sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Freire homenageia Hiram Pereira, um dos desaparecidos da direção do PCB

Por: Valéria de Oliveira

O presidente nacional do PPS, deputado federal Roberto Freire (SP), fez um discurso no plenário da Câmara em homenagem ao jornalista Hiram de Lima Pereira, um dos 11 membros do Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro desaparecidos durante a ditadura militar. Freire lembrou que, se estivesse vivo, o dirigente faria, nesta quinta-feira (3), 100 anos de idade.

O jornalista, nascido no Rio Grande do Norte, mudou-se para Recife em 1949 e foi um dos redatores da “Folha do Povo”, órgão oficial do Partidão em Pernambuco. O periódico era dirigido por Davi Capistrano, outro membro da direção assassinado pela repressão.

O jornalista foi ainda secretário municipal de administração de Recife quando Miguel Arraes era prefeito e também nas duas gestões de Pelópidas da Silveira.

Mais tarde, Hiram mudou-se para o Rio e, depois, para São Paulo, onde atuava na clandestinidade. Na capital paulista, era o responsável pelo jornal “Voz Operária”, também do PCB.

A prisão de Hiram ocorreu em 1975 e, segundo a Comissão dos Desaparecidos Políticos, ele foi torturado até a morte no DOI-Codi de São Paulo. Seu corpo nunca foi encontrado.

“Humanista, corajoso lutador por uma sociedade mais justa e igualitária, Hiram era um amante do cinema, do teatro, do jornalismo e da política”, afirmou Freire ao discursar. Segundo ele, o dirigente é um exemplo de militante pelas causas sociais e um apaixonado pela liberdade “que muito orgulha a história do Partido Comunista Brasileiro, do qual nosso Partido Popular Socialista é originário”.

Freire informou que o Memorial da Resistência de São Paulo presta uma homenagem a Hiram Pereira, exibindo, na tarde deste sábado, o documentário “Lua Nova do Penar”, de Leila Jinkings e Sidnei Pires.

Leia, abaixo, a íntegra do discurso de Roberto Freire.

Senhor presidente,
Senhoras e senhores deputados,

Gostaria, hoje, de prestar uma homenagem ao jornalista potiguar Hiram de Lima Pereira, um dos 11 membros do Comitê Central do Partido Comunista Brasileiro desaparecidos durante a ditadura que se instalou no país a partir de 1964. Se vivo fosse, Hiram faria, no dia de hoje, 100 anos de idade.

Nascido em Caicó, no sertão do Seridó, Hiram Pereira concorreu a uma vaga de deputado estadual em 1947. Apesar de ter sido o mais votado dentre os que compunham a lista do partido, o dirigente não conseguiu se eleger.

Dois anos depois, em 1949, Hiram Pereira mudou-se para o Recife e foi um dos redatores do jornal “Folha do Povo”, órgão informativo pernambucano do Partidão, dirigido pelo cearense Davi Capistrano, outro assassinado pelo regime militar-civil. Ao mesmo tempo, trabalhava nas juntas de Conciliação da Justiça do Trabalho da capital pernambucana.


Naquela época, Hiram participou ativamente das campanhas eleitorais da “Frente do Recife”, uma coligação que reuniu o PCB, o PSB, o PTB e outros partidos, e que elegeu, em 1955, Pelópidas da Silveira prefeito da cidade e, posteriormente, Miguel Arraes, prefeito do Recife e governador do Estado, em aliança com o PSD.

Hiram Pereira participou da gestão da capital no período em que Arraes comandou a prefeitura, como secretário de administração da cidade. Ocupou o cargo também nas duas administrações sucessivas do prefeito Pelópidas da Silveira.

Com o golpe Militar de 1964, o dirigente do PCB mudou-se para o Rio de Janeiro e depois para São Paulo, onde atuava na clandestinidade. Era o responsável pelo jornal “Voz Operária”, órgão oficial do partido, na capital paulista. Passou a ser perseguido pelas forças da repressão e foi preso em janeiro de 1975. Pelos relatos obtidos pela Comissão dos Desaparecidos Políticos, Hiram foi torturado até a morte nas dependências da seção paulista do DOI-Codi.

Hiram foi um dos grandes homens que se lançaram nas lutas sociais neste país. Além de jornalista, foi poeta e ator.

Nosso Hiram, com o destino que a ditadura lhe reservou, se tornou um dos “mortos sem sepultura”, segundo palavras do advogado e jornalista Paulo Cavalcanti, na dedicatória de um de seus livros.

Humanista, corajoso lutador por uma sociedade mais justa e igualitária, Hiram era um amante do cinema, do teatro, do jornalismo e da política. Muitos políticos pernambucanos eram presenças frequentes em sua casa, que era também local de reunião de intelectuais do campo da cultura.

Em agosto de 1961, o jornalista foi sequestrado por agentes do Exército e ficou desaparecido por 10 dias, inicialmente em local desconhecido e, depois, na ilha de Fernando de Noronha. Após ser solto, voltou a exercer sua função de secretário municipal de Administração.

Por despertar empatia e admiração naqueles com quem convivia, Hiram recebia ajuda até mesmo dos que não comungavam dos ideais comunistas. Dom Helder Câmara, um dos maiores defensores dos direitos humanos dos perseguidos políticos pela ditadura de 64, o abrigou numa das igrejas de Olinda, entre os componentes da juventude católica. Quando a repressão foi procurar pelo comunista, os jovens se entregaram para evitar que ele fosse preso.

Hiram é um exemplo de militante pelas causas sociais e um amante da liberdade que muito orgulha a história do Partido Comunista Brasileiro, do qual nosso Partido Popular Socialista é originário.

Para homenagear Hiram de Lima Pereira, o Memorial da Resistência de São Paulo exibe, na tarde deste sábado, o documentário “Lua Nova do Penar”, de Leila Jinkings e Sidnei Pires.

Hiram de Lima Pereira, presente!!!”

Fonte: Portal do PPS

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