quarta-feira, 16 de outubro de 2013

PMDB do Rio prepara retaliação contra apoio do PT a Lindbergh

Partido ameaça não apoiar reeleição da presidente Dilma no estado

Cássio Bruno, Juliana Castro, Paulo Celso Pereira e Fernanda Krakovics

RIO e BRASÍLIA - O movimento da direção nacional do PT de tratar como prioridade absoluta a candidatura ao governo do senador Lindbergh Farias ampliou o clima de animosidade entre o partido e o PMDB, que prepara retaliação. Os peemedebistas decidiram tornar pública uma ameaça: caso o PT insista em lançar um adversário à candidatura do vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), o diretório fluminense não apoiará a aliança à reeleição da presidente Dilma Rousseff na convenção nacional do PMDB — na qual o Rio responde por 15% dos votos.

A gota d"água foi justamente a declaração do presidente do PT, Rui Falcão, na sexta-feira, no Rio, defendendo a candidatura de Lindbergh como prioritária. Especialmente porque, na véspera, Falcão se reunira com Dilma e o ex-presidente Lula, o que indicava que era uma decisão da cúpula do governo e do PT.

Na noite de domingo, os 12 principais caciques do partido no estado — entre eles o governador Sérgio Cabral, Pezão, o prefeito Eduardo Paes, o presidente estadual da legenda, Jorge Picciani, o presidente da Assembleia Legislativa, Paulo Melo, e o líder do partido na Câmara, Eduardo Cunha — reuniram-se na residência oficial da Gávea Pequena para debater o futuro da relação. Na avaliação do grupo, o apoio de Falcão a Lindbergh surpreendeu.

O presidente do PT, Rui Falcão, e o governador Sérgio Cabral marcaram para amanhã uma reunião no Rio, mas a situação é delicada.

— O PT tem que decidir se quer o Planalto ou o estado. Não existe aliança só de um lado. Não haverá palanque duplo no Rio — disse Eduardo Cunha.

O embate mostra também o desgaste de Cabral depois da força dos protestos no Rio e da repercussão do desaparecimento do pedreiro Amarildo. Cabral já não tem o potencial eleitoral que o reelegeu com 66% dos votos. Soma-se a isso o fato de partidos aliados, como o PSB e o PCdoB, estarem de saída da atual gestão. Da aliança que elegeu Cabral, sobraram apenas PP, PDT, PTB e partidos nanicos.

Para pressionar o PT e o ex-presidente Lula, Cabral foi duro ao descartar palanque duplo em favor de Dilma.

— Cabral ficou extremamente aborrecido com as declarações de Falcão e reafirmou que não aceita palanque duplo. Se o PT insistir, ele não descarta apoiar outro candidato à Presidência ou mesmo nenhum — afirmou um dos principais aliados de Cabral.

Em maio, em jantar com governadores do PMDB, Cabral citou sua íntima relação com o senador Aécio Neves, pré-candidato do PSDB contra Dilma, para tentar minar a pré-candidatura de Lindbergh. O governador lembrou que seu filho Marco Antônio é parente do tucano.

O secretário-geral do PMDB do Rio, Carlos Alberto Muniz, afirmou que o partido quer manter a aliança com o PT, mas não vai tolerar provocações dos petistas:

— O que está claro e é importante o PT saber é que temos a hegemonia política no estado, a esmagadora maioria das prefeituras, o governo do estado e nossa bancada federal. Não prevalecerá uma aventura (de : lançar Lindbergh) que destrua o que está dando certo.

Cabral decidiu na reunião que tentará retardar a saída do PT do seu governo, para que a candidatura do partido de Dilma, como oposição a seu governo, soe ; oportunista.

— O PT tem duas secretarias importantíssimas no governo. Não podemos admitir que o PT faça com a gente o que o governador Eduardo Campos fez com a Dilma: usufrua do governo e largue em cima da hora — afirmou Paulo Melo.

Lindbergh Farias aposta na data de 30 de novembro para o desembarque do governo fluminense. Mas, Rui Falcão diz que não há data acertada.

Para petistas, Cabral se esforça para adiar a saída do PT na expectativa de que a candidatura de Eduardo Campos cresça e o apoio do PMDB do Rio se,torne imprescindível para Dilma. Aí a direção nacional do PT rifaria a candidatura de Lindbergh. É para não correr riscos que o senador quer apressar a saída do governo Cabral. Em conversas ontem, ele minimizou a ameaça do PMDB do Rio de não apoiar Dilma Rousseff:

— E o Aécio vai querer?

Fonte: O Globo

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