sábado, 5 de outubro de 2013

PT comemora derrota da Rede, apesar de cautela do Planalto

Fm outra frente, Aécio ainda conta com candidatura de Marina

Fernanda Krakovics, Isabel Braga

BRASÍLIA- O PT comemorou a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de rejeitar o pedido de registro da Rede Sustentabilidade e torce para que a ex-senadora Marina Silva não seja candidata à Presidência, de olho na possibilidade de evitar um segundo turno na disputa em 2014. Dirigentes petistas afirmam que, para a reeleição da presidente Dilma Rousseff, quanto mais polarizada com o PSDB for a campanha, melhor.

Nesse sentido, a implosão da Rede foi um revés para o pré-candidato tucano, senador Aécio Neves (PSDB-MG). No cálculo de Aécio, o melhor cenário seria uma disputa com pelo menos cinco candidatos para forçar um segundo turno. Em conversas com aliados de Marina, tucanos têm estimulado, a ex-senadora a entrar no PPS ou no PEN e adaptar seu discurso.

Dilma minimiza decisão do TSE

Na nota que divulgou logo após a decisão do TSE, o pré-candidato do PSDB também fez um aceno para Marina: "De nossa parte, o PSDB continuará trabalhando para apresentar um projeto alternativo ao que está aí, com a permanente preocupação com algo extremamente caro a ex- senadora e a todos nós brasileiros, assegurar ao Brasil um desenvolvimento sustentável"

Já o pré-candidato do PSB, governador Eduardo Campos (PE), acredita que pode herdar os votos de Marina, caso a ex-senadora não entre na disputa. O socialista tenta construir a imagem de porta-voz da mudança e de terceira via, à margem da velha polarização entre PT e PSDB.

Além do cálculo eleitoral, a derrota da ex-petista Marina teve sabor de revanche para o PT, irritado com as críticas que a ex-senadora tem feito à política tradicional.

— Marina paga o preço por desprezar os partidos e fazer o jogo da mídia e se achar acima do bem e do mal. Marina paga outro preço: cuspir no prato que comeu, esquecer sua história, se aliar ao atraso, se perder na floresta política — escreveu no twitter Gleber Naime, integrante do Diretório Nacional do PT.

O Palácio do Planalto, no entanto, foi mais cauteloso. Apesar da torcida contra, integrantes da equipe de Dilma trabalham com o cenário de que Marina será candidata por outro partido. Na avaliação de assessores da presidente, o único desgaste real será se ela for para o PPS, já que o partido votou contra o Código Florestal, uma bandeira de Marina.

Assessores da presidente afirmam que seria momentâneo o desgaste de filiação de Marina a um outro partido, contrariando seu discurso crítico à política tradicional. Eles comparam a situação com o desgaste sofrido pelo ex-presidente Lula ao escolher o empresário José Alencar como vice, em 2002.

De acordo com petistas, Dilma minimizou ontem a decisão do TSE, durante viagem ao Paraná;

— Isso aí não interessa não, não muda nada. Temos que trabalhar, fazer nossa parte. Isso não tem nada a ver, tem assunto mais importante — disse Dilma, de acordo com um interlocutor.

Durante o dia de ontem, a expectativa no meio político era que Marina anunciaria que não seria candidata no ano que vem e já havia começado o esforço para herdar seus 20 milhões de votos, obtidos nas eleições de 2010.

O pré-candidato do PSB escalou o líder do partido no Senado, Rodrigo Rollemberg (DF), que estava em Brasília, para procurar Marina. Os dois, no entanto, só se falaram pelo telefone, na manhã de ontem. Rollemberg se solidarizou com a ex-senadora, que agradeceu o apoio.

Na avaliação dos aliados de Campos, o espólio de Marina Silva, se ela não vier a se candidatar, não deve migrar para a presidente Dilma Rousseff, porque tem o perfil do inconformismo com o que está sendo feito pelo governo e seria contra o continuísmo.

Fonte: O Globo

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