sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Marina defende novo programa, enquanto Campos busca aliados

Ex-senadora quer discussão de documento primeiro, mas governador avança em contatos com outras siglas

Campos afirma que aliança nacional é prioridade e que não vai 'atropelar' nenhuma negociação nos Estados

Marina Dias

SÃO PAULO - A ex-senadora Marina Silva propôs ontem que o PSB elabore um programa de governo antes de negociar acordos com outras siglas para a corrida presidencial de 2014, uma estratégia que contrasta com a movimentação intensa do governador Eduardo Campos, presidente do PSB, em busca de novos aliados.

Durante evento ontem em São Paulo, Marina disse que pretende fazer uma "inversão do processo político" ao colocar a "discussão programática" em primeiro plano.

"Geralmente, as pessoas pensam nas alianças eleitorais e depois decidem o que vão fazer se, por ventura, chegarem a ganhar [a eleição]. Nós queremos fazer exatamente o contrário", afirmou.

O discurso não combina com a movimentação de Eduardo Campos, que nos últimos dias procurou avançar em seus contatos com dirigentes do PPS e do PDT.

No início desta semana, Campos conversou com o deputado federal Roberto Freire (SP), presidente do PPS. Ontem, encerrado o encontro com Marina Silva, foi direto para uma reunião com líderes do PPS em Porto Alegre.

Campos conversou ainda por telefone com Carlos Lupi, presidente do PDT, e está perto de fechar acordo com o PSDB em São Paulo, indicando o vice na chapa do governador Geraldo Alckmin.

Nesse cenário, rechaçado pelo grupo de Marina, Alckmin dividiria o palanque entre Campos e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), outro provável candidato a presidente.

Campos tem dito que sua prioridade é o projeto nacional. "Tudo o mais estará em sintonia com o projeto nacional e com o conteúdo que estamos debatendo. O que não estiver [em sintonia] estará superado pela dinâmica".

Marina reconhece a movimentação do governador, mas diz que essas "não são conversas puramente eleitorais". Para ela, é importante que os possíveis aliados estejam de acordo com o programa de governo que deve ser finalizado em abril de 2014.

Diferenças
Marina entrou no PSB em outubro, depois que a Justiça impediu a criação da Rede Sustentabilidade, o novo partido que ela tenta organizar.

Em São Paulo, Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina, a Rede quer lançar candidato próprio e o PSB prefere composição com outras siglas.

"Nós, da Rede, estamos trabalhando para ter candidatura em São Paulo. Defendemos uma tese e ainda estamos no início do debate", disse Marina ao lado de Campos.

O governador, por sua vez, afirmou que o debate regional virá "depois do debate nacional" e que nenhuma negociação será "atropelada".

Tanto Marina quanto Campos criticaram a política econômica do governo federal e disseram que o eleitor está cansado da "polarização entre PT e PSDB" e que espera "o debate de propostas".

"Esse debate [entre PT e PSDB] só faz mais ainda esgotar a paciência da população", afirmou o governador.

Já Marina disse que "há um cansaço com essa política de terra arrasada". Para a ex-senadora, a governabilidade não deve ser baseada na "distribuição de cargos e privatização dos Estados pelos partidos". Mesmo assim, reconhece que, caso vença a eleição em 2014, sua coligação "terá que dialogar com PT e PSDB para governar".

Fonte: Folha de S. Paulo

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