quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Aécio tenta unificar discurso tucano para fortalecer seu nome

Provável candidato do PSDB também quer neutralizar críticas de José Serra e conter avanço do PSB de Campos

Senador mineiro irá enviar e-mail com o 'tema da semana', que deve ser discutido por aliados nos Estados

Marina Dias

SÃO PAULO - Principal nome do PSDB para disputar a Presidência da República em 2014, o senador Aécio Neves (MG) tenta unificar o discurso do partido para avançar com mais ressonância no terreno de oposição ao governo federal --que tem sido ocupado pelo PSB, com a aliança de Eduardo Campos e Marina Silva.

Desde o início do mês, a equipe de Aécio encaminha às segundas-feiras uma mensagem via e-mail com o que chama de "tema da semana" para todos os diretórios estaduais do partido.

O objetivo é dar mais exposição à fala do senador mineiro, presidente nacional da sigla, e fazer com que governadores, deputados, prefeitos e vereadores tucanos reproduzam o discurso que Aécio apresenta em Brasília.

Desarticulação
Aécio tem dito que o PSDB está com "um exército desarticulado" e a cúpula de sua pré-campanha tenta neutralizar discursos internos dissonantes, principalmente após as críticas que o ex-governador de São Paulo José Serra fez ao próprio partido.

Na semana passada, o paulista afirmou que o PSDB é complexado e "tem necessidade de ser aceito pelo PT".

Durante evento em Porto Alegre anteontem, porém, o senador descolou sua posição das opiniões de economistas ligados ao PSDB e que ajudam na formulação de um futuro programa de governo.

Entre as ideias aventadas estavam a revisão da política de desonerações fiscais e da lei que torna automáticos os aumentos do salário mínimo.

Preocupado com temas que tenham impacto eleitoral negativo, Aécio preferiu deixar de lado a unidade do discurso e afirmou que "ouve muitas pessoas, mas não tem porta-vozes. A opinião dessas pessoas não é necessariamente a minha".

Disse ainda que "as desonerações que estão feitas, estão feitas, e não há clima para mexer no salário mínimo".

Sinal amarelo
O sinal amarelo na pré-campanha do senador acendeu quando a última pesquisa Datafolha, divulgada em outubro, apontou vitória da presidente Dilma Rousseff ainda no primeiro turno, com 42% das intenções de voto.

Aécio aparece em segundo lugar, com 21%, seguido de perto por Campos, com 15%.

Nesta semana, o tema escolhido para ser debatido --e ecoado-- pelos tucanos nos Estados é a saúde.

A orientação é seguir o discurso: "Mais Médicos e menos dinheiro para a saúde? Esse é o governo do PT".

Isso porque o governo derrubou ontem no Senado uma emenda do senador Cícero Lucena (PSDB-PB) que propunha elevar o percentual de aplicação na saúde em 18% da receita líquida da União nos próximos quatro anos.

Aécio tem dito que não irá criticar o programa Mais Médicos, uma das principais bandeiras do governo federal e com grande aceitação popular, segundo pesquisas do Planalto e do próprio PSDB.

A alternativa proposta pelo tucano é tentar tirar esse tema do debate eleitoral ou, pelo menos, mudar o foco da discussão, acusando o governo de não deixar passar no Congresso Nacional nenhuma medida que aumente os gastos públicos, mesmo que para a saúde.

Fonte: Folha de S. Paulo

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