados da fraude.

Donato anunciou sua saída a aliados na hora do almoço, num encontro do PT. Entre os presentes, além de Haddad, Rui Falcão, presidente do partido, e Emídio de Souza, futuro coordenador da campanha do ministro Alexandre Padilha ao governo paulista.

No mesmo dia, em depoimento de oito horas, Barcellos disse à Promotoria que pagava "mesada" de R$ 20 mil a Donato na Câmara, quando ele era vereador, como revelou o "Jornal Nacional", da Globo. Os pagamentos, segundo ele, foram entre dezembro de 2011 e setembro de 2012.

O fiscal ainda afirmou que seu colega Ronilson Bezerra Rodrigues também dava dinheiro da fraude a Donato.

O dinheiro seria um "investimento futuro" para manter cargos se Haddad vencesse.

Barcellos fez acordo de delação premiada (para colaborar em troca de menor pena).

O Ministério Público vai pedir a quebra de sigilo dos telefones de Donato e Barcellos.

O petista afirmou, em nota, que "nunca" recebeu recursos dos auditores e atribuiu as declarações do auditor a uma tentativa de tumultuar e "desviar o foco da investigação".

O ex-secretário, que voltará a ser vereador, disse à Folha que saiu do governo para "se defender de acusações infundadas feitas até agora e das possíveis que virão".

Ao divulgar a investigação da fraude do ISS, a gestão Haddad mirava os desvios na gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD). No mesmo dia, porém, a Folha revelou que Ronilson Rodrigues havia sido diretor da SPTrans na administração petista --por indicação de Donato.

Haddad, que vinha defendendo o secretário, disse ontem que "todas as pessoas que estão no Executivo estão sujeitas ao controle" da Controladoria Geral do Município.

Uma sindicância interna foi aberta para investigar Donato. O secretário de Saúde, José de Fillipi Jr., é um dos mais cotados para assumir seu cargo.

Fonte: Folha de S. Paulo

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