segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Marina critica Dilma e defende volta do tripé

Durante encontro fechado, na sexta-feira, com cerca de cem empresários, investidores e profissionais do mercado financeiro, a ex-ministra Marina Silva (PSB) fez duras críticas à política econômica do governo Dilma Rousseff e defendeu o retorno do tripé - geração de superávits primários nas contas públicas, câmbio flutuante e metas para inflação - que vigorou nos governos Fernando Henrique Cardoso e Lula.

Segundo relatos do encontro ouvidos pelo Valor, Marina afirmou discordar do expansionismo fiscal adotado pelo atual governo e apoiou a geração de superávits primários "expressivos, sem manobras contábeis". Para a ex-ministra, o câmbio deve voltar a flutuar livremente sem tantas intervenções do Banco Central. Além disso, é preciso promover uma sinalização firme para que a inflação volte ao centro da meta (4,5%) - na gestão atual, a inflação média anual está girando em torno de 6%

Marina diz a investidores que é preciso restaurar o tripé econômico

Por Talita Moreira

SÃO PAULO - A ex-senadora Marina Silva (PSB) defendeu o retorno à austeridade fiscal, empenho no combate à inflação e a adoção de uma agenda para simplificar a economia em apresentação a clientes do banco Credit Suisse na sexta-feira.

Marina criticou a política econômica da presidente Dilma Rousseff e apontou como exemplos positivos algumas medidas adotadas nos governos Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, apurou o Valor.

A ex-senadora defendeu a volta do tripé macroeconômico baseado na adoção de metas de inflação, câmbio flutuante e política fiscal geradora de superávits primários. Conforme relato de investidores que estiveram no encontro, ela disse que o tripé "ficou comprometido e é preciso restaurá-lo".

Segundo uma dessas fontes, Marina afirmou discordar do expansionismo fiscal adotado pelo governo e defendeu que o país volte a gerar superávits primários "expressivos, sem manobras contábeis". Para a ex-senadora, o câmbio deve voltar a flutuar livremente, sem tantas intervenções do Banco Central (BC) e deve haver um combate mais firme à inflação.

Na avaliação dela, o combate à inflação foi relegado pelo governo. Para recuperar a credibilidade, afirmou, é preciso dar ao mercado sinais claros, "quase teatrais", de que a inflação será levada ao centro da meta. Marina disse também que o BC precisa ter autonomia para operar, mas considera arriscado institucionalizar essa autonomia.

A apresentação foi feita a cerca de cem empresários, investidores e profissionais do mercado financeiro na sede do Credit Suisse em São Paulo. O evento fez parte de um ciclo de palestras que o banco tem promovido para discutir soluções para o Brasil. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi o palestrante da semana anterior.

Marina estava acompanhada do economista Eduardo Giannetti, do vereador Ricardo Young (PPS) e de outros assessores. Foi ela quem fez a apresentação. Giannetti só interveio a pedido dela na sessão de perguntas e respostas. Com um discurso marcado por questões caras ao mercado financeiro, a ex-senadora foi descrita como "impressionante" e "cativante" por fontes que assistiram à palestra.

Procurado, o Credit Suisse não fez comentários sobre o evento.

Além da defesa do tripé, Marina destacou a necessidade de reformas microeconômicas para simplificar o ambiente de negócios. Sem apresentar propostas, apontou a Lei de Responsabilidade Fiscal e os empréstimos consignados como exemplos de medidas que foram adotadas por FHC e Lula e surtiram efeitos positivos.

Ao mesmo tempo, a ex-senadora criticou as desonerações pontuais feitas pelo governo em alguns setores, alegando que são "danosas" e não melhoram as condições para se fazer negócios no país. Para ela, a estratégia de criação de "campeões nacionais" com apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) é feita sem transparência e não deu os resultados esperados.

Marina adotou tom conciliador ao falar de meio ambiente, bandeira que a tornou conhecida. Segundo ela, a análise dos processos de licenciamento ambiental tem de ser ágil para dar aos empresários clareza para investir. Isso, afirmou, se faz com um governo bem equipado. "Mas não se pode confundir agilidade com flexibilidade na concessão de licenças", disse.

Fonte: Valor Econômico

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