sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Dilma faz discurso parecido ao de Marina

Ao lançar programa de agroecologia, presidente adapta slogan de governo e fala em "proteger" e "conservar"

Governo anunciou que irá desapropriar cem imóveis rurais para a reforma agrária até o final deste ano

Tai Nalon

BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff adaptou ontem um de seus slogans de governo à temática ambiental, se aproximando do discurso da ex-senadora Marina Silva.

Ao anunciar o Plano Nacional de Agroecologia e Agricultura Orgânica, a presidente prometeu "crescer, distribuir renda e incluir" --como costuma repetir ao falar de desenvolvimento--, e emendou falando em "proteger" e "conservar".

"Nosso país tem dado passos significativos na construção de um padrão de desenvolvimento sustentável. É possível que este país que cresce distribua renda e inclua, e seja um país que conserve e proteja o meio ambiente", disse.

A defesa do meio ambiente é a principal marca do discurso de Marina, que seria a adversária mais forte de Dilma em 2014, segundo pesquisas de intenção de voto.

A ex-senadora, porém, depende de um arranjo com o governador de Pernambuco e presidente do PSB, Eduardo Campos, para se lançar candidata. Ela não conseguiu viabilizar o seu partido, a Rede, e se abrigou na sigla do pernambucano, que também deseja concorrer ao Planalto.

Como a Folha mostrou na edição da última terça, o projeto lançado ontem por Dilma foi criado por meio de decreto em 2012 e já estava pronto desde junho passado.

Ao destinar R$ 8,8 bilhões para crédito agrícola, assistência técnica e compra de alimentos para programas federais, Dilma explicou a demora para o lançamento.

"É óbvio que leva o tempo necessário para que todos participem, para que esse plano não saia da cabeça de três ou quatro pessoas, que resolvem que é desse jeito e que ninguém dá palpite."

O plano quer estimular a conservação da natureza, com práticas que resultem na "soberania alimentar" e em ações "sustentáveis".

As diretrizes do programa também estão alinhadas com o que prega a Rede em um manifesto em seu site, no qual diz defender a "democratização do acesso à terra" a importância da "segurança alimentar" e a "preservação dos nossos biomas".

Desapropriações

O governo irá publicar até o fim deste ano cem decretos para desapropriação de terras destinadas à reforma agrária. O anúncio também foi feito ontem por Dilma.

Segundo o Incra, serão ao todo 200 mil hectares, que irão beneficiar mais de 5.000 famílias de 20 Estados e do Distrito Federal.

Trata-se do primeiro anúncio efetivo de ampliação da reforma agrária desde que o governo alterou o modelo, no início do ano.

Antes, para desapropriar uma fazenda, a Presidência precisava apenas de um laudo que provava que o local era improdutivo. Agora, é preciso também um estudo que mostre a capacidade de geração de renda do imóvel.

Fonte: Folha de S. Paulo

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